Em MG, 10,8% dos eleitores não escolheram o candidato a governador

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No levantamento sobre o voto dos mineiros para presidente, o número de indecisos é de 6%

Atualmente, Minas Gerais tem 16.290.870 pessoas aptas a votar nas eleições gerais marcadas para o dia 2 de outubro — Foto: Agência Brasil / Arquivo

A poucos dias das eleições, Minas Gerais tem 10,8% de eleitores que não decidiram em quem vão votar para governador, o que equivale a 1.759.414 de indecisos. Atualmente, o Estado tem 16.290.870 pessoas aptas a votar. Esse percentual é resultado da última pesquisa estimulada realizada pelo instituto DATATEMPO, situação em que os nomes dos candidatos são apresentados aos entrevistados.

Já na pesquisa espontânea, quando os nomes dos candidatos não são apresentados aos entrevistados, o percentual de indecisos é ainda maior: 45,6% responderam que não sabem em quem vão votar para governador de Minas Gerais, o equivalente a 7.428.636 de eleitores.

O perfil dos mineiros indecisos que está em disputa pelos candidatos a governador é composto por 75,3% de mulheres e 64,2% de católicos. 

Do total de indecisos, 51,9% possuem 45 anos ou mais, e 86,4% têm renda de até cinco salários mínimos, de acordo com o DATATEMPO.

No levantamento sobre o voto dos mineiros para presidente, o número de indecisos, na pesquisa estimulada, é de 6%, ou seja, 977.452 eleitores ainda não escolheram o futuro chefe do Executivo nacional dentro de um universo total de 16.290.870 mineiros aptos a votar nessas eleições.

Na pesquisa espontânea, o percentual de mineiros indecisos aumenta e chega a 16,5%, o que equivale a 2.687.993 eleitores que ainda não decidiram em quem votar para presidente da República.

O número de indecisos hoje é praticamente o mesmo que deu a vitória, em Minas, a Jair Bolsonaro, à época no extinto PSL, sobre o petista Fernando Haddad. Bolsonaro obteve 2.270.090 votos a mais do que Haddad nas eleições de 2018.

O perfil dos mineiros indecisos que está em disputa pelos candidatos a presidente é composto por 74,4% de mulheres e 71,1% de católicos. Do total de indecisos, 33,3% possuem entre 45 a 59 anos, e 46,7% têm renda de até dois salários mínimos.

A pesquisa DATATEMPO foi contratada pela Sempre Editora. Foram 1.500 entrevistas domiciliares, entre 5 e 9 de setembro. A margem de erro é de 2,53 pontos percentuais para mais ou para menos.

O intervalo de confiança é de 95%. A pesquisa foi registrada no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sob o protocolo BR-04443/2022 e no Tribunal Regional Eleitoral (TRE-MG) com o número MG-02856/2022.

Perfil do indeciso é menos ideológico

Sobre o perfil dos indecisos, o professor de marketing político Marcelo Vitorino, da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), avalia que se trata de um público “menos ideológico e menos ligado a partidarismos”.

Para ele, a predominância de mulheres indecisas mostra que as principais campanhas não direcionaram suas ações para abrigar os interesses e expectativas desse segmento como poderiam. “Elas estão à espera de algum candidato que se mostre mais empático e conhecedor de suas realidades para decidirem o voto. Essa volatilidade pode levar a disputa para qualquer resultado”, analisa.

Já para o estrategista político pela Universidade de São Paulo (USP) Daniel Machado, professor do Renova BR, o indeciso é um eleitor “interessante” porque é um observador do cenário. “Ele observa tendências, as falas dos candidatos, se algum lhe causa rejeição, se haverá uma onda que ele acompanharia ou se ele anularia o voto”, assinala.

Sobre as mulheres serem a maioria dos indecisos, tanto na eleição para governador de Minas quanto para presidente, Daniel Machado explica que elas são mais observadoras, mais analíticas e mais críticas. “Como elas são mais impactadas pelas políticas públicas no seu dia a dia, tendem a se preocupar mais com a renda, o mercado de trabalho e questões que envolvem os filhos, escola e saúde, por isso demoram mais a escolher”, argumenta.

Já em relação àqueles que têm renda de até dois salários mínimos e ainda não escolheram candidato a presidente e àqueles que têm renda de até cinco salários mínimos e não se decidiram para governador de Minas, a explicação do professor Machado passa pela queda do poder de compra. Segundo ele, é parte da classe média que tem medo de perder o que tem e está analisando o que vai ser melhor para si mesma. “As pessoas estão preocupadas porque não estão conseguindo pagar as contas”, pondera. 

Especialistas avaliam as estratégias

Para o professor Marcelo Vitorino, as campanhas dos dois principais candidatos ao governo de Minas, Romeu Zema (Novo) e Alexandre Kalil (PSD), deveriam mudar o foco nesta última semana. “Zema teria que abrir um diálogo com os públicos das grandes cidades, e Kalil se mostrar mais acolhedor para o público mais conservador, mais interiorano”, argumenta.

Enquanto isso, o estrategista Daniel Machado considera que os candidatos deveriam partir para o ataque nesta reta final e desconstruir um ao outro. “Quando os candidatos veem que suas propostas não estão convencendo os eleitores, eles começam a jogar luz sobre a rejeição do outro para que o adversário fique mais pesado que ele”, avalia. 

Por isso, de acordo com análise de Machado, o tom das propagandas eleitorais está mais agressivo e menos propositivo e fala-se mais em “voto útil” e em “voto contra”.

Conexão

Para Vitorino, o alto número de indecisos se deve à incapacidade de conexão com grande parte do eleitorado. Segundo ele, isso pode ser o resultado de campanhas muito focadas em perfis ideológicos ou baseadas em conteúdos muito específicos.

Já para Daniel Machado, é natural que o eleitor brasileiro só pense em quem vai votar na última semana. A diferença entre os números das pesquisas estimulada e espontânea se dá, na explicação do professor, porque o eleitor se vê numa situação em que os nomes são colocados e tem que escolher um candidato.
 “Mas, quando o eleitor é questionado de forma espontânea, sem ter os nomes diante de si, grande parte se mantém alheio à pauta política e ao processo eleitoral. Isso é natural”, explica Machado. 

Extraído do Jornal O TEMPO

Por Ana Karenina Berutti 

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