Buscando melhor qualidade de vida
Nesta Edição entrevistamos a Izabel da APADA, como é carinhosamente conhecida por todos que conhecem a sua luta e o seu trabalho. Vamos conhecer a história desta instituição que faz um trabalho muito importante para a sociedade.
Terceiro Setor – Izabel, como tudo começou?
Izabel: – A história é longa. Para lembrar-se dela temos que voltar uns aninhos… Começou quando eu tive um filho que, com 01 ano de vida, o médico pediatra detectou que ele estava com problemas de audição. Daí em diante foi mais de 03 anos fazendo diagnósticos. Além disso, vieram as dificuldades, como a escolinha, pois na época não existiam profissionais capacitados. Encontrei 06 pais que se achavam na mesma situação e com a sugestão dos próprios médicos, que também tinham dificuldades em nos atender, criamos uma associação para surdos, que nos daria condições para angariar recursos, dar mais força. E assim foi feito. Isto aconteceu em 1982. Desta data até 1985, ficamos buscando orientações, conhecimentos para poder ajudar nossos filhos. As escolas não recebiam as crianças porque não sabiam como lidar. O EETC tinha uma salinha separada, onde nossos filhos ficaram 09 anos nesta sala especial, e onde não tinha uma série definida, pois as idades eram variadas, com uma única professora, aprendendo a mesma coisa por estes anos. Então, nos unimos e abrimos a Instituição, em principio, com o nome de ADAF – Associação do Deficiente Auditivo. Então um grupo de jovens líderes surdos nos disse que não queriam ser chamados de deficientes, que eram saudáveis, apenas não ouviam. Então trocamos o nome para Associação dos Surdos de Franca, em 1996. Em 1997, recebemos o primeiro Título de Utilidade Pública como Associação dos Surdos.
Terceiro setor – Como era realizado o trabalho na Associação?
Izabel: Foi uma grande luta. Não sabíamos, também, como funcionava. A associação era mais um campo de observação. Você assistia uma média de 40 pessoas entre jovens, crianças, adultos, famílias e ia fazendo os relatórios e atas. Com base nisto, fazia os estudos, um levantamento de qualificação, avaliação de como tinha sido até para sermos diretores preparados desta Instituição. Criamos grupos de esporte e educação. Em 2000, tivemos uma sala do município que foi remanejada para dentro da instituição, uma escola com uma professora e todo o equipamento para o espaço de estudos.
Terceiro Setor – Quais os serviços que a APADA disponibiliza?
Izabel – Somos uma entidade civil assistencial e educativa, sem fins lucrativos. A Assistência se resume no cadastro e acolhimento, onde você ouve a família e o próprio usuário que se estende a várias cidades e estados. São 3.000 pessoas cadastradas. Neste período, inserimos uma média de 900 pessoas surdas no mercado de trabalho, comércio e indústrias. Na área da Educação, trabalhamos na capacitação do profissional, do assistente social, do professor, do interlocutor. Franca, hoje, tem 13.000 pessoas com deficiência auditiva, segundo a Secretaria da Saúde. Deste cunho, não tem 01 psicóloga que está habilitada para trabalhar com as crianças, só tem 01 Assistente Social preparada que fez o curso aqui na APADA; na rede Municipal não tem 01 professor com a formação adequada. Também trabalhamos na área da saúde, mas se encaminhamos para uma UBS, lá também não tem enfermeiros ou médicos preparados ou habilitados para atender esses pacientes. Aqui realizamos reuniões de pais e de jovens. Temos a pastoral dos surdos que foi fundada em 2006, funciona na Paróquia do Sagrado Coração de Jesus, com uma comunidade que participa todos os domingos, com intérpretes, realizam casamentos, batizados, Hallel, catecismo e o 1º encontro de casais de surdos do Brasil foi lá.
Terceiro Setor – O que é necessário para ser um intérprete de Libras aqui?
Izabel – Aqui em nosso curso, o professor ouvinte é para orientar o aluno e o professor surdo é o que ensina. Qualquer pessoa pode vir aqui e aprender Libras.
Deixe-nos uma mensagem.
Izabel – Eu gostaria de pedir que as pessoas nos conheçam, vejam o nosso trabalho que está exposto em nosso site e na página do Facebook. Que venham nos visitar e conhecer a instituição. Pedir que, se puder doar que sejam R$ 5,00 por mês, nos faz toda a diferença. Precisamos muito de voluntários, pois as pessoas vêm aqui e querem ser ouvidas, pois os problemas elas já têm, e se tem alguém que pode ouvi-las, ajuda muito. Eu como mãe não vi outra opção senão ficar aqui e abrir as portas para as outras famílias. Quero agradecer a você e a Audibel que vai proporcionar este acesso, para que as pessoas nos vejam. O nosso coração, às vezes se engana, mas os olhos não se enganam jamais.