União Brasil aposta em Pacheco e espera Zema para plano em Minas

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Grande espaço para campanha em rádio e TV e maior fundo eleitoral são trunfos do partido. Sigla deve perder total expressivo de filiados próximos de Bolsonaro

Por MARCELO DA FONSECA

Foto Leo Fontes

Partido criado nesta semana com a união do DEM e do PSL, o União Brasil pode se tornar peça-chave na disputa pelo governo de Minas em 2022. A nova sigla contará com a maior bancada na Câmara dos Deputados (82 parlamentares), sendo 10% deles da bancada mineira. No Senado, o partido contará com oito nomes, entre eles o do presidente da Casa, Rodrigo Pacheco. 

Apesar do número expressivo de filiados, o partido deve perder um grupo de parlamentares que é mais próximo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Alguns deles já consideram certa a saída da sigla, aguardando o destino partidário do presidente. No entanto, a legenda espera poder contar com novos nomes no Estado, e um deles é o do governador Romeu Zema (Novo). O grande espaço que o União Brasil terá para campanha na rádio e na TV, além do maior Fundo Eleitoral, são trunfos para o partido no ano que vem.

“O senador Rodrigo Pacheco será o presidente do partido em Minas, pela posição de relevância que ocupa. Ele tem conversado com a direção nacional do partido. Então, a eleição para o governo de Minas passará pelo crivo do presidente estadual e pela nova executiva que será montada”, contou o deputado Bilac Pinto, eleito pelo DEM. O parlamentar já começou as conversas com os deputados mineiros do PSL sobre a chapa da nova sigla para 2022. 

Segundo Bilac, a intenção é conversar com todos os diferentes grupos que se uniram na nova legenda. Pelo menos quatro deputados do PSL já demonstraram intenção de seguir o alinhamento político que for escolhido por Bolsonaro. “Todas as avaliações e todos os parlamentares serão ouvidos, em um diálogo franco e aberto. Não há ainda uma conversa definitiva sobre o processo sucessório. Temos vários nomes do DEM e do PSL para disputar a presidência, como o Pacheco, Mandetta (ex-ministro da Saúde) e Datena (apresentador). As conversas serão feitas para entendermos cada posição”, diz o deputado. 

O deputado Cabo Júnio Amaral, eleito pelo PSL e próximo de Bolsonaro, é um dos que já consideram certa a mudança de legenda para o ano que vem. “Para a gente, é indiferente ser PSL ou DEM neste momento. Estamos na reta final para uma janela partidária em março. De qualquer maneira, nossa referência será a orientação que o presidente Bolsonaro vai nos passar”, diz. 

O deputado Charlles Evangelista, ex-presidente do PSL em Minas, aposta que a principal liderança do partido em Minas ficará com o senador Rodrigo Pacheco e considera que a “força eleitoral” da nova legenda será um grande trunfo para a eleição. “Não temos vaidade nenhuma. Pelo cargo que ocupa, entendemos que Pacheco poderá ser o presidente do partido em Minas. Estamos trabalhando agora por uma chapa forte, buscando fazer uma grande bancada federal e participar como protagonista na eleição estadual”, diz o parlamentar. 

Com a soma dos deputados eleitos em 2018 pelo DEM e PSL, o União Brasil terá a maior fatia do Fundo Eleitoral para o próximo ano: R$ 320 milhões. O PT vem em seguida, com direito a R$ 201 milhões; seguido pelo MDB, R$148 milhões; e pelo PP, R$ 141 milhões. O tempo reservado para a propaganda eleitoral da legenda também será o maior em 2022.

“Sem dúvida, o partido se tornou o maior do Brasil, com tempo de TV gigantesco. Então será um partido cobiçado. Mas tudo vai depender de alguns cenários, como o destino partidário do presidente Bolsonaro e também do senador Pacheco. Com essas definições, os contornos vão ficar mais claros”, ressalta Evangelista.

Procurado pela reportagem para comentar a criação do novo partido, Pacheco não tinha se manifestado até o fechamento da edição.

