Assunto foi discutido durante o Seminário Internacional que está acontecendo em Santos/SP
Por Redação
Integrando a programação do XXIV Seminário Internacional do Café – Santos Brasil 2024, o painel “O excedente atual é suficientemente grande para satisfazer as necessidades do mercado?” foi o assunto da última palestra do dia 22 de maio, quinta-feira, no Blue Med Convention Center.
Seminário Internacional
Primeiramente, o tema, mediado pelo presidente da Cooxupé, Carlos Augusto Rodrigues de Melo, contou com as participações e comentários de Teddy Esteve, Diretor Geral na ECOM; Trishul Mandana, Diretor Geral de café na Volcafé; e Bem Clarkson, Diretor Global da Plataforma de café da Louis Dreyfus Company. O painel foi dividido entre os tópicos Oferta e Demanda, Qualidade e Blend, Mercado e Finanças, Logística no Brasil, Sustentabilidade e Mudanças Climáticas.
“A cafeicultura é muito desafiadora para os produtores e, também, para os responsáveis por levar o nosso café aos consumidores do mundo todo”, abriu com essa mensagem o presidente e mediador Carlos Augusto.
Clima
Ele ainda explicou que a produção de café brasileira está constantemente suscetível às intempéries do clima. “A safra de arábica do Brasil passou por três anos de produções baixas. Esse ano, esperamos uma safra muito parecida com a do ano de 2023, isso em relação ao arábica e, também, à área de ação da Cooxupé que compreende cerca de 300 municípios no Sul de Minas, Cerrado Mineiro, Matas de Minas e Média Mogiana Paulista”, disse o diretor executivo da cooperativa de café mineira.
Outros países
Carlos Augusto ainda ressaltou que já há relatos de que a Colômbia se prepara para uma tentativa de recuperação na produção de arábica, mas ainda com alguns problemas na produção. Por sua vez, o Vietnã enfrenta problemas de seca.
Diante disso tudo, a pergunta central do painel foi: “Temos uma oferta favorável para suprir o mercado?”, questionou.
“Em contrapartida a tudo isso, o mercado e os consumidores globais estão cada vez mais exigentes em consumir um café de qualidade e, sobretudo, com procedência, respeitando os pilares sustentáveis social, ambiental e econômico. Produzimos café para o mundo e para um novo consumidor cada vez mais exigente e engajado com as boas práticas e que tem suas decisões pautadas na sustentabilidade”, destacou Carlos Augusto.
Estoques e protagonismo do Brasil
Em linhas gerais, ao serem questionados, os painelistas concordaram que os estoques estão baixos, destacando o desempenho do café robusta.
Em outra análise, ao contextualizarem a falta de crescimento da produção cafeeira na América Central e os problemas enfrentados pela escassez de mão de obra, assim como os elevados custos, os painelistas afirmaram que o Brasil assume papel de protagonista, amparado por apoio técnico, serviços e especialmente o uso de tecnologias.
“O Brasil cederá de 75 a 80% o café que o mundo precisa nos próximos 10 anos”, revelou Teddy. “O Brasil foi a resposta para problemas do mundo em relação ao café. As necessidades da próxima década serão supridas pelo País e, por isso, o produtor deve ficar muito feliz”, acrescentou Bem Clarkson.
Logística
Um dos desafios da cafeicultura brasileira está na logística, especialmente a dos portos para o escoamento da produção. Teddy foi direto ao afirmar que “se quisermos exportar mais é preciso melhorar a capacidade dos portos”.
Os painelistas concordaram de que é preciso uma atualização nos portos do Brasil, entretanto isso demanda tempo. Enquanto isso, preços são afetados.
Regulamento para Produtos Livres de Desmatamento (EUDR)
Dessa forma, o Regulamento da União Europeia para Produtos Livres de Desmatamento também foi tema das perguntas junto aos palestrantes.
“Claro que haverá impacto. O mercado não está preparado para isso, já o Brasil sim. Quem mais sofrerão serão os pequenos produtores de outros países. Precisamos de Compliance e mais tempo”, avaliou Teddy.
“Há uma complexidade muito grande na coleta de informações. O Regulamento prejudica os pequenos produtores, como os africanos e os da América Central. Por outro lado, impactará os preços junto aos consumidores”, analisou Trishul Mandana.
Por fim, Bem Clarkson concluiu a discussão também concordando com os graves impactos junto aos pequenos produtores de café que o regulamento europeu proporcionará. “Há ainda um risco em relação ao tipo de consumo que essa medida pode desencadear. A questão da documentação também é preocupante. O mercado não está preparado, os riscos são enormes”.
Seminário Internacional de Café
A programação do Seminário Internacional do Café segue nessa quinta, dia 23 de maio, na cidade de Santos.
Extraído do hub do café