O deputado federal pelo PL-RJ foi alvo de busca e apreensão na quinta-feira (25) em operação sobre o uso ilegal de sistema de monitoramento pela Abin
Por Gabriela Oliva
O deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ), alvo de um mandado de busca e apreensão pela Polícia Federal na quinta-feira (25), destinou a quantia de R$ 49 mil para uma agência criada por ex-assessores que integraram o chamado “gabinete do ódio” no governo de Jair Bolsonaro. Essa soma foi integralmente reembolsada pela Câmara dos Deputados.
Entre junho de 2023 e dezembro de 2023, Ramagem realizou
transferências mensais de R$ 7 mil para a agência. A Mellon Comunicação e
Marketing Ltda foi criada, em 17 de maio de 2023, por José Matheus Sales Gomes,
Leonardo Augusto Matedi Amorim e Mateus Matos Diniz, ex-assessores do Planalto.
Gomes também já atuou como assessor de Carlos Bolsonaro.
Gomes e Diniz estão sob investigação no inquérito das fake news em tramitação
no Supremo Tribunal Federal (STF), enquanto Amorim está atualmente empregado no
gabinete do senador Magno Malta, do PL do Espírito Santo.
O deputado, pré-candidato à Prefeitura do Rio de Janeiro, está no foco da Polícia Federal em uma operação que apura um esquema na Agência Brasileira de Inteligência (Abin) relacionado ao monitoramento ilegal de autoridades e cidadãos comuns. A ação teria ocorrido durante a gestão de Ramagem à frente da agência, durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). O político nega as acusações.
A operação, denominada “Vigilância Aproximada”, é
um desdobramento da investigação “Primeira Milha”, que apura o
suposto uso ilegal da plataforma FirstMile. A ação foi autorizada pelo ministro
Alexandre de Moraes, do STF.
De acordo com a investigação da PF, a plataforma adquirida pelo governo federal
era utilizada de maneira irregular para monitorar, através de dados de GPS,
celulares de servidores públicos, políticos, policiais, jornalistas e
advogados.
O que foi o gabinete do ódio
Durante o governo de Jair Bolsonaro no Palácio do Planalto, surgiu o “gabinete do ódio”, um conjunto de assessores encarregado da estratégia de comunicação digital do ex-presidente, caracterizado por adotar um tom de confronto em suas abordagens aos adversários políticos.
A coordenação desse grupo estava a cargo do ex-presidente e
de seu filho, Carlos Bolsonaro, que ocupa o cargo de vereador no Rio de
Janeiro. As ações do “gabinete do ódio” geraram repercussões, levando
as autoridades a direcionarem sua atenção ao grupo.
No âmbito do Congresso, a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) das
Fake News foi estabelecida, enquanto no Supremo Tribunal Federal (STF), um
inquérito está em curso para investigar a atuação do grupo, considerando-o como
uma possível “milícia digital”.
Extraído do Jornal O TEMPO