Está sendo julgado hoje no I Tribunal do Júri, C.L.F., acusado de tentativa de homicídio contra J.R., no Acampamento Terra Prometida no município de Felisburgo
O acampamento, ligado ao Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) fica localizado na Fazenda Nova Alegria, e o terreno pertence ao primo de C.L.F., Adriano Chafik Luedy. O júri está sendo presidido pelo juiz Leonardo Vieira Rocha Damasceno.
Sentença de pronúncia
C.L.F. é acusado de, juntamente com H.S., ter disparado contra o trabalhador e ameaçado outros integrantes do acampamento Terra Prometida. O crime ocorreu no dia 19 de setembro de 2004.O crime de ameaça contra outros dez ocupantes do acampamento prescreveu e, por isso, ele foi absolvido na sentença de pronúncia.
O acusado ficou foragido por aproximadamente dez anos e após a sua captura em Sergipe, o processo foi desaforado da Comarca de Jequitinhonha para Belo Horizonte.
Júri
Três testemunhas foram ouvidas nesta terça-feira, pela manhã. Entre elas, foi ouvida uma líder do acampamento, que alegou ter presenciado quando o acusado esteve nas proximidades do acampamento e fez disparos contra a vítima, além de ter ameaçado outros ocupantes da área.
Segundo a líder, na fase policial não consta a informação de que ela teria presenciado os disparos porque era comum naquela época que a versão dos “sem-terra” não fosse registrada pelas autoridades policiais.
Interrogatório
Durante o interrogatório, o acusado negou os fatos. Disse que estava na sede da fazendo no momento dos fatos e que outro vaqueiro é que acompanhou H.S., “campeando” próximo ao acampamento. Alegou ainda que os vaqueiros é que foram atacados e que ele foi à delegacia no dia seguinte para dar queixa desse fato.
Ele também disse que não é funcionário do primo Adriano Chafik Luedy. Ele alegou que foram criados juntos e que ambos têm fazendas na Bahia e em Minas Gerais, motivo pelo qual se ajudam na lida com o gado ou com a colheita de cacau.
Chacina de Felisburgo
C.L.F. também responde pela chacina de Felisburgo ocorrida dois meses depois, em 20 de novembro de 2004, quando cinco ocupantes do acampamento foram mortos a tiros, e outros 20 ficaram ferido.
Eles ainda foram acusados de incendiar uma escola do acampamento. C.L.F. foi condenado a 195 anos de prisão e aguarda preso a fase de recurso.
O primo e mais três homens também já foram condenados em primeira instância por aquele crime.
Ele também foi acusado de tentativa de homicídio, ocorrida em 2002, contra três integrantes do acampamento, mas foi absolvido pelos jurados do I tribunal do Júri, em agosto deste ano.
A sessão foi interrompida para o almoço após o interrogatório e recomeçou com os debates entre acusação e defesa por volta de 13h.
Processo nº 1166206-14.2019.8.13.0024 .
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