Monte Santo
Monte Santo… Recordo-a, com ternura,
Num trecho azul de minha mocidade,
Casas brancas, de límpida brancura,
Almas boas, de esplendida bondade.
Monte Santo… Recordo-a, na amargura,
Nesta amargura que o meu ser invade,
Por ver que já se perde em noite escura,
O sol que ne deu vida e claridade…
Ai, meu segundo berço, amada terra,
Como me lembro! O “Pinheirinho”, arfando,
A resmungar no côncavo da serra;
A “Aparecida” no alto empoeirada;
E os “Dois Irmãos”, ao longe, namorando,
O anil do céu e o verde da chapada.
Noraldino Lima
Do Livro Vesperais (1.919)
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Monte Santo de Minas
A história foi assim: fez-se o veneno
Devido ao episódio do pecado.
Por isso, aquele oásis tão sereno
Tinha que ser, de vez excomungado.
Nosso Senhor, entanto, o Pai amado,
Na sua compaixão de Nazareno,
Teve pena do filho amaldiçoada
E quis lhe dar um novo Éden terreno.
Tomou do Amor, da Paz e da Harmonia,
Da bem-aventurança e da Alegria,
E pôs em tudo um beijo sacrossanto.
Pegou do mapa secular de Minas,
Fez nele um ponto. E, abrindo as mãos divinas:
– É mais que o paraíso: é MONTE SANTO!…
Paranhos de Siqueira
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Monte Santo em
Tom de Salmo
Minha cidade foi assinalada,
desde toda a eternidade, como Monte Santo,
porque foi a Porta de Sião bem amada,
mais amada que todas as moradas de Israel.
Canaã tropical onde correm rios de leite e de mel:
Ó terra minha, cidade do meu Deus!
E logo passo a cantar minha terra:
lugar alto, de ventos montanheiros,
ninho de aves condoreiras,
água boa, clima seco,
berço de gente mineiras:
ó terra minha, cidade do meu Deus!
Neste canto de louvor, eis a terra dos Franciscos,
que eles chamaram de paraíso – fala do Ouvidor –
gleba milagreira do café tipo cinco, onde despontou um presidente da República,
e floresceram filhos galardoados em letras e dinheiros:
ó terra minha, cidade do meu Deus!
Sempre soube das Orapas, Franças e Bahias,
que ficavam muito além das fumaças da Mococa,
baliza menina das conquistas do meu sonho,
que tanto espiei da atalaia da Santa Casa,
e que, na pobreza, meu irmão me fez partir:
ó terra minha, cidade do meu Deus!
Embora, em Sião, o Monte Santo, contudo, será dito:
este e aquele predestinados nasceram aqui, e o próprio Altíssimo terá dito sim.
Por ter curtido os trens que sobem e descem, para a conquista de São Paulo – o sucesso –
ó terra minha, cidade do meu Deus!
José Ferreira Carrato
(Na passagem do 167º aniversário da Cidade
26 de junho de 1.987)
Pesquisa: Maria Zelia