Os desafios de preparar os herdeiros do agronegócio

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Permanência no campo pode ser oportunidade de ser protagonista em diferentes aspectos

Por Valéria Pimenta

Valéria Pimenta – Especialista em análise comportamental e desenvolvimento de liderança. Diretora de negócios da Thomas Intl. Brasil.

Responsável por cerca de 25% do Produto Interno Bruto (PIB), o agronegócio possui muitas nuances e desafios particulares. Isso porque parte considerável das companhias do segmento são familiares. E, de acordo com o estudo “Perfil e Hábitos dos Produtores Rurais em Mato Grosso”, realizado pelo Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (IMEA) sobre os produtores rurais do estado, 79% dos agricultores e 76% dos pecuaristas entrevistados estão preocupados com um único ponto: a sucessão familiar. Ou seja, há desafios para preparar os herdeiros do agronegócio.

A princípio, dados da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) corroboram essa constatação realizada no estado que lidera o ranking do agronegócio no Brasil. Até 2030, segundo a entidade, cerca de 40% dos produtores rurais não estarão mais na atividade. Essa dor, porém, não é exclusiva desse segmento.

Herdeiros do agronegócio

De antemão, a pesquisa da Talenses Executive, consultoria especializada em cargos de liderança e conselhos, revela que apenas um terço das empresas no Brasil possuem um programa formal de preparação de sucessores.

Assim, ao entrevistar 120 empresas – sendo 72% de capital fechado e 28% de administração familiar –, o estudo também mostrou que 40% das companhias que possuem programas do tipo estão preparando um candidato há três anos.

Protagonismo

Desde já, preparar e capacitar os herdeiros dessas empresas é um grande desafio. Muitos jovens, que anos atrás abandonavam esse tipo de negócio e tentavam oportunidades mais promissoras nas grandes cidades, visualizaram que permanecer no campo pode ser muito mais vantajoso profissionalmente. Não apenas por administrar empresas familiares, mas, principalmente, por ter a oportunidade de, com o avanço tecnológico, fazer o negócio ganhar ainda mais tração e mercado.

Portanto, ao utilizar cursos, apoio e orientação de especialistas e, por vezes, trocas construtivas entre empresas e famílias que enfrentam os mesmos desafios, os herdeiros do agronegócio potencializam as chances de sucesso profissional.

Inteligência emocional

Antes de mais nada, há uma questão muito sensível quando o assunto é sucessão familiar. Os sentimentos envolvidos, pois, podem dificultar os planos de algumas empresas.

Primeiramente, não existem regras que possam definir o momento mais assertivo para uma transição. E, por vezes, o apego e a admiração do próprio fundador podem extrapolar qualquer entendimento racional. Entretanto, é vital que os herdeiros sejam preparados com cautela para esse novo desafio.

Diferentes gerações

Amparado em ciência, nesse sentido, diagnósticos podem ajudar a identificar os talentos familiares. Dessa forma, em empresas com diferentes gerações da família empregadas, escolher a linha sucessória também é um desafio.

Eventualmente, há famílias empresárias com diferentes filhos à frente dos negócios. E saber utilizar diagnósticos, que são amparados em ciência, pode aumentar as chances de a sucessão ocorrer futuramente para outras gerações também.

É importante que, embora óbvio, sejam colocados de lado todos os tipos de sentimentos e questões pessoais. Em suma, para evitar desgastes e conflitos desnecessários, muitos líderes de empresas do tipo procuram suporte profissional, como consultores especializados, para auxiliar no entendimento de questões exclusivamente profissionais.

Em conclusão, por meio desses diagnósticos, aplicados por profissionais capacitados, é possível endossar ou questionar percepções. Além de amparar tomadas decisões importantes ou, por vezes, até postergar definições.

Extraído do hub do café

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