Queiroga sobre vacina para crianças: “A pressa é inimiga da perfeição”

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Ministro da Saúde voltou a afirmar que ainda não há uma data para a aplicação da vacina da Pfizer e insistiu que é necessária a realização de consultas populares para a pasta liberar o imunizante para crianças

Por RENATO ALVES | O TEMPO BRASÍLIA

20/12/21 – 08h35

Ministro da Saúde, Marcelo Queiroga: “O Ministério da Saúde é o responsável pela política pública de saúde. A pressa é inimiga da perfeição” – Foto: Tânia Rêgo /Agência Brasil

Mesmo com o aval da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para a vacinação de crianças de 5 a 11 anos, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, se mostra irredutível quanto à marcação de uma data para o início da imunização desse grupo. Ele sequer garante que haverá o procedimento.

Queiroga voltou a afirmar, na manhã desta segunda-feira (20), que ainda não há uma data para a aplicação da vacina da Pfizer e insistiu que é necessária a realização de consultas populares para a pasta liberar o imunizante para crianças, o que foge aos protocolos sanitários do país nem ocorreu para análise de qualquer imunizante, em nenhum momento da história do Brasil. 

Além da discussão, segundo ele, a liberação da Pfizer para crianças ainda dependerá de uma análise de técnicos do Ministério da Saúde. A conclusão só deve ser divulgada em 5 de janeiro. No domingo (19), a Câmara Técnica de Assessoramento em Imunização da Covid também se manifestou a favor do início da vacinação.

“Só a partir dessa análise completa é que nós colocaremos em consulta pública esse assunto, para que a sociedade tome conhecimento e registre a sua opinião. Não é uma eleição, para saber o que quer e o que não quer. É ouvir a sociedade. Depois dessas contribuições são analisadas pela área técnica, se faz uma audiência pública, onde se discutirá aprofundadamente esse assunto. Após, o Ministério da Saúde fará suas recomendações”, disse Queiroga a jornalistas, ao chegar ao Ministério da Saúde nesta segunda.

Queiroga afirmou que “a pressa é inimiga da perfeição” e minimizou a decisão da Anvisa.

“Não é um comunicado público que vai fazer o Ministério da Saúde se posicionar de uma maneira ou de outra. Eu preciso de toda a análise. A análise da qualidade, da evidência científica apresentada, avaliação da amostra de pacientes. O Ministério da Saúde é o responsável pela política pública de saúde. A pressa é inimiga da perfeição.”

Crescem pressões e ameaças a servidores da Anvisa

Ainda no domingo, a Anvisa emitiu um comunicado afirmando que nos últimos dias, novas ameaças e intimidações foram realizadas contra o corpo técnico do órgão via mídias sociais. Os alvos teriam sido tanto diretores como servidores do órgão.

Em ofício enviado ao procurador-geral da República, Augusto Aras, a Anvisa relata que as publicações com ameaças e ofensas nas redes sociais se intensificaram no sábado (18), devido à decisão, na última sexta-feira (17), de aprovar a aplicação da vacina contra a covid-19 da Pfizer em crianças de 5 a 11 anos.

O órgão informa que foram expedidos ofícios reiterando pedidos de proteção policial aos funcionários e dirigentes. As solicitações já haviam sido feitas no início de novembro, quando membros da agência começaram a sofrer intimidações.

Em outra nota, divulgada na sexta-feira (17), a direção da Anvisa rebateu declarações do presidente Jair Bolsonaro contra o órgão e seus servidores. Ela disse estar no foco e no alvo do ativismo político violento e que repele com veemência qualquer ameaça.

“A Anvisa está sempre pronta a atender demandas por informações, mas repudia e repele com veemência qualquer ameaça, explícita ou velada que venha constranger, intimidar ou comprometer o livre exercício das atividades regulatórias e o sustento de nossas vidas e famílias: o nosso trabalho, que é proteger a saúde do cidadão”, declararam, em nota, o presidente e os quatro diretores da agência.

A decisão do corpo técnico da Anvisa acompanhou uma decisão já tomada pelos mais respeitados órgãos de fiscalização de medicamentos do mundo. Os Estados Unidos foram os primeiros, com a liberação da Pfizer para crianças em 29 de outubro. Depois vieram Israel, Alemanha e outros países.

Servidores da Anvisa repudiam declarações de Bolsonaro

Ainda nesta sexta, a Associação de Servidores da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Univisa) divulgou uma nota nesta em que repudia a declaração de Bolsonaro contra a aprovação da vacina da Pfizer para crianças de 5 a 11 anos. A entidade considera uma intimidação aos servidores do órgão.

“A Anvisa não está subordinada a mim – deixar bem claro isso. Não interfiro lá. Eu pedi, extraoficialmente, o nome das pessoas que aprovaram a vacina para crianças a partir de 5 anos. Nós queremos divulgar o nome dessas pessoas para que todo mundo tome conhecimento de quem são essas pessoas e, obviamente, formem o seu juízo”, discursou Bolsonaro.

Na noite de quinta-feira (16), Bolsonaro — que declara não ter se vacinado e ataca incessantemente as vacinas — levantou dúvidas sobre a decisão da Anvisa em uma transmissão ao vivo nas redes sociais. O presidente cobrou a divulgação do nome dos responsáveis pela autorização e disse que os pais devem avaliar se darão ou não o imunizante aos seus filhos.

Na mesma live, Bolsonaro mentiu ao afirmar que a vacina é experimental e disse que vai analisar se vacinará Laura, sua filha de 11 anos.

Extraído do jornal O TEMPO

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