Colunistas | Professor Adhemar | SUPLÍCIO da TIMIDEZ

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Para o tímido, tudo é um suplício. A ansiedade, com todas as suas desagradáveis consequências- coração disparado, pernas trêmulas, mãos frias, desconforto geral – vai a mil quando o tímido se sente observado ou tem de tomar uma iniciativa pública. É o medo do “palco”

A palavra timidez vem do latim TIMOR, que significa MEDO. É o medo do que os outros vão pensar de nós. É o medo de desagradar, de errar, de nos comprometer. É o medo dos outros. Pensava-se antigamente que a timidez era uma característica pessoal, imutável e, portanto, sem cura. Sabemos, hoje, que é um distúrbio emocional e que pode ser tratada. A timidez nos atrapalha em todos os níveis de nossa vida. No campo profissional, há uma exigência, cada vez maior, de pessoas desinibidas, capazes de “vender” algumas ideias, de falar em público, fazer conferências, etc. Na vida escolar há sempre apresentações de trabalho para os colegas. Na vida amorosa, a abordagem da outra pessoa é o começo de tudo.

Para evitar esse constrangimento, a pessoa se retrai do convívio social, das festas, do namoro, limitando extremamente a sua vida. A existência humana se define pela relação com o mundo. O sentimento de inclusão e de partilhamento nos faz sentir a plenitude da vida.

A timidez é exatamente o contrário disso e tem por objetivo nos excluir das coisas importantes: sexo, amor, alegria, brincadeiras. Mas qual a causa da timidez? A primeira delas e mais importante é a vaidade. Em nossa cultura competitiva, somos muito condescendentes para com os tímidos à medida que não nos importunam e não vemos, à primeira vista, o grau de orgulho e vaidade que compõe a timidez. A vaidade do tido consiste no seu perfeccionismo, na inaceitação da natureza humana, no medo de errar. É o medo ridículo, de dar um fora, de receber um não, de “não saber” e de ser malvisto que nos leva ao retraimento. Nossa sociedade é muito narcisista, por isso mesmo somos profundamente apegados às nossas imagens e temos muito medo das críticas. Crianças muito protegidas ou muito criticadas desenvolvem, desde cedo, o processo da timidez.

Outra causa da timidez é a autoestima baixa. Pessoas muito rígidas consigo mesmas, que exigem o máximo de perfeição, e ao esbarrarem com suas fragilidades e defeitos, acabam não gostando de si mesmas. A timidez neste caso aparece como uma proteção, para que os outros não percebam o “absurdo” de quem somos. O tímido projeta nos outros a própria inaceitação. Nós somos ridículos, damos fora, escorregamos todos de vez em quando, fazemos papel de bobos. A autoestima elevada vem da aceitação de nós mesmos como somos, e não da realização da imagem idealizada que fazemos de nós.

Mais uma causa da timidez é acreditar que devemos primeiramente vencê-la para depois agir. É exatamente o contrário. Temos de enfrentar as nossas ansiedades, forçando nossa participação social, indo ao encontro do “outro”, falando em público, apesar de tudo. Com o tempo, as situações que nos ameaçam e que são desconfortáveis vão-se tornando pouco a pouco mais agradáveis. Não é possível acabar com a timidez para depois enfrentarmos a vida. A zona de conforto na qual se instala o tido é uma grande proteção para seus medos, mas o impede de viver em plenitude seus desejos e sua liberdade. Todo esforço, nesse sentido, será recompensado por uma existência mais rica e mais satisfatória.

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