Transformando os sentimentos

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A revista Terceiro Setor entrevistou a fundadora do Grupo Mães de Amor”, Zelma Vietro. Uma vivência de lutas e transformação, mas acima de tudo Amor. Vamos conhecer um pouco desta história.

“Infelizmente é um grupo que começou através da dor. Eu perdi um filho, o Eduardo, há 09 anos, em um acidente de trânsito brusco, repentino. Uma coisa muito brusca traz muitos traumas. E eu me vi naquela situação e não sabia direcionar a vida. Porque é uma coisa muito chocante, desesperadora. Costumo dizer, Denise, que é algo tão forte que você foge um pouco da realidade da vida. A dor é tão grande que ela te suga um pouco. Nos primeiros meses você fica meio anestesiada: Como vou continuar? Como vai ser? E agora? Após uns meses da morte do meu filho, eu comecei a observar nossa cidade e quantas mães estavam passando por este sentimento que eu estava. Eu via nos noticiários quantas perdas repentinas, crianças, adolescentes. E aquilo me tocou. Eu pensei: quanta gente esta passando pelo que eu estou passando e juntas pode ser mais fácil. E eu comecei buscar por estas mães, procurá-las, visitá-las em suas casas. Foi algo tão espontâneo, que em pouco tempo, estas mães que eu estava visitando, já estavam comigo visitando outras. E a gente percebeu o quanto fazia a diferença, você estar com pessoas que entendiam a sua dor, que não te julgam”, conta Zelma.

Avaliando o comportamento das pessoas, ela fala sobre o luto: “O luto á algo assim, inexplicável, é único. A única certeza que temos é que vamos morrer. Mas, ninguém nunca vai estar preparado. Principalmente perdas de filho. Foge do contexto natural da vida. E com isso surgiu o Mães de Amor, desta união de mães para trocar experiências, conhecimentos, traumas, dores, um apoio. Isto aprendemos muito, que juntos não fica tão pesado, o que você pode compartilhar, fica mais leve”, completa assim o pensamento.

Zelma comenta esta vivência com as mães dizendo que o propósito é de mostrar para cada uma que há possibilidades. Que tem maneiras mais fáceis de lidar com o luto materno, para não ficar tão difícil, pois já é o ápice do difícil, mas tem maneiras juntas que podem ser menos traumáticas.

Pergunto se alguma mãe já recusou a ajuda do grupo: “Este grupo existe há 08 anos e não, nenhuma mãe recusou. É algo tão espontâneo e é tanta dor, que a pessoa quer um apoio. Ela não sabe a maneira de conseguir, mas ela quer. Eu falo porque vivenciei isso e você fica muito sensível a tudo. Quando você consegue alguém que pode segurar na sua mão, e diz: conte comigo, te dou meu ouvido e você pode apoiar no meu ombro. É um momento que você está vulnerável, você tem que lutar para conseguir o equilíbrio de novo. É isso que o grupo faz neste momento tão difícil”.

O grupo se reúne no Centro Comunitário do Jardim Guanabara, um espaço cedido pela prefeitura. Lá realiza ações para motivar as mães do grupo a continuar sonhando, pois se recolhem e é preciso despertar isto novamente. “Procuramos atividades para elevar a autoestima destas mães, por isso, temos o nosso momento beleza, temos psicólogas, terapeutas, e tudo gratuito. Também abraçamos uma causa social, porque percebemos que quando ajudamos alguém, você é o primeiro a se beneficiar. Além de ser uma forma da mãe voltar para vida, para a sociedade. Porque ela fica achando que não tem mais jeito. Porém, pode ver outras realidades, outras situações. Nós fazemos um apoio à crianças carentes que ajudamos durante todo o ano. Na medida do possível, fazemos a festa da criança para mais de cem, com suas famílias. Isto é muito gostoso porque a mãe vivência outros momentos. A gente faz o Natal Feliz também para estas crianças e suas famílias. Tudo com este intuito, de mostrar para a mãe que têm outras realidades e que a gente vai se transformando. Falo muito em transformação porque a família só vai conseguir continuar se houver a transformação, o equilíbrio para seguir firme a nossa caminhada. Que não é fácil, mas que é possível. Com muita fé, pois Deus é o centro de Tudo”, fecha Zelma.

Lembrando que todos podem doar alimentos, brinquedos, roupas tudo em bom estado, pois é realizado um bazar para a compra das cestas básicas para estas famílias carentes.

“Por este grupo já se passaram muitas e muitas mães e famílias. Cada uma fica o tempo que acha necessário para poder seguir a sua vida. Sempre estamos juntas. É um grupo que começou de um momento triste, mas que hoje, posso dizer,que este momento triste foi transformado por muitas situações de superação. Eu falo que na vida temos escolhas para tudo, então vamos fazer a escolha certa. Escolher, por mais difícil que seja, continuar. E continuar bem, fazer a escolha certa e seguir”

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