Colunista | edgarlook – Espaço Memória – HR | TRANSITORIEDADE DA VIDA

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Não nos acostumamos com o imponderável da vida. O transitório parece afrontar a alma. Gostamos do permanente. Um encontro após 15 anos e o inesperado se faz presente. Casal feliz que foi ceifado pela violência urbana. Fato corriqueiro policial, mas poderia ser um atropelamento, uma pneumonia ou mesmo um viajar sem retorno. Pronto, o transitório. Aquilo que parecia firme e imutável, desmoronou. Vida é movimento e mudança a cada segundo e nós, pobres mortais, esperando que a casa nunca caia, que o patrimônio nunca se modifique e que nossos entes queridos nunca nos deixem. A ampulheta do tempo faz graça com a nossa incredulidade. Nosso bairro já não é o mesmo, as crianças que brincavam na esquina cresceram, meu pai já não vem me ver todos os dias, nem pra ler o jornal. Meu filho está com barba por fazer e eu nem me acostumei ainda a ser pai direito. Vamos tateando o terreno juntos, com o amor nos guiando. Ímpeto do novo, misturado com a cautela do “Macaco Velho”. Sempre o transitório. Com tudo e todos girando ao redor, teimamos em achar que vai melhorar, que nossos sonhos enfim serão realidade. Transitoriedade da esperança. Ao rever antigos amigos e amores, sinto que existe algo que é permanente. O carinho e amor que vivenciamos nas relações verdadeiras. No turbilhão da vida cada pessoa do nosso passado deixou algo dentro de nós. Um sorriso, uma piada, uma bronca, um olhar. No fundo, sonhamos com a eternidade, sem perceber que o eterno é só o universo em constante ebulição e transitoriedade. Se em vida somos mutantes, que nossa conduta com nossos semelhantes crie, no mínimo, uma saudade eterna...

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