Linfoma não Hodgkin: novas drogas têm revolucionado o tratamento do câncer que afeta o sistema imunológico

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Avanços no uso da terapia celular trazem opções terapêuticas cada vez mais efetivas; Incidência da doença duplicou nos últimos 25 anos no Brasil, com estimativa de mais de 10 mil novos casos em 2019

Sarah Cristina Bassi, hematologista do InORP – unidade do Grupo Oncoclínicas em Ribeirão Preto. Divulgação

Linfoma não Hodgkin (LNH). O inusitado nome entrou no vocabulário dos brasileiros depois que personalidades famosas, como os atores Reynaldo Gianecchini, Edson Celulari e a ex-presidente Dilma Rousseff, foram diagnosticados com esse tipo de câncer. E não é à toa que ouvir essas palavras está mais comum: no Brasil, o Instituto Nacional de Câncer (INCA) estima que para cada ano sejam diagnosticados 10.180 novos casos de Linfoma não Hodgkin. E, segundo a entidade, por motivos ainda desconhecidos, o número duplicou nos últimos 25 anos, principalmente entre pessoas com mais de 60 anos.

Mas, do que se trata esse tipo de tumor? Os Linfomas não Hodgkin são um conjunto de tipos de tumores, que têm origem nas células do sistema linfático, essencial para a proteção de doenças. Existem mais de 60 tipos diferentes, que são tratados de maneiras diversas. O hematologista Evandro Fagundes, do Grupo Oncoclínicas em Minas Gerais, explica que, dependendo das condições dos pacientes, a taxa de cura pode chegar a 60% dos casos.

“Como nos referimos a um conjunto de doenças, cada um com a sua particularidade, não há como fechar um número exato para taxa de cura e isso dependerá das características da doença e também do estado de saúde de quem está passando pelo tratamento”, comenta.
Mas se o avanço da doença ainda é um mistério para a medicina, do outro lado, o acesso à informação pela população em geral se mostra ferramenta importante para a melhora no prognóstico dos pacientes.

“Nos últimos 25 anos, o número de novos casos duplicou, em especial em pessoas acima dos 60 anos de idade, mas ainda não se sabe os reais motivos para o surgimento deste tipo de câncer. O LNH pode atingir linfonodos e orgãos extranodais sendo os locais mais frequentes medula óssea, trato gastrointestinal, nasofaringe, pele, fígado, ossos, tireoide, SNC (relacionado ao HIV), pulmão e mama”, frisa Sarah Cristina Bassi, hematologista do InORP – unidade do Grupo Oncoclínicas em Ribeirão Preto.

Novas opções de tratamento

O crescimento no número de casos também tem estimulado o desenvolvimento de tratamentos, cada vez mais efetivos. Evandro conta que, inicialmente, as terapêuticas para combater os linfomas mais comuns, que são aqueles que atacam as células do tipo B, são quimioterapia e, ocasionalmente, radioterapia.

“Em geral, o que vemos é que esse tipo de tratamento tem uma efetividade em cerca de metade dos casos”, diz Evandro.

Mas as boas novas vem exatamente para os que não respondem a essas opções. “É onde a medicina tem mais avançado nos últimos anos nos tratamentos e remédios, principalmente através da terapia celular”, completa o médico.

O autotransplante, que substitui as células cancerígenas por saudáveis, tratadas em laboratório, é uma delas. “Nesse tipo de tratamento é utilizado as próprias células- tronco do paciente. Elas são coletadas por meio de uma veia ou por meio de coleta direta da medula óssea. Após a coleta e criopreservação, o paciente é submetido a um regime de quimioterapia em altas doses, chamado de condicionamento, que tem o intuito de eliminar todas as células. Esse regime quimioterápico leva, consequentemente, à destruição da medula óssea do paciente. Por isso, após a quimioterapia, as células-tronco previamente coletadas são descongeladas e infundidas no próprio paciente”, explica Sarah.

A terapia com células CAR T é outra das ferramentas para combate à doença, e a principal novidade da área. Altamente especializadas, foram desenvolvidas, a partir de uma modificação genética das células, para atacar especificamente o tipo do câncer do paciente e recentemente aprovadas pela FDA (Food and Drug Administration), órgão regularizador do setor nos Estados Unidos. As drogas Yescarta e Kymriah obtiveram sucesso em cerca de 80% e 50% dos casos, respectivamente.

E, ainda que seja prematuro julgar os resultados dessas novas alternativas como definitivos, como reforçam os especialistas, as pesquisas apontam para um futuro promissor no combate aos Linfomas não Hodgkin. “A ciência têm caminhado e investido na qualidade de vida e bem-estar dos pacientes. Principalmente nos linfomas, a opção de uso de células de defesa do próprio paciente reprogramadas em laboratório para combater a doença está trazendo resultados animadores para aqueles que não apresentaram resposta a outras alternativas de tratamento”, finaliza Evandro Fagundes.

Fonte: Phábrica de Ideias

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