Nossa pátria se transformou palco de um teatro do absurdo, de um sistema político arcaico e falido, o horror e a confusão tomaram conta. Nosso belo país entrou na noite negra da alma, cuja principal característica e já não se saber quem é amigo e quem é inimigo. A velha dicotomia entre o bem e o mal se transformou numa incestuosa promiscuidade entre a verdade e a mentira, entre as boas e as más intenções. O próprio esforço de apuração dos fatos, da procura da verdade já apresenta nuances de safadeza e de defesa dos próprios interesses em detrimento do bem comum e do direito da população de não continuar sendo ludibriada.
Lamentável dizer, que os primeiros réus tem orientado o rumo das investigações, sob a orientação e conluio da camarilha, que se defende atacando indiscriminadamente a tudo e a todos. O Brasil continua vivendo de malas e agendas. As agendas ocultas do próprio processo aparente de apuração já dão mostras de acordos, pizzas, negociações, retenção de processos de cassação, justificadas pela governabilidade, blindagem da economia, agenda positiva, nomes bonitos e incompreensíveis para nós, vis mortais, que apenas queremos um país onde possamos viver melhor, com mais dignidade.
A corrupção eleitoral, infelizmente, é histórica e estrutural. O que gostaríamos de ver é um esforço concentrado em torno de uma reforma política que extraísse o câncer metastásico do organismo social. Mas, como todo palanque tradicional, o objetivo não é apresentar soluções, e sim promover a destruição dos possíveis inimigos.
Poucos dos atores estão pensando em nova legislação. Continuam na mediocridade política tradicional, nos velhos hábitos do oportunismo, em um clima de vingança, de ódio e na sanguinária tentativa de jogar o maior número de pessoas na lama, em vez de destruir a pocilga. De que os culpados, comprovadamente devam ser punidos não pode haver a menor dúvida. Na frase mais falada ultimamente, até por quem jamais deveria pronunciá-la, “sempre” foi assim: O grave é o “sempre”.
Justificar o erro pela sua permanência é resistir à transformação. O desafio é acabar com esse “sempre” vergonhoso e nefasto. Todos nós, porém, temos alguma responsabilidade em tudo isso. Contentar-se em ser plateia, atolados numa poltrona diante da TV, assistindo passivamente à encenação dantesca de personagens muito bem produzidos e ensaiados para o drama, o cômico e até o trágico nos faz cúmplices. A depressão e a frustração diante desse quadro brasileiro só existirão se não agirmos. Se a população tomar consciência de seu papel nesse momento, teremos a esperança de ver a flor-de-lótus desabrochar. Vamos, pois, virar esta página negra da história e ter o cuidado de ela não mais se repetir. Que o SENHOR nos ilumine.