Fábrica de blocos, inaugurada nesta semana dentro da própria unidade do município, vai contribuir para manutenção das ruas da cidade
Celas praticamente vazias durante o dia. Esta é a realidade do Centro de Ressocialização José Abranches Gonçalves, localizado no município de Ribeirão das Neves, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Isto porque, com a inauguração de outra frente de trabalho – uma fábrica de blocos para suprir demandas das ruas da cidade –, a unidade passa a ter todos os seus acautelados em atividade.
A nova
fábrica é fruto de uma parceria do sistema prisional mineiro com a Prefeitura
de Ribeirão de Neves. No local trabalham seis presos, que têm direito à remição
de pena, ou seja, para cada três dias de atividades é reduzido um na
condenação.
As duas máquinas necessárias para a produção das peças — betoneira e prensa —
foram obtidas com verbas do Programa de Capacitação Profissional e
Implementação de Oficinas Permanentes (Procap) do governo federal. Por meio do
programa os presos fizeram um curso de Fabricação de Blocos de Concreto em
outubro, com duração de 80 horas/aula. A produção estimada na fábrica será de
300 peças por dia.
O secretário-adjunto de Justiça, Gustavo Henrique Tostes, que esteve presente
na inauguração do galpão de trabalho, ressalta o objetivo da atual gestão
da Secretaria de Estado
de Justiça e Segurança Pública (Sejusp) em tornar o sistema prisional mais
humanizado. Ele ainda destaca o empenho dos servidores do centro de
ressocialização. “Queremos fazer mais por Ribeirão das Neves. Tanto melhor será
o nosso trabalho, quanto mais conseguirmos fazer com que os presos voltem à
sociedade com outros referenciais de vida, e este projeto contribui neste
sentido”, explica.
Os
detentos da unidade prisional serão treinados também para a instalação dos
blocos de concreto nas ruas do município. Para o prefeito de Ribeirão das
Neves, Juninho Martins, vale a pena se dedicar a projetos que trazem benefícios
para todos. “A cidade está de portas abertas para parcerias com o sistema
prisional. Acredito na ressocialização das pessoas privadas de liberdade,
especialmente pela experiência profissional que tive como professor de História
no Presídio Antônio Dutra Ladeira”, afirma.
A unidade prisional é a única do estado na qual 100% dos presos trabalham. São
cerca de 130 custodiados em atividades externas como frigorífico, fábrica de
gesso, cozinhas, viveiro de mudas e prestação de serviços gerais nas
dependências da Polícia
Civil.
Internamente, 90 presos desenvolvem atividades laborais.
Recuperação
Na área externa da unidade prisional é possível encontrar presos cuidando da manutenção e limpeza, em meio a gansos e galinhas d’angola. Dezesseis custodiados trabalham em um galpão onde são produzidos equipamento de som automotivo e, agora, soma-se ao cenário interno da unidade prisional a fábrica de blocos de concreto intertravados para calçamento de ruas. Esta é a rotina de segunda a sexta-feira, das 8 às 18h, no Centro de Ressocialização.
Cento e vinte presos conseguem conciliar trabalho e estudo, e frequentam as aulas da escola, administrada pela Secretaria de Estado de Educação (SEE), instalada na unidade prisional, na modalidade Educação de Jovens e Adultos (EJA), nos turnos tarde e noite.
Crédito (foto): Heitor de Freitas / Divulgação / Sejusp