Seca pesará mais do que efeitos da geada na produção de café em 2022

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Conclusão foi de especialistas que participaram da 3ª edição do Fórum Café e Clima Cooxupé, em setembro

As condições climáticas que ocorreram durante o ano agrícola de 2021 e os impactos para a safa de café em 2022 foram os temas centrais da 3ª edição do Fórum Café e Clima da Cooxupé, realizado 100% online, no dia 21 de setembro. Entre os cenários traçados pelos especialistas convidados, está o impacto da crise hídrica. A seca deve pesar mais na produção de café para o próximo ano do que as geadas.

“O café e a seca convivem harmonicamente há anos, por conta da resiliência dos cafeeiros. Mas, a planta não tolera tantos períodos de seca severa, como o que vivemos. Portanto, haverá perdas”, afirmou o professor José Donizeti Alves, da Universidade Federal de Lavras (UFLA), um dos palestrantes do evento.

Ainda segundo Donizeti, são dois momentos que impactam na produção, o do crescimento do ramo e a florada. A seca vai encurtar a janela de crescimento do ramo neste ano, assim, faltarão “nós” para produzir café em 2022.

O especialista explicou que esse impacto é maior do que o produzido pela geada, que também prejudicou cerca de 170 mil hectares de café.

Nesse contexto, o Coordenador de Geoprocessamento da Cooxupé, Éder Ribeiro dos Santos, explicou, durante sua palestra no Fórum, que os fatores relacionados ao clima, principalmente déficit hídrico e temperatura, são os responsáveis 60% a 70% das vezes em que ocorre variabilidade na produção. Entre esses fatores, é a deficiência hídrica a principal responsável pela queda de produtividade do café.

“Esses fatores, quando fogem da faixa ideal, criam uma condição de estresse para as plantas. E a resposta da planta a estas condições desfavoráveis ocorre na redução da produção. Com intenso déficit hídrico e temperaturas máximas muito elevadas na pré-florada, as condições para o início da safra de 2022 não estão nada favoráveis, semelhante ao que ocorreu no início da safra de 2021. Se esta situação persistir, a produção que já está comprometida pela geada, pelo menor crescimento dos ramos, poderá ser ainda mais prejudicada pelas condições meteorológicas adversas a partir de setembro”, explicou.

Cenário e perspectivas

O cenário para o próximo ano não é animador, segundo explicou o professor da Universidade Federal de Alagoas, Luiz Carlos Baldicero Molion.

“No trimestre de janeiro a março, teremos chuvas abaixo da média. Principalmente em fevereiro e março, haverá redução de 40% a 60% da média de chuvas”, disse.

Ainda sobre as perspectivas, o meteorologista também destacou o cenário dentro dos próximos 15 anos. “Teremos um clima diferente, em média mais seco e mais frio, semelhante ao do período dos anos 1960 até a metade da década dos anos 1970”, pontuou durante sua apresentação.

O vice-presidente da Cooxupé, Osvaldo Bachião Filho, disse que os produtores precisam ficar atentos às perspectivas futuras para repensar as tomadas de decisões.

No encerramento do Fórum Café e Clima, o presidente da Cooxupé, Carlos Augusto Rodrigues de Melo, também destacou a importância dos produtores terem acesso a essas informações e alternativas. “Principalmente com a seca influenciando tão ou mais do que as geadas. É preciso buscar ações e refletir sobre os momentos atuais”, concluiu.

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