A Chácara Sorriso surgiu do ideal do casal Luiz Carlos Ferreira e Conceição Ferreira, que a princípio, moravam na cidade de São Paulo. Inicialmente, pensavam em cuidar dos idosos. Conversei um pouco com a Da. Conceição, que nos contou como Deus mudou todos os planos e colocou em seus caminhos, há 42 anos, as crianças. Da. Conceição – É uma luta, mas uma luta que vale a pena. É cansativo, mas é uma coisa maravilhosa! Eu acho que se eu não tivesse vivido estes anos que eu vivi, eu não sei como eu seria. Foi uma coisa entre meu marido e eu. É muito bom quando o casal é junto, porque quando é um só é mais difícil lhe dar.
Terceiro setor – Como tudo aconteceu?
Da. Conceição – Quando tudo começou, nós morávamos em São Paulo. Lá começamos a trabalhar com as crianças de rua. Aí resolvemos vir morar em Franca, e começou a aparecer uma criança na porta, depois outra… A primeira que apareceu estava dentro de uma sacolinha de supermercado. Entreguei-a no Conselho Tutelar. Daí então, começamos a pegar as crianças do Conselho, do Aeroporto três. Algumas pegávamos pelo Conselho e outras para ajudar as mães que não conseguiam criar. Então, o Conselho viu que estávamos firmes e resolveu fazer o nosso cadastro como Família de Apoio. Mas sempre vinha um por fora. Aí corríamos um risco, porque não pode. Mas, você fica com dó de falar não. Hoje, já não faço isto mais. Trabalho com o que vem do Fórum ou do Conselho Tutelar.
Terceiro setor – Até hoje a senhora ainda acolhe?
Da. Conceição – Hoje eu dei uma paradinha, porque tive um probleminha de saúde e comecei um tratamento há uns 05 anos. Agora preciso cuidar de mim um pouquinho e já já volto.
Terceiro setor–Quantas crianças ainda tem aqui? E tudo o que sonhou foi realizado?
Da. Conceição – Hoje temos 23 acolhidos. Você sabe que aqui tem coisas que eu nem sonhei em ter. Eu sonhava uma capela, como nós estamos aqui, com quatro paredes e as cadeiras. E aí de repente, aparece uma pessoa nas nossas vidas e pergunta: “Vocês querem a Capela?” E fez esta coisa maravilhosa! Porque aqui é o nosso encontro. Todos os dias rezamos o terço. Temos um menino que tem Síndrome de Down, e quando ele fica muito nervoso, chama os outros e diz: “Vamos na capela rezar?” E aí eles rezam e cantam, só eles. Eu acho que este lugar é muito importante para a Chácara Sorriso. Se estou com problemas, corro aqui para pedir a Deus, para agradecê-lo, porque ele já deu o que nem pedi. Saio daqui aliviada para continuar o trabalho.
Terceiro setor- O que a Chácara Sorriso precisa para se manter?
Da. Conceição – Não temos renda de espécie alguma. Meu marido e eu vivemos de aposentaria, que faz um ano que conseguimos. Então a Chácara precisa de tudo, desde alimentos, roupas, calçados ou em espécie, o que puder. Às vezes, uma mão de obra para consertos de máquinas, carro que estraga. Temos umas pessoas que ficam sabendo que estamos apurados, vêm aqui e nos ajudam. A gente depende sim, de todo ser humano, da ajuda de toda comunidade. Eu não posso reclamar que a comunidade nos deixa na mão, porque até hoje vivemos da ajuda dela. Mas a gente não pode parar. Então, a gente continua dependendo.
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