Entidades e Poder Público

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Clóves Plácido – Presidente do IJEPAM e da Fundação Espírita Judas Iscariotes.

Entrevistamos o Sr. Clóves Plácido, que é presidente do IJEPAM e da Fundação Espírita Judas Iscariotes, na cidade Franca, para falarmos sobre a situação em que se encontra a administração pública com relação às entidades. “Na Assistência Social em Franca, precisamos melhorar o aspecto de novos serviços ou ampliar os já existentes. Por exemplo, o Centro Dia. A Fundação Espírita Judas Iscariotes passou por um processo de chamamento e fomos classificados para desenvolver o Centro Dia do Idoso. Este é um serviço para 30 pessoas, nós já temos 20, mas há vagas para 50. É um serviço muito necessário. Eu vejo o Centro dia como um substituto das ILPI’s. Substituição em termos, a ILPI é um vinculo do familiar com o residente, querendo ou não, ele fica 24h aqui. No Centro Dia, trabalha-se durante o dia com o idoso e aos finais de semana ele volta para a família.

Então é um serviço, creio eu, que é o ideal para o idoso. São pessoas com grau de dependência menores”, relata o Sr. Clóves, que na sequência faz uma declaração muito preocupante. “No âmbito dos idosos, em diversos serviços da cidade, está faltando vaga. Precisamos atender mais gente. Tem pessoas morrendo, morrendo mesmo, por falta de atendimento, pessoas com alto grau dependência. As instituições existem, mas não têm onde colocar, porque não tem vagas. É um serviço caro, necessário e a cada dia aumenta mais. A prefeitura precisa abrir novos serviços no que diz respeito ao idoso. Temos as Residências Inclusivas, que abriga pessoas com as idades de 18 anos até quase 60 anos. Em Franca precisa no mínimo mais 03 residências, temos apenas 02. Só aqui no Lar de Ofélia temos 16 pessoas que, por medidas judiciais de lares que fecharam, vieram para cá. No entanto, temos uma fila de espera de 120 pessoas das ILPI’s, e parte deles não podem ser acolhidos porque estas 16 pessoas que são público de residência inclusiva, estão ocupando as vagas das 120 que estão esperando”, comenta. Porém, o Sr. Clóves nos disse que há uma expectativa de se abrir mais 05 residências Terapêuticas, aonde, provavelmente a Fundação vai se habilitar para fazer este serviço, para mais ou menos 50 pessoas, com público na saúde regresso da Fundação Allan Kardec. “É um público que está internado do Hospital porque não têm família. A família abandonou e não tem mesmo nenhuma pessoa por ele. Mas, ninguém nasceu para viver dentro de um hospital, é para viver em comunidade.

Franca está colocando 05 casas, a proposta são 11 casas, mas por enquanto serão estas 05. Está faltando serviço de convivência, fortalecimento de vínculo e precisa melhorar a condição financeira das instituições. Alguns já estão com piso justo, como os casos de crianças e adolescentes, que é suficiente para realizar os trabalhos sem a necessidade de contrapartida da entidade. Para os lares de idosos é uma vergonha. Hoje recebemos o valor de R$ 1.511,00 por idoso, sendo que o custo dele fica em R$ 4.000,00. Como fazer? Como se diz, tem que se virar nos 30. Isto precisa ser revisto. A Assistência Social é para quem realmente necessita, as pessoas carentes que não têm condições de pagar uma clínica particular. Franca não está entre as piores não, só que falta muito para melhorar”, completou. No aspecto de crianças e adolescentes, em relação ao serviço que prestamos no IJEPAM.

Nós temos 09 Casas Lares em Franca, contrato de 72 pessoas abrigadas por determinação judicial. Esta determinação judicial foi criada em Franca para auxiliar a família de origem cuidar. Para o município é um ganho. Mas, é utopia falar que vai resolver o problema das instituições de abrigo para crianças e adolescentes. O problema é que, às vezes, a família toda não tem estrutura. O juizado não manda internar uma pessoa sem estudo. Na realidade existe o Poder Judiciário, as Assistentes sociais, os Conselhos Tutelares que fazem um trabalho antes de internar. Efetivamente são internadas as pessoas que realmente não têm condições da família cuidar. Então, é um serviço realizado no IJEPAM e na Instituição Legionárias do Bem, que trabalham com a família também. O propósito é ficar com as crianças e adolescentes por um período de 06 meses e depois retornem para suas famílias. Neste período é trabalhado tanto a criança como a família. É um serviço muito gratificante. A criança tem todo um respaldo das cuidadoras, vai para escola, tem as equipes técnicas que atuam, as psicólogas, terapeuta ocupacional, tudo isso, dá garantias para as crianças e adolescentes enquanto estão nas instituições. Mas, é como eu disse, é utopia pensar que em 06 meses ele vai voltar. Tem crianças que começam novos e vai até os 18 anos dentro do serviço. Chegando a esta idade, ele tem que sair. Alguns que têm doenças especiais vão às residências inclusivas, ou seja, IJEPAM e a Fundação Judas Iscariotes, os outros têm que sair e se virar.

Existe um projeto de montar república, uma sequência da casa de apoio. Era para ter sido implantado no ano passado. Isto era serviço da Prefeitura, mas, pasmem. Não conseguiram fazer porque a Prefeitura não tinha um avaliador para saber se o aluguel era baixo ou alto. Uma vergonha! Uma falta de gerenciamento. Então, das pessoas que tiveram que sair, muitos se transformaram em moradores de rua. Hoje, temos bons profissionais na Assistência Social e na rede pública, mas está faltando gestão. Assistência Social precisa se desenvolver por técnicos. Mas, muitas vezes, estão sendo colocadas pessoas políticas, que não são más pessoas, mas não são técnicos.

A morosidade em Franca está demais, não só no âmbito da assistência social, mas na saúde, na educação. As vagas poderiam ser supridas e com um custo menor. Vejo Franca assim, tem tudo para dar certo, vem dando certo, só que a morosidade está demais. Eu gostaria que a Gestão Municipal visse com mais carinho, mais atenção, a área social. Existem dentro da politica 25% do orçamento destinada à Educação, 15% no mínimo na área da saúde básica. Franca aplica 30%. Na Assistência Social não existe percentual em nível de orçamento. Isto depende da gestão, da boa vontade.

E isto está faltando. Estamos na Assistência Social sem diretores e médicos de alta complexidade que há muito tempo saíram e não foram colocados outros no lugar, sem Secretário Municipal da Assistência da Ação Social. Como é que se gerencia estas necessidades se não tem o responsável para fazer isto? A população precisa entender que muitas vezes, as Entidades não atendem porque não têm condições financeiras, são custos altos, e não estão sendo revistos pela Prefeitura, estes tetos de piso por usuários. Precisa aumentar em pelo menos 50% as verbas destinadas para Assistência Social.

Vemos pessoas nas mídias que na verdade não entendem nada e estão só jogando palavras, dizendo que Franca aplicou muito na Assistência Social. O que não é real. É só entrar no site da Prefeitura e ver que não condiz com a fala. Franca precisa de investimento e gestão. Eu tenho certeza que o prefeito tem conhecimento disto, porque ele é de família humilde. Ele conhece isto aqui. Se servisse como sugestão, eu gostaria que olhasse mais para a Ação Social.

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