Ora, não deixa de ser penosa uma situação dessas. Se os nossos vereadores não querem atacar os problemas mais importantes da vida do município, pois até agora só tem aprendido a opor o titulo adiante dos nomes, por que não resolvem fazer uma revisão cuidadosa de nossas vias públicas? E porque não se decidem a reestudar o sistema de numeração das casas, que ainda é o mesmo de antes do dilúvio?… Muito rapidamente que fique aqui levantada essa questão da numeração das casas da cidade, ainda em situação mais precária que a dos nomes das ruas e que não sofreram nenhum trabalho de reatualização desde quando se adotou o sistema, parece-me em 1923. Adote-se o sistema de numeração segundo a metragem das ruas, coisa prática e definitiva.
É possível que a política entre para atrapalhar, aliás, como sempre acontece aqui em Monte Santo. Contudo uma sugestão que atenuará os conflitos: se se discutir a revisão dos nomes das ruas que se resolva não dar nomes de personagens vivos a qualquer das nossas vias públicas.
Que sejam lembrados os ilustres montessantenses do passado que trabalharam pela nossa coletividade. Serão bastante, pelo menos, para que todas as nossas ruas tenham nomes decentes e justos. Alguém vai objetar, então que um personagem vivo, o Dr. Wenceslau Braz, já é o padrinho de uma de nossas ruas há muitos anos e que não será de bom tom trocar-lhe o nome… Não faz mal. Que fique lá, por exceção, o nome conspícuo e venerando. Se algum dia, o iminente mineiro, que nasceu politicamente nesta terra generosa e ingênua, se lembrou de fazer algum benefício por ela nos altos postos que ocupou no Estado e na República, isso naturalmente foi também uma exceção, (será que existiu mesmo essa exceção?)
Pesquisa: Maria Zelia
Matéria do Professor Carrato, transcrito do Jornal Nova Era, de 21 de agosto de 1948.