Modelo econômico e social vigente deve ser superado

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Participantes de reunião desta terça (30) defenderam implementação de uma economia diversa, justa e sustentável.

Na reunião, foi discutida a cartilha Economia de Francisco e Clara, uma resposta brasileira ao desafio lançado pelo Papa Francisco – Foto: Ricardo Barbosa

É preciso superar o modelo econômico social vigente. A afirmação é de participantes de audiência pública, realizada nesta terça-feira (30/8/22), pela Comissão de Educação, Ciência e Tecnologia da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG).

A reunião debateu a cartilha Economia de Francisco e Clara, resposta brasileira a um desafio lançado pelo Papa Francisco a líderes mundiais. O documento traz dez princípios para uma economia que gere o bem comum, entre os quais a educação integral e a solidariedade.

O agente extencionista do Centro Colaborador em Alimentação e Nutrição Escolar (Cecane) e integrante da Articulação Brasileira pela Economia de Francisco e Clara, Philippe Diogo Alves da Silva, destacou números que mostram a decadência do modo de vida adotado pela sociedade atualmente.

“São 33 milhões de pessoas passando fome no Brasil. Seis em cada dez famílias passam necessidade alimentar. São 2,7 milhões de jovens fora das escolas no País e, para quem tem acesso, muitas vezes, a estrutura é precária”, disse. Em sua opinião, é necessário implementar uma economia diversa, justa e sustentável. “É preciso para isso investir na educação do povo, porque todas as mudanças devem passar pela educação”, defendeu.

Para Bruna Matos, a fome e o sucateamento da educação pública são projetos políticos – Foto: Ricardo Barbosa

Alternativas à economia vigente

Bruna Matos de Carvalho e Emmanuele Araújo da Silveira, economistas da Articulação Brasileira e Mineira pela Economia de Francisco e Clara, respectivamente, defenderam alternativas ao modelo atual.

Para Bruna Matos, a fome e o sucateamento da educação pública são projetos políticos. “Precisamos apontar as mazelas que vivemos enquanto povo”, disse.

Ela também criticou o teto de gastos em vigor nos últimos anos que congelou investimentos em saúde e educação, bem como o regime de recuperação fiscal.

“É possível que não haja mais insegurança alimentar, é possível que filhos da classe trabalhadora estudem e é possível uma economia que não seja tão predatória como tem ocorrido com a mineração no Estado. Propomos um modelo com vida plena e em abundância”, afirmou.

Corroborou a fala de Bruna Matos o sociólogo Eduardo Brasileiro de Carvalho, da Articulação Brasileira. Ele defendeu a transição do modelo capitalista, que em sua opinião traz uma economia desumana e ecocida.

“Sempre houve alternativa na nossa sociedade. A ciência econômica não existe para o mercado e sim para gestão dos processos da nossa casa comum. Propomos economia humana e sustentável”, falou.

Emmanuele Araújo fez uma defesa da economia solidária como uma alternativa ao modelo atual. “Na economia solidária, não há relação vertical de hierarquia como há com patrão e empregado. Todos dividem as formas de produção e os resultados. Não falamos em lucro”, explicou.

Silvia Andrade explicou que o modelo da Cozinha Solidária é simples e transformador – Foto: Ricardo Barbosa

Cozinha Solidária é exemplo de solidariedade

A engenheira Civil e integrante da Cozinha Solidária do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST), Silvia Maria Andrade de Brito Guimarães, explicou que a proposta é simples e transformadora, sendo executada por voluntários a partir da doação de pessoas.

Ela contou que a iniciativa foi criada no auge da pandemia para minimizar a fome das pessoas empobrecidas. Assim como a Economia de Francisco e Clara, ela avalia que a proposta trata de solidariedade e inclusão.

A engenheira relatou que é voluntária na Cozinha Solidária no bairro Floresta na Capital. “Lá higienizamos os alimentos, preparamos as refeições e, depois, montamos as marmitas que são distribuídas a pessoas em situação de rua”, explicou.

Deputados reforçam importância da discussão

A deputada Beatriz Cerqueira (PT), que preside a comissão e solicitou a audiência, salientou a importância de refletir sobre uma nova forma de viver em sociedade, tendo como um dos pilares a educação.

“Segundo a Economia de Francisco e Clara, essa educação deve ser pública, gratuita, inclusiva e libertadora. Deve possibilitar de fato aprendizagem e formação de pessoas reflexivas e críticas”, disse.

O deputado Professor Cleiton (PV) enfatizou que a desigualdade se transformou em uma opção política no mundo e no Brasil. “Vivemos uma tragédia humana. Esse modelo econômico está fadado ao fracasso e à execução em massa da humanidade”, disse.

Histórico 

Desde 2019, a partir do chamado do Papa Francisco, economistas, ativistas, organizações, movimentos populares e outros setores da sociedade têm se mobilizado para refletir sobre a economia para que esteja mais alinhada às exigências do bem comum.

Como desdobramento de todos esses debates, a Articulação Brasileira da Economia de Francisco e Clara lançou a cartilha com os dez princípios do modelo econômico proposto.

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