Campanha da Fraternidade convida a superar polarização política

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Em debate sobre a campanha com o tema “Fraternidade e amizade social”, deputados e convidados também falaram da necessidade de se promoverem políticas sociais.

Participantes de audiência ressaltaram a importância de reconhecer as diferenças em políticas voltadas para grupos vulneráveis Álbum de fotos Foto: Guilherme Bergamini

Em reflexões sobre o tema da Campanha da Fraternidade de 2024, “Fraternidade e Amizade Social”, deputados e convidados ressaltaram a necessidade de se superar a polarização política e de se investir em políticas sociais com vistas a se reduzirem as desigualdades no País. Os debates foram realizados em audiência pública da Comissão de Participação Social da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), nesta quinta-feira (7/3/24).

Organizada todos os anos pela Igreja Católica no Brasil, durante o período da quaresma, a Campanha da Fraternidade já é realizada há 60 anos. O lema de 2024 é “Vós sois todos irmãos e irmãs” (Mateus, 23:8) e tem como base a Encíclica Fratelli Tutti (Todos irmãos), escrita pelo papa Francisco e publicada em outubro de 2020. A encíclica é a base de toda a reflexão da Campanha da Fraternidade de 2024.

Como explicou o secretário-executivo de campanhas da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Padre Jean Poul Hansen, o tema é escolhido sempre com dois anos de antecedência. Dessa forma, foi em 2022 que os conselhos representativos do episcopado do Brasil definiram que era necessário falar de “fraternidade e amizade social”. O principal motivador, segundo ele, foi a grande polarização do país naquele momento, ano eleitoral.

“Ao escolherem esse tema, os bispos não queriam negar nossas diferenças nem sequer negar a possibilidade legítima de sermos oponentes. O que não podemos é ser inimigos.”, Padre Jean Poul Hansen, Secretário executivo de campanhas da CNBB.

Para ele, embora arrefecida, a polarização é ainda uma realidade no País e precisa ser superada. De acordo com o padre, a encíclica do papa que inspirou a campanha é o “remédio” para o problema.

Em coro com o representante da CNBB, o tesoureiro geral da Conferência Nacional do Laicato do Brasil (CNLB), Adriano Pacheco, disse que a mensagem seria pela superação do “hiperindividualismo”.

“É esse hiperindividualismo que dá permissão para se ‘eliminar’ o outro”, disse o convidado. Ele falou, ainda, da alterofobia, que é o medo e a aversão a tudo que é o outro. Segundo ele, essa alterofobia está no nosso cotidiano e é preciso superá-la, o que se dará quando todos conseguirem se olhar como irmãos. A deputada Macaé Evaristo (PT) concordou e salientou que “ter posições diferentes não significa propor o extermínio do outro”.

A coordenadora do Programa Estadual de Proteção a Defensores de Direitos Humanos, Maria Emília da Silva, lembrou que fraternidade só é possível como diálogo. Para ela, as pessoas têm se distanciado cada vez mais, e quanto mais a distância cresce, mais elas se aproximam do ódio. “É preciso construir um mundo em que pessoas que denunciam violações de direitos não sejam mortas e silenciadas por isso”, disse ela.

Convidados defendem políticas para vencer desigualdades

Ao falar da Campanha da Fraternidade, os presentes também trataram de como o Parlamento pode agir em consonância com a ideia de “Fraternidade e Amizade Social”. Para a representante da Cáritas Brasileira, Patrícia Loureiro, é preciso reconhecer as diferenças e agir para respeitá-las. Assim, ela ressaltou a importância de se construírem políticas voltadas para os públicos mais vulneráveis, como mulheres, pessoas em situação de rua, indígenas e atingidos por grandes empreendimentos.

Quem também falou sobre os atingidos por grandes empreendimentos foi Dom Geovane Luís da Silva, bispo da Diocese de Divinópolis. Ele destacou que a mineração precisa ser repensada e não pode continuar predatória como a que se observa atualmente. Para ele, se nada for feito, Minas Gerais vai se transformar apenas em uma cratera e muitas vidas serão perdidas.

A 1ª-vice-presidente da Assembleia, deputada Leninha (PT), uma das autoras do requerimento que deu origem à reunião, disse que é preciso sensibilizar o governo estadual para que seja construída uma política robusta de proteção social. Ela chamou atenção que Romeu Zema (Novo) tirou do orçamento o Fundo de Erradicação da Miséria e que tal fundo precisa ser recomposto para garantir o trabalho da assistência social.

O deputado Professor Cleiton (PV), por sua vez, tratou de reformas urgentes na educação, que, para ele, deve ser voltada para a dignidade humana, para o desenvolvimento de pensamento crítico e não apenas para a inserção no mercado de trabalho. Para o parlamentar, que também assinou o requerimento para a realização da audiência, é pela educação que outras propostas vão avançar.

A deputada Ana Paula Siqueira (Rede) e o deputado Professor Cleiton (PV) lembraram que o tema da Campanha da Fraternidade de 2024 não foi bem recebido em alguns setores da Igreja, porque convites para a mudança tendem a incomodar. Para eles, o tema incita todos a construir uma sociedade mais igualitária. O papel dos parlamentares seria fazer isso a partir do Poder Legislativo, desafio que tem sido cotidianamente enfrentado, segundo eles.

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