Nesta semana, quando se comemora o Dia Internacional da Mulher, militares falam sobre os desafios e amor pela profissão
“Quando
entro em uma viatura, dá aquela sensação de responsabilidade, porque sei que
estou indo para uma ocorrência de grande vulto, mas preciso ter habilidade e
chegar com segurança”, conta a sargento Lívia Christina de Faria, do Corpo de Bombeiros
Militar de Minas Gerais (CBMMG).
Assim como ela, dezenas de mulheres da
corporação que dirigem viaturas de grande porte têm que lidar
diariamente com a tensão, adrenalina à flor da pele e ter habilidade suficiente
para se desvencilhar dos obstáculos diários nas vias para garantir um
atendimento de qualidade e salvar vidas.
Lívia
Chistina começou a dirigir a Auto Bomba após 2019, quando conseguiu mudar a sua
Carteira de Habilitação para a categoria “E”. A carreta Auto Bomba é adaptada
para atender incêndios urbanos e salvamentos.
“Nessa época, minha paixão aflorou ainda mais,
porque dirigir uma carreta não é a mesma coisa que dirigir um caminhão. Essa
viatura, por ter água, dificulta muito a condução. A primeira vez que dirigi,
foi muito tenso, fiquei muito ansiosa, mas feliz ao mesmo tempo porque consegui
superar esse desafio”, relembra a sargento.
A soldado Karla Silva Mota conta que esse amor
pela condução de viaturas, principalmente Auto Bombas, existe desde quando
entrou para a corporação e foi trabalhar em Poços de Caldas, no Sul de Minas.
“Tive a oportunidade de me especializar e me
credenciar na condução de viaturas pesadas. É uma adrenalina intensa, mas temos
também uma responsabilidade com as pessoas, tanto da rua quanto com os nossos
colegas. Então, ao mesmo tempo que traz essa responsabilidade, traz também um
amor, um vínculo da gente com a viatura”, afirma a militar, lembrando que
muitas mulheres ficam felizes ao ver que a carreta está sendo conduzida
por uma delas.
“São desafios que a gente vai conseguindo
superar e se realizar, incentivando outras mulheres também a entrar para a
corporação e dirigir esses veículos pesados”, analisa a militar.
A também soldado Paula Renata de Jesus, que
demorou quase dez anos para ingressar no CBMMG, também sonha em conduzir as
viaturas de grande porte da corporação.
“Tenho
vontade de um dia conseguir conduzir essas viaturas. É muito motivador para a
gente, para as mulheres e para as crianças que estão vendo (as mulheres
dirigindo)”, afirma. Segundo ela, recentemente uma criança esteve no batalhão e
ficou surpresa ao saber que ela era bombeira militar. “É um exemplo também
para a sociedade”, enfatiza.
Treinamento
A condução dos caminhões requer agilidade,
destreza e treinamento intenso para permitir que um veículo, que pode chegar a
30 toneladas, consiga driblar os obstáculos das vias urbanas com segurança e
garantir uma resposta rápida a quem necessita de socorro.
Para o especialista automotivo Boris Feldman,
conduzir essas viaturas em um trânsito tão caótico, requer bem mais que
habilitação. “Dirigir essas viaturas de muitas toneladas e muitos metros de
comprimento e largura exige muita perícia em condições normais, mesmo em
grandes espaços. Quando o cenário é em ruas apertadas e cheias de carros, em
meio ao trânsito, correndo contra o tempo para salvar vidas, além de habilidade
acima da média, é necessário muito treinamento para manter a tranquilidade e a
certeza de que seu trabalho vai ser executado com perfeição”, afirma.
Qualificação
Mediante aptidão profissional, os bombeiros
militares que irão conduzir viaturas precisam passar pelo Curso de Formação de
Condutores, ministrado pela Academia de Bombeiros Militar.
A corporação também oferece o Curso de Condução
e Operação de Viaturas (COV). Com duração de 130 horas, o COV ensina aspectos
de condução e operação da viatura, deslocamento seguro, segurança nas
operações, interpretação dos sensores, noções de mecânica e manutenção de
primeiro escalão, uso e emprego da viatura, operação do corpo de bombas e
canhão monitor, ligação em série e siamesa, entre outros assuntos.
Conheça as viaturas
A Auto Bomba Tanque Salvamento (ABTS) é um
caminhão adaptado para atender as funções de bombeiro em incêndios urbanos e
salvamentos. As versões mais modernas da corporação contam com 360 cavalos de
potência e apresentam distância entre-eixos reduzida, menor balanço traseiro e
maior ângulo de saída para conferir versatilidade em ruas estreitas. Além de
carregar 5 mil litros de água, a presença de um tanque extra de Líquido Gerador
de Espuma (LGE) permite o combate imediato envolvendo líquidos inflamáveis.
Já a carreta Auto Jamanta (AJ) é o maior veículo
de armazenamento de água do CBMMG para garantir o suprimento adequado em
grandes incêndios. Com a capacidade de 25 mil litros de água e mais de 20
metros de comprimento, a carreta exige a categoria E da Carteira Nacional de
Habilitação. A dirigibilidade ainda é afetada substancialmente pelo movimento
da água no tanque reservatório, gerando ainda mais dificuldade aos
deslocamentos de emergência.
Foto: CBMMG / Divulgação
Legenda da foto:Sagto. Lívia