Faltam nove dias para a reinauguração do Museu Mariano
Procópio (Mapro)! Como forma de comemorar a data e expor o grande acervo do
Museu, a Prefeitura de Juiz de Fora (PJF) irá realizar uma recapitulação das
principais obras presentes no Mapro e na exposição “Rememorar o Brasil: a
independência e a construção do Estado-Nação”.
Uma das peças mais emblemáticas do acervo do
Museu, Tiradente Supliciado ou Tiradentes Esquartejado, como é
popularmente conhecida, foi produzida 1893, um ano após o centenário da
execução de Tiradentes, pelo artista brasileiro Pedro Américo de Figueiredo e
Melo (1843 – 1905). Uma das telas mais importantes e perturbadoras do século
19, foi comprada pela Câmara Municipal de Juiz de Fora no momento em que
Alfredo Ferreira Lage exercia seu mandato como vereador e doada em 1922, ano do
centenário da Independência do Brasil, para o acervo da Instituição.
Segundo o historiador da Mapro, Sérgio Augusto Vicente, o
mais curioso sobre a doação é o fato de a peça, que representa o “herói
republicano aos pedaços”, vir a integrar a instituição que consagrava as
memórias da monarquia. Ainda segundo ele, a obra foi desvalorizada pelos
republicanos como imagem ideal para emplacar a representação de um herói para o
novo regime que tentava se consolidar, e chegou a Juiz de Fora como
“excluída” e “rejeitada”, mas vindo a se tornar nacional e
internacionalmente conhecida décadas depois.
Estudado por Maraliz Christo, professora do Departamento de
História da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) e outros pesquisadores,
o quadro é o objeto do Museu mais citado quando o objetivo é abordar o processo
de construção histórica da simbologia republicana. Sérgio reforça que a obra
diz mais sobre o momento em que o país iniciava seus passos como uma República
do que sobre o personagem histórico Tiradentes e a Conjuração Mineira, no
século 18. Por isso, segundo ele, o quadro aparece em dois momentos da
narrativa tecida na exposição “Rememorar o Brasil: a independência e a
construção do Estado-Nação”.
Pedro Américo Figueiredo de Melo nasceu em Areia, Paraíba, em 29 de abril de 1843 e desde muito cedo apresentou um grande talento para as artes. Em 1852, foi convidado para atuar como desenhista na missão científica do naturalista francês Louis Jacques Brunet, documentando a flora e fauna do nordeste brasileiro. Pedro Américo também é autor da tela “O Grito do Ipiranga”, encomendada pela família real, para fazer parte do acervo do Museu do Ipiranga.
Fonte: Imprensa PJF pjfimprensa@gmail.com