No livro Lendas do Céu e da Terra, de autoria de Malba Tahan, pseudônimo do famoso escritor e matemático brasileiro Júlio César de Mello e Souza (1895-1974), fui buscar este precioso ensinamento:
Contam que um califa de Bagdá tinha um filho, já moço, muito acanhado e tímido. O rapaz não saía à rua para que o não vissem e dessem atenção ao seu modo de andar e o apontassem como sucessor do rei.
O pai [o califa de Bagdá], a quem muito mortificava a timidez do filho, um dia chamou-o à parte e disse-lhe:
— Toma esta taça de cristal. Hás de levá-la com água a transbordar, desde este palácio até a mesquita, sem contudo entornares uma gota sequer. É essa a minha ordem. E muito triste ficarei se me desobedeceres!
[Então,] pelas longas e tortuosas ruas de Bagdá sai o moço a caminhar com imensa cautela, completamente alheio ao rebuliço da massa popular, e indiferente aos olhares dos curiosos espectadores. Sim, porque era preciso obedecer a seu pai. E ele fez exatamente como lhe fora ordenado. Tornando à casa, perguntou-lhe o rei se havia notado a curiosidade dos transeuntes.
O rapaz, surpreso, lhe perguntou:
— Como me seria possível fazê-lo, respondeu, tendo na mão a taça a transbordar?
E o autor conclui:
Assim também, se tu, meu amigo, se tu, minha amiga, andasses pela vida preocupado com uma taça a transbordar, afastarias de ti o despeito humano e caminharias pela estrada do dever com tranquila confiança. Ora, essa taça mais frágil que o vidro, mas que deve absorver os teus sentidos, é a tua alma cristã. E se possuis essa preciosa e delicada taça e desejas transportá-la, por que emprestar tanta importância aos olhares e críticas dos transeuntes que querem perturbar a tua jornada gloriosa pela vida?
Eis aí! Que instrutiva lição foi aprendida pelo jovem príncipe. Todo aquele que procura vivenciar os exemplos fraternos do Cristo, seja essa pessoa cristã propriamente dita ou não, e cumpre o Seu Novo Mandamento — “Amai-vos como Eu vos amei. Somente assim podereis ser reconhecidos como meus discípulos, se tiverdes o mesmo Amor uns pelos outros” (Evangelho, segundo João, 13:34 e 35) — permanece focada ou focado na Agenda Espiritual que veio desempenhar neste orbe, como nos pede o ilustríssimo dr. Bezerra de Menezes (Espírito):
— Juntar Prece e Trabalho, resplandecer com as forças da Oração e da Vigilância. Assim devemos suplicar aos Anjos Guardiães, os quais velam pelo equilíbrio de nossa mente e, portanto, por nossa Alma. Rezemos para que nos deem a oportuna inspiração e nos orientem no governo de nossa vida particular e coletiva, gerando o bem maior, que é o cumprimento da Agenda Espiritual, prevista para nossa jornada na Terra. Antes do retorno ao Mundo da Verdade, essa é a mais importante consideração que deve constantemente florescer em nosso Espírito.
Aquele que não possui um ideal no Bem corre o risco de não dispor de convicção em coisa alguma e está mais suscetível a se perturbar com a crítica alheia. Deve, portanto, ouvir em primeiro lugar a sua própria consciência. Quem acredita no Divino Amigo e segue as Suas Lições Benditas de Amor, Verdade e Justiça nada teme nem faz mal a quem quer que seja. Pelo contrário, mantém a Esperança no futuro com operosas mãos a realizar, no presente, o Bem pelo semelhante. Seja esse o nosso vitorioso aprendizado no caminho do Cristo. Porém, a fim de obtermos tal êxito, teremos que ser sempre perseverantes, obstinados, pertinazes, decididos, ousados, resolutos, arrojados, de maneira a alcançarmos a salvação. Jamais percamos de vista esta máxima do Pastor Celeste:
— Em verdade, em verdade vos digo que aquele que crê em mim também fará as obras que Eu faço, e as fará maiores do que estas; porque Eu vou para meu Pai [e vós permanecereis na Terra].
Jesus (João, 14:12)
José de Paiva Netto ― Jornalista, radialista e escritor.
paivanetto@lbv.org.br — www.boavontade.com
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