“Com a mudança da Lei 13.019 tem que se fazer tudo perfeito, e até certo ponto damos conta, mas chega um momento que vai amarrando, atrelando tanto as coisas que penso “para que lado eu vou”?”
Já conhecemos a Caminhar Paralisia Cerebral, pois fizemos uma visita aqui há mais ou menos um ano. É uma Instituição que se dedica em atender pessoas portadoras de todas as deficiências, com muita luta e determinação, e fomos recebidos pela batalhadora Elizabete Salloum para nos falar como está a Instituição.
Bete – Denise, é um prazer te receber novamente, sei que vocês apoiam as entidades do Terceiro setor, e isto é muito importante, faz com que a gente consiga trabalhar com mais força, que tem alguém que consegue enxergar as entidades de Franca. E tendo o jornal, a revista nos dando este apoio, a gente se sente mais forte para lutar, porque passamos dificuldades. De um ano para outro queremos melhorar cada dia mais. Mas, infelizmente, não damos conta de realizar todo um planejamento que fazemos no início do ano, para dar continuidade em nosso trabalho.
O nosso trabalho existe, é um trabalho com as pessoas com deficiência, recebemos pela assistência social, mas é um valor que não dá conta de pagar a folha de pagamento de pessoal. O valor que é repassado não supre as nossas necessidades, e não pára de chegar pessoas novas. Então, aqueles que vêm que damos conta, que dá para encaixar, claro que fazemos com o maior amor porque precisa. Do contrário, fica na fila de espera. E a fila acaba crescendo, isto é uma angústia para todos nós. Não sai verba da assistência, não conseguimos fazer convênio com outros, tipo saúde, educação porque o nosso trabalho é de assistência. Até para fazer estes convênios é muito complicado.
Com a mudança da Lei 13.019 tem que se fazer tudo perfeito, e até certo ponto damos conta, mas chega um momento que vai amarrando, atrelando tanto as coisas que penso “para que lado eu vou”? É esta a dificuldade que estamos tendo em expandir. Já pediram para fazer a reforma e não sai porque não temos verba suficiente. Estamos esperando o impositivo de 2016 e até hoje nada. E vai para o prefeito, vai para a Justiça, vai para o Ministério Público e nada, nada. Não temos condições de começar uma reforma e parar no meio do caminho, até porque do jeito que está, estamos indo muito bem, estamos conseguindo manter um atendimento com qualidade, pois são profissionais de alta capacidade para atender os nossos usuários.
TS – Quantos funcionários e assistidos tem a Caminhar?
Bete – São 15 funcionários, todos pagos. São doze pagos pela assistência e 03 pagos pela nossa contrapartida. Os assistidos aumentaram para 102. A fila de espera está grande e vem tudo pelo CREAS. A Lei está ai e temos que cumprir, senão fica cada dia mais difícil.
TS – O que fazer para despertar a sociedade para que cheguem na Caminhar?
Bete – O nosso grande desafio e objetivo é divulgar nos 04 cantos da cidade para que a Caminhar seja conhecida. Fizemos 21 anos e tem gente que nunca ouviu falar de nós. Mas é claro que as pessoas, às vezes, não estão abertas. Também tem as outras instituições, que é louvável também. O povo de Franca é muito generoso, pois em tudo que fazemos somos abraçados pela sociedade. Independente disto, a Caminhar é muito amada pelas pessoas, tudo que pedimos recebemos a reciprocidade. O que temos que fazer é divulgar nosso trabalho. Que as pessoas venham conhecer o nosso trabalho. Que as pessoas abraçassem a nossa causa e de todas as instituições. Que nos acolham com amor e carinho. Claro que para isto temos que trabalhar e isto estamos fazendo. Tudo que somos convidados vamos atrás. Mas, ainda estamos preocupados com o final de ano, porque fechar as contas não está fácil. A cobrança é muito grande e as autoridades estão de cima.
TS – Gostaria que você, através desta página, possa transbordar em palavras todo este amor que você tem por esta instituição, por este trabalho, para tocar as pessoas.
Bete – Isto é muito forte porque eu tenho o meu filho, eu sei que outras famílias têm e não sabem por onde começar. Isto há 22 anos, que foi quando começamos a idealizar e pensar com o nosso grupo de mães. Este amor que eu sinto já está estampado em meu olhar. Estes dias fui no programa da Patrícia e ela me disse “Bete, a gente olha na sua cara e parece que está escrito Caminhar” (risos). Tudo que eu faço é com amor. E é com este amor que eu gostaria que as pessoas enxergassem a Caminhar. Porque não é fácil caminhar. Eu estou há 35 anos na luta, e sei que não é fácil. Gostaria que as pessoas sentissem este amor, nos dessem as mãos, acolhessem os nossos pedidos e viessem conhecer, pois é a partir deste momento que você conhece uma entidade começa a amar. O meu amor pela Caminhar é imensurável, não sei medir em palavras, é só o trabalho mesmo. Que as pessoas possam vir, nos deem as mãos e venham Caminhar conosco.
NOS AJUDE:
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