Segundo o presidente da Câmara de Itirapuã, o vereador José Reis, a população não está satisfeita com a gestão da Prefeitura Municipal
Itirapuã:– Nesta edição, entrevistamos o Presidente da Câmara de Itirapuã, o vereador José Reis, para sabermos como foi o ano de 2017 e quais são as perspectivas para este ano de 2018.
José Reis – A Câmara tem um papel fundamental na administração pública, sobretudo na fiscalização. O trabalho da Câmara foi desempenhado, com certeza, dentro daquilo que tem que ser feito que é cobrar, requerer, indicar, sugerir. Mas, infelizmente, a gestão municipal de 2017 não foi uma das melhores. Foi um ano difícil, devido à crise financeira, e muito devagar na execução do serviço público. A cidade, por exemplo, está com muitos buracos nas ruas. Mas, os vereadores cobram muito, pode ser vereador da situação ou da oposição. O que está correto, pois este é o nosso papel. Aqui o prefeito é muito cobrado. Eu, da minha parte, principalmente como vereador, tenho cobrado muito a questão do contingenciamento de gastos, porque é muito fácil dizer que não tem dinheiro para fazer nada e tal. Mas, o que se está fazendo para economizar? Eu acho que o principal problema da gestão pública hoje, principalmente dentro de uma crise, é saber administrar os gastos, gastar o que de fato é prioritário, saber onde vai investir e, ás vezes, o gestor não observa isso. Acha que pode atender tudo, todas as demandas e falta para o que é essencial. Nós temos um orçamento para este ano de 2018, de quase 18 milhões de reais, que não é suficiente. Nós precisávamos de muito mais, principalmente para investimento em estrutura urbana, mas, daria para se fazer mais, se houvesse priorização daquilo que é necessário. A gestão pública tem que agir de forma mais responsável e mais organizada. Não digo que seria uma irresponsabilidade do Executivo porque todos querem realizar uma boa gestão, mas, deveria estar mais organizada, que para mim é o que falta nesta gestão, a organização. Na gestão pública, você tem sempre que pensar no bem geral, no todo. E, às vezes, por falta de preparo mesmo de quem está na gestão pública, não é feito assim. É até uma questão, que eu penso, sobre não precisar ter uma formação para quem quer ser prefeito ou vereador. Eu acho que teria que ter sim, para qualquer cargo. Mas aí não é democrático, tem que se dar oportunidade para todos. Não, tem que dar oportunidade para todos de estudar e se preparar para executar uma função. Não dá para alguém ser presidente de uma média ou grande empresa, como é a prefeitura, que tem uma série de questões do setor privado, que não tem um humilde preparo. Eu, por exemplo, faço pós-graduação em gestão pública. Porque sou funcionário público. Deveria se exigir um mínimo de formação, sei lá, gestor de cidades, acho que isso é uma anomalia da gestão pública. Mas, enfim, espera-se que este ano seja melhor que o ano passado, onde foi feito realmente o trivial.
JFP – Sendo assim, qual a sua avaliação da gestão do Executivo em 2017?
José Reis – A crise financeira foi um problema, sem dúvida, mas, faltou fazer o dever de casa sim. E aí, eu atribuo, não só ao prefeito, mas toda a sua equipe que deixou de atender uma demanda mesmo com o pouco recurso que tem. Então, tem que se priorizar, e nem sempre isso acontece. Por um descontrole, uma falta de organização. A prefeitura acabou de contratar um secretário administrativo, e estamos com esperança de que ele consiga organizar os gastos. O dinheiro está na organização em priorizar. Temos apontado detalhadamente, casos pontuais, como pagamento de horas extras com responsabilidade, quantidade de servidores de confiança em determinados setores sem necessidade, há uma sobreposição, questões de substituição na educação, enfim, uma série de coisas que se pode fazer para ter mais recursos, valorizar os funcionários, e de certa forma atender a demanda da população.
JFP – Como você vê a satisfação da população?
José Reis – O feedback que se tem são as redes sociais, e vemos um descontentamento. A população não está satisfeita. Na cidade, de certa forma, faltam várias coisas na questão da saúde, infraestrutura urbana, limpeza pública, dos terrenos, as ruas esburacadas. Porém, as pessoas precisam entender que quem executa tudo isto, é o Executivo (Prefeito). Temos a função fiscalizar, de cobrar, e cobramos muito. Por mais que os vereadores cobrem, se o Prefeito não quiser, não temos muito que fazer. Mas espero que melhore este ano.
JFP – Vocês já começaram as atividades?
José Reis – Sim. Teve sessão na terça-feira, dia 06/02 e vamos instalar 03 Comissões Especiais de Investigação, que já é previsto no regime interno. Comissão composta de 03 vereadores: 01 presidente, relator e um vogal que vão fazer um trabalho pontual. No caso a APRI (Associação dos pequenos agricultores de Itirapuã), pois lá tem um patrimônio do município, equipamentos em prol dos produtores rurais; outra é a do Distrito Industrial, que vai fazer um levantamento em loco, pois lá foram cedidos terrenos com o incentivo para gerar empregos e construir, e a terceira comissão é para avaliar o convênio que existiu entre a prefeitura e Lar Coat Creche, que é uma entidade particular, do terceiro setor, e passou a não ter sentido existir, porque a rede municipal disponibiliza vagas. Porém, os funcionários que trabalhavam na entidade não receberam os encargos trabalhistas. Esta dívida é da Entidade. A creche deixou de existir por conta da Legislação e porque o município não precisou mais comprar os serviços da Entidade. A prefeitura pode até ser responsabilizada, isso é mais uma questão jurídica, que não vou entrar. Acho salutar tudo ser investigado nesta força tarefa.
JFP – O que você espera para 2018?
José Reis – Espero que este ano seja melhor na gestão pública, que possa atender as demandas mínimas da população, porque é para isto que existe a administração pública.