Hospital Gedor Silveira continua recebendo pacientes mesmo sob risco de fechar as portas em São Sebastião do Paraíso, MG

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Direção da unidade soltou alerta após instituição apresentar déficit mensal de R$ 300 mil.

Hospital Gedor Silveira continua recebendo pacientes mesmo sob risco de fechar as portas

Mesmo com a possibilidade do Hospital Gedor Silveira, de São Sebastião do Paraíso (MG), fechar as portas por estar com as contas no vermelho, a unidade continua recebendo pacientes para internação.

Desde o anúncio do possível fechamento, feito no começo do mês, até agora foram 42 novas internações. Os pacientes são de Conceição do Rio Verde, Areado, Campanha, Campos Gerais, Carmo de Minas, Divisa Nova, Guaxupé, Itamogi, Jacutinga e Monte Santo de Minas.

“A gente segue com o mesmo escopo de recebimento de pacientes, aqueles que vêm via SUS Fácil, que é o sistema de regulação do governo, e têm os que vêm com determinação judicial para ficar internado por um período determinado pelo juiz. Isso segue acontecendo de maneira normal”, disse o superintendente do Hospital Gedor Silveira, Jean Marco do Patrocínio.

O Gedor Silveira é o maior hospital psiquiátrico de Minas Gerais e referência para 158 cidades da região. Atualmente, 130 pacientes estão internados na unidade, mas desde o ano passado, a instituição está com as contas no vermelho.

O déficit mensal chega a R$ 300 mil por mês. Na semana passada, em audiência pública, ficou definido que uma nova reunião deve ser convocada com todos os prefeitos da região para que os municípios com pacientes internados no Gedor Silveira ajudem a instituição financeiramente.

“Esse recurso é necessário e isso vai ajudar muito a gente, é uma garantia da nossa sobrevivência. Para o mês que vem, infelizmente, não temos dinheiro para honrar com nossos compromissos. Então, ter essa injeção de dinheiro rápido é o que garante a nossa continuidade”, falou o superintendente.

O Gedor Silveira é um hospital especializado em dependência química e saúde mental. Mas a maior causa de internações é a dependência por álcool ou droga. Os pacientes ficam internados por cerca de 60 dias e depois são encaminhados aos CAPS, Centros de Atenção Psicossocial, para dar continuidade a um tratamento que demanda bastante atenção.

“Esse paciente quando chega em surto, é um paciente que normalmente está com juízo realidade prejudicado, ele está desorganizado, agressivo, não tem noção do que está fazendo. Esse paciente faz risco para ele e para os demais, tanto na sociedade quanto na família. Esse paciente é acolhido e a gente faz a medicação necessária, ele tem que voltar à realidade dele para assumir novamente o papel dele junto à sociedade e aos familiares”, falou a médica psiquiátrica e diretora técnica do hospital, Cláudia Poubel.

Mas as doenças como esquizofrenia, depressão e transtorno bipolar também estão entre as que mais levam os pacientes às internações no hospital.

“Hoje, o paciente que vem ser internado no hospital psiquiátrico é porque realmente não conseguiu ter o suporte, para ter o acompanhamento em um CAPs, ou um ambulatório de saúde mental. E ele precisa desse suporte para tirá-lo da crise”, disse a médica.

Hospital Psiquiátrico Gedor Silveira pode fechar as portas por falta de dinheiro em São Sebastião do Paraíso — Foto: Reprodução EPTV

A reforma psiquiátrica colocou fim aos manicômios e defende a ideia de que o paciente não deve se isolar para receber o tratamento. Mas a advogada Michele Cia explica que uma lei garante internação para que pacientes que tiveram indicação médica.

“Um dos direitos previstos nessa lei do paciente é justamente ser tratado da maneira menos invasiva possível. Agora, acontece agora uma grande confusão ou generalização, a gente falar que internação nunca deve ser feita. Isso também não é verdade, há situações de crise, situações agudas, episódios e períodos que o paciente precisa de uma internação até mesmo para que ele se estabilize e não corra risco de morte, até de se auto lesionar. Isso tem que ser transitório, o mais breve possível com vistas a reinseri-lo à sociedade, que é o grande objetivo de todo tratamento psiquiátrico”, comentou a advogada Michele Cia.

Para a advogada, o que falta hoje é a criação de políticas públicas efetivas que ampare não só o paciente com transtornos mentais, mas principalmente a família dele.

“Historicamente, os hospitais psiquiátricos são utilizados, até o imaginário popular espera isso, para abrigar os indesejáveis da sociedade, aquela pessoa que está dando trabalho, que muitas vezes é difícil para a família lidar. Também é preciso que o estado coloque políticas públicas a favor dessa família, porque não é fácil cuidar de uma pessoa que precisa de um tratamento especial sem o apoio do poder público”, disse a advogada.

Uma reunião entre os diretores do Gedor Silveira e o secretário de Estado de Saúde, Fábio Bacheretti, foi marcada para a próxima segunda-feira (28).

A Associação dos Municípios da Microrregião do Médio Rio Grande (AMEG) informou que uma assembleia ordinária estava marcada para terça-feira que vem em Passos.

O objetivo é pedir ajuda financeira aos municípios que levam pacientes para internação. Mas a assembleia foi transferida para São Sebastião do Paraíso com data ainda a ser definida.

A lista das cidades que devem ser convocadas para a reunião será divulgada nesta terça-feira (22).

Extraído do g1 Sul de Minas EPTV

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