Parlamentares divergem sobre compra de vacinas por empresas

39
0
COMPARTILHAR

O colapso de leitos, o debate sobre a abertura de igrejas e a situação das rodovias foram outros assuntos abordados.

Andréia de Jesus repudiou projeto de lei federal que libera a compra de vacinas pela iniciativa privada – Foto: Reprodução

Deputados divergiram em relação à aprovação de projeto pela Câmara dos Deputados, em Brasília, que permite a compra de vacinas por empresas privadas. A medida recebeu críticas de alguns parlamentares e apoio de outros, durante a Reunião Ordinária do Plenário da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), nesta quinta-feira (8/4/21)

A deputada Andréia de Jesus (Psol) repudiou a aprovação da matéria. “O projeto dá aos ricos a possibilidade de furar a fila legalmente e rasga o programa nacional de vacinação”, afirmou. Ela lamentou a medida nesse momento em que há falta de vacinas em todo o País. Também questionou como ficará a fiscalização das aquisições e da aplicação dos imunizantes, ao considerar que as regras não são claras.

A deputada solicitou, ainda, emergência na tramitação de projeto de lei, de sua autoria em conjunto com o deputado Celinho Sintrocel (PCdoB), que foi protocolado na Casa. A proposição prevê o pagamento de um piso salarial aos trabalhadores que atuarem na linha de frente da pandemia.

Em aparte, o deputado Cristiano Silveira (PT) comemorou a publicação do Decreto 48.172, que altera um anterior e corrige as penalidades para servidores públicos que atrasem o registro de pontos. De acordo com o deputado, as mudanças promovidas pelo governador atendem a demandas apresentadas pela oposição.

Fura-filas – Ao concordar com Andréia de Jesus, o deputado Doutor Jean Freire (PT) disse que é lamentável o Congresso discutir uma maneira de driblar o SUS, tentando levar primeiramente a vacina aos mais ricos. “Os mais pobres é que devem ser priorizados, pois saem diariamente de ônibus para trabalhar”, completou.

O parlamentar lembrou que Minas foi recentemente o palco de dois fatos que causaram vergonha nacional: o fura-filas da Secretaria de Estado de Saúde e o “camarote” da vacinação para empresários. “E agora, o projeto no Congresso quer simplesmente legalizar o fura-filas, descumprindo o plano nacional de vacinação”, criticou.

Com outra posição, o deputado Carlos Pimenta (PDT) afirmou que o projeto em discussão no Congresso, caso seja cumprido à risca, poderá ajudar na imunização. Mesmo fazendo ressalvas à viabilidade da proposta, disse que ela obriga a empresa que adquirir vacinas a doar metade delas ao SUS e aplicar a outra parte exclusivamente em seus funcionários. Além disso, a iniciativa privada não poderá adquirir diretamente as vacinas (aprovadas por Anvisa e OMS), o que será feito por órgãos governamentais.

Já o deputado Bartô (Novo) manifestou-se completamente favorável ao projeto federal. Segundo ele, se a matéria for aprovada, a iniciativa privada poderá ajudar no esforço de vacinação e com mais competência e eficiência do que o governo federal.

Solidariedade – Noutro momento, Carlos Pimenta destacou a solidariedade de várias pessoas e entidades que têm trabalhado para matar a fome de parte da população que passa dificuldades em função da pandemia. Ele valorizou a atuação da Arquidiocese de Montes Claros (Norte), que está promovendo uma grande campanha de doação de alimentos para distribuição. Ele ainda destacou o esforço da prefeitura local e do Governo do Estado, que mobilizou a Defesa Civil para distribuição de cestas básicas.

Isenção – Em aparte, o deputado Bernardo Mucida (PSB) registrou que, em recente visita ao governador Romeu Zema (Novo), solicitou a aplicação da Lei 23.797, de 2021. A norma prevê que os consumidores residenciais, industriais e comerciais de cidades atingidas por enchentes fiquem isentos temporariamente do pagamento das contas de água e luz.

Machismo – Em outro aparte, a deputada Ana Paula Siqueira (Rede) mostrou sua indignação com declaração do vereador Geraldo Gualberto (PSC), de Timóteo (Vale do Aço). Ele criticou projeto aprovado na Câmara local que garante à mulher vítima de violência doméstica prioridade na matrícula e transferência dos filhos.

O parlamentar alegou que a lei protege “mulher de malandro” e que as “mulheres amadas” pelos cônjuges teriam “menos direitos que mulheres que apanham”. Para Ana Paula Siqueira, “a fala machista e desrespeitosa do vereador não contempla a dignidade das mulheres”. Ela vai propor na Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher da ALMG uma manifestação de repúdio pela declaração do vereador.

Rodovia – Em seu discurso, o deputado Dalmo Ribeiro Silva (PSDB) renovou apelo ao secretário de Estado de Infraestrutura e Mobilidade Urbana, Fernando Marcato, para dar início com urgência às obras já previstas na rodovia MG-290, no Sul de Minas. Segundo o deputado, o Estado já conta com R$ 1 milhão de emendas parlamentares para construir a terceira pista e o acostamento da rodovia, que também estaria incluída no primeiro lote para concessão à iniciativa privada.

O deputado também manifestou preocupação pelo colapso hospitalar no Sul de Minas. Ele afirmou que nenhum hospital da região está podendo receber mais pacientes. Os municípios sofrem, ainda, com a falta de medicamentos. “Nenhum fabricante tem possibilidade de entregar medicamentos imediatamente”, lamentou.

O deputado Arlen Santiago (PTB) elogiou o lançamento pelo governo estadual de novos regulamentos para a certificação de queijos da microrregião da Mantiqueira. Ele também solicitou a tramitação de projeto de sua autoria para a liberação de recursos de emendas para hospitais que estão em débito com impostos, enquanto durar a pandemia.

Carlos Henrique defendeu a abertura das igrejas – Foto: Reprodução

Igrejas – Em defesa da abertura dos templos, o deputado Carlos Henrique (Republicanos) justificou que as igrejas evangélicas realizam trabalhos sociais importantes para as comunidades, especialmente durante a pandemia. Ele citou o exemplo da compra de mais de 6 mil cestas básicas, em 2020, destinadas ao Vale do Jequitinhonha. “As igrejas evangélicas alcançam lugares e pessoas onde o poder público geralmente não chega, prestando serviço e solidariedade”, defendeu.

O deputado também anunciou a liberação de recursos de emendas parlamentares. Uma delas, destina R$ 115 mil para subsidiar pesquisa sobre o queijo cabacinha. Segundo ele, o trabalho vai propiciar um selo de qualidade para os produtores do Vale do Jequitinhonha, o que vai impulsionar a produção regional.

Também serão direcionados R$ 500 mil para cascalhamento de um trecho de 90 quilômetros da MG-406, que liga Almenara a Pedra Azul, municípios também do Jequitinhonha. Carlos Henrique disse que as obras devem começar ainda neste semestre.

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor, digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

Campo obrigatório