Vereadora investigada de cobrar por exames do SUS em Itamogi diz que secretária de saúde sabia do caso

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Polícia Civil investiga se a vereadora cobrava dos pacientes da Rede Municipal de Saúde para a realização de ressonâncias.

A vereadora Marilyam Mara de Oliveira Souza, suspeita de corrupção, disse que a Secretária de Saúde sabia das cobranças aos pacientes por exames do SUS em Itamogi. A parlamentar fez as afirmações em reunião da Câmara Municipal desta semana.

Marilyam, que também é funcionária da Secretaria de Saúde, acusou a secretária, que é filha do prefeito de Itamogi.

“Esses exames foram mesmo agendados e pagos na secretaria de saúde do nosso município mediante conhecimento, consentimento, autorização e também assinatura da secretária de saúde”, disse a parlamentar na reunião.

A Polícia Civil investiga se a vereadora cobrava dos pacientes da Rede Municipal de Saúde para a realização de ressonâncias. Ela, inclusive, estaria adiantando algumas pessoas da fila e os pacientes não faziam ideia de todo o esquema.

Entre os documentos assinados pela secretária, está a autorização da ressonância, o qual diz que “o valor seria cobrado da nota fiscal da Prefeitura Municipal de Itamogi conforme credenciamento”.

“Ela mandava para eu os pedidos para fazer a autorização. A autorização era feita, mas para ser pago pelo município e jamais pelo paciente. Ela trazia os pedidos para eu fazer a autorização, eu fazia a autorização e já entregava a ela. Eu não fazia a entrega das autorizações para os pacientes”, falou a secretária Priscila Marcomini Dias.

A vereadora, e então funcionária da Secretaria Municipal de Saúde, é investigada por cobrar o pagamento em dinheiro de pacientes que aguardavam por exames, quando estes mesmos já estavam pagos pelo município. Há casos de pacientes que pagaram R$ 900 por um exame que seria gratuito.

“A gente jamais tinha essa desconfiança. Infelizmente eu não tenho só a secretaria para coordenar. Eu coordeno a saúde inteira do município, então temos que confiar nas equipes”, falou a secretária.

“A denúncia expressa partiu da secretária de saúde. Ela pediu a apuração. O prefeito de imediato pediu que se instaurasse uma sindicância para apurar. Posteriormente a isso apareceram mais dois casos, idênticos e com a mesma clínica. Diante disso, o prefeito pediu para ligar para os pacientes que foram atendidos pela clínica para ver se outras pessoas realizaram o pagamento”, pontuou o procurador geral do município, Vinícius Vieira de Andrada.

A comissão que apura irregularidades cometidas na Secretaria de Saúde ouviu cerca de 100 pacientes que fizeram o exame de ressonância entre junho de 2021 e julho deste ano. Mais de 30 pacientes confirmaram o pagamento.

“A comissão já ouviu as possíveis vítimas que se prontificaram a prestar os esclarecimentos. Diante disso, passou para ser ouvida toda equipe do Centro de Especialidade Médica. Depois passos a ouvir as testemunhas da defesa da acusada. Estamos ainda cumprindo algumas diligências no processo. Acredito que na semana que vem, com as diligências já levantadas, vai partir para o depoimento da acusada, que é o último ato dentro do processo administrativo disciplinar”, disse o procurador.

Segundo o procurador, não há motivos até o momento para o afastamento da secretária de Saúde.

“Acontece que não existe um indício mínimo de prova que dê veracidade à alegação dela. Pelo contrário, pela provas produzidas até aqui, o que se vê é uma forma clandestina e sigilosa entre ela e as vítimas, e uma contradição muito grande entre os depoimentos. A partir do momento que chegar um indício mínimo, não precisa nem ser razoável, precisa ser mínimo de participação da secretária de Saúde, acredito que nem afastada ela seria, ela seria exonerada de imediato”, comentou o procurador.

A polícia civil de Itamogi abriu inquérito e investiga o caso. Até o momento sete pessoas foram ouvidas. Além da autoria, a polícia quer descobrir também o total de vítimas que foram prejudicadas e por quanto tempo a cobrança era feita.

“A gente está fazendo contato com todo mundo que teria recebido a solicitação de pagamento para ver se essas pessoas têm elementos ainda com elas, extrato financeiro, conversa de celular, algum eventual recibo. Algo que materialize essa entrega de valores”, falou o delegado Glauber Rodrigues Simão.

Segundo o promotor de Justiça Allan Carrijo Ramos, quando o processo administrativo for concluído, o Ministério Público vai buscar a responsabilização por eventual ato de improbidade e, quando for concluído o inquérito policial, vai buscar a responsabilização por eventuais crimes.

Por telefone, a advogada da vereadora informou que Marilyam Mara de Oliveira Souza está colaborando com as investigações e que ela vai se pronunciar em momento oportuno.

Extraído do G1 Sul de Minas EPTV

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