Convite e alianças para 2022 

O convite para que Zema deixe o Novo e ingresse no União Brasil foi feito em agosto pelo secretário geral da nova sigla, ACM Neto. Nas últimas semanas, o convite foi reforçado por deputados mineiros que apoiam a gestão de Zema. “Seria uma honra ter o governador nos quadros do partido, caso ele aceite o convite. Reforçamos o convite na semana passada junto ao secretário de Governo, Igor Eto. O governador está em seu prazo para pensar sobre como será o desenho político para 2022”, contou o deputado Charlles Evangelista, eleito pelo PSL. 

Lideranças do DEM também elogiam o governador e apostam que, em um contexto polarizado, em que Zema deve enfrentar o prefeito de BH, Alexandre Kalil (PSD), o maior espaço para campanha terá um peso significativo. “Acho que Zema faz um bom governo. A impressão é que ele tem se mostrado um bom gestor e pela sua transparência”, diz o ex-presidente do DEM em Minas Carlos Melles. 

Como um dos articuladores do novo partido em Minas, Melles avalia que o ambiente de incertezas para 2022 faz com que a nova legenda chegue com força para as definições das chapas. 

“Estamos em um cenário que aponta para o fortalecimento dos partidos, com o fim das coligações e com cláusulas de barreiras. Acredito que teremos mais uniões de siglas no futuro. O novo partido chega com um grande destaque por ter várias lideranças importantes no Congresso e nos Estados. Terá um peso grande nas disputas do ano que vem”, analisa Melles. 

O ex-deputado pode disputar uma vaga na Câmara, mas diz que a decisão será tomada em 2022. 

No Palácio Tiradentes, o convite do novo partido foi o que mais atraiu Romeu Zema até agora, mas o plano do governador é continuar no Novo.  “Assim como o DEM e o PSL foram partidos que nos ajudaram em Minas, tenho certeza de que o União será essa mesma força, ampliada. Não vejo motivos para uma saída do governador do Novo, mas creio que estaremos juntos nas eleições”, avalia Mateus Simões, secretário-geral do Estado. 

Nova sigla altera quadro na ALMG e na Câmara de BH

O novo partido vai se tornar um dos maiores na Assembleia Legislativa de Minas (ALMG), com sete deputados estaduais – atrás apenas do PT, que tem nove deputados, e com o mesmo número de PSD e MDB. Já na Câmara Municipal de BH, a sigla contará com dois vereadores: o líder de governo, Léo Burguês, eleito pelo PSL, e Álvaro Damião, eleito pelo DEM. 

Nas duas Casas, parlamentares de DEM e PSL afirmam que as conversas sobre como será a atuação do União Brasil ainda não começaram, mas os deputados e vereadores comemoram a perspectiva de uma legenda com grande espaço e recursos no próximo ano. 

“A fusão dos dois partidos cria o maior partido do Brasil. Em número de deputados, em fundo partidário e em capilaridade nos Estados. Acredito que essa nova força política, de centro-direita, será o fiel na balança. Pelo que defende e pelos princípios, não vejo esse partido se aliando a qualquer partido de esquerda. Ele terá condições de apresentar um candidato próprio à presidência, mas, pela situação atual de uma política polarizada, o partido terá muitas possibilidades de compor chapa, apresentando um nome para vice-presidente”, avalia o deputado Coronel Sandro, do PSL. 

Apesar de o União Brasil tentar atrair o governador Zema, o vereador Léo Burguês, líder do governo Kalil na Câmara e eleito pelo PSL, festeja a fusão das duas siglas. 

 “Vejo de maneira muito positiva. O partido terá a maior bancada federal, uma grande força nos estados, com muito tempo de TV. Ele terá uma missão importante, nesse momento de tanta crise política, de buscar soluções. Nossa ideia é discutir e ouvir o partido. Ainda não houve uma posição, acredito que isso se dará na convenção, onde serão discutidos os rumos e caminhos a seguir”, afirma Burguês. 

O vereador Álvaro Damião aguarda uma definição da executiva do partido sobre as diretrizes da nova legenda. Ele aponta que o União Brasil poderá trazer propostas novas, sem a rejeição que outros partidos enfrentam por parte do eleitorado. 

 “Para montar a chapa para 2022, sem dúvida temos agora um pouco mais de tranquilidade. Teremos o que mostrar. Às vezes você é convidado para um partido grande e fica com pé atrás, sem saber se o partido vai cumprir com o que prometeu. Agora, o partido não tem vícios e acredito que terá maior peso na eleição”, diz Damião. 

Extraído do Jornal O Tempo

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