Engenheiro agrícola da SMC Specialty Coffees explica o que os produtores devem fazer para obter um café de excelência
Por Redação
Com qualidade e preço superior ao café commodity, o café especial exige cuidados e preparo que vão muito além da xícara. Entretanto, como uma família produtora pode produzir este tipo de café? A cooperativa mineira Cooxupé e a SMC Specialty Coffees realizam anualmente o Programa Especialíssimo. Dessa forma, revelando ao mercado os 50 melhores lotes de cafés especiais produzidos pelos produtores cooperados na atual safra. Resultando, ainda, em uma premiação aos cafés selecionados.
De acordo com engenheiro agrícola da SMC Specialty Coffees – empresa controlada pela Cooxupé com atuação no mercado de cafés especiais –, Felipe Mesquita de Miranda, a produção de um café de excelência envolve uma interação complexa entre genética, ambiente e processos desenvolvidos durante todas as etapas. Com foco, principalmente, no pós-colheita.
“Fatores como a cultivar, características do local onde a lavoura se desenvolve (altitude, solo, microclima, etc.) e os processos pelos quais os cafés são submetidos definirão a qualidade final da bebida”, diz Miranda.
Ponto de maturação
Na etapa de colheita, pois, conhecer o fruto ideal em meio a vários grãos em diferentes níveis de maturação é uma das tarefas. Nesse sentido, o ponto de maturação denominado “cereja” é considerado o ideal para a obtenção de um café de alta qualidade.
“Indicamos ao produtor iniciar a colheita de modo a conseguir colher ao máximo estes frutos”, sugere o engenheiro agrícola da SMC.
Na sequência, as boas práticas para manutenção da qualidade e até a melhoria do grão devem ocorrer no pós-colheita.
“É nesta etapa que as características de cada café serão potencializadas. Por isso, é importante que a capacidade de colheita esteja bem alinhada à infraestrutura pós-colheita. Além de processos como a secagem do café que deve ser realizada de maneira adequada garantindo, assim, excelentes resultados finais”, orienta Miranda.
Secagem: ponto de atenção
Ademais, para o engenheiro agrícola da SMC, a secagem é uma das etapas de maior importância e impacto sobre a qualidade do café.
“Uma secagem bem conduzida é essencial para definição da qualidade e armazenamento seguro. Conhecer alguns aspectos práticos da secagem é fundamental para tomada de decisões e alcançar o sucesso na operação”, revela.
Do mesmo modo, ele acrescenta que, tanto nos terreiros quanto nos secadores, o controle da temperatura de secagem do café é fundamental para garantir a integridade das células dos grãos.
“Isto que definirá a qualidade e sua manutenção durante o período de armazenamento”, esclarece o engenheiro agrônomo. Ele sugere o percentual de 10,8 a 11,2% como faixa ideal de umidade segura para armazenamento do café.
De antemão, uma umidade superior a estas recomendadas pode causar branqueamento, risco de ação de micro-organismos e perda de qualidade acelerados. Por outro lado, segundo Miranda, uma umidade inferior provoca excessiva quebra de grãos no beneficiamento, além do prejuízo em peso.
Cuidado com o ambiente e estrutura
Completando as etapas antes de chegar à xícara, a produção de café especial exige, portanto, higiene e limpeza das estruturas. Ou seja, processo considerado essencial para a manutenção das características do grão.
“É preciso manter o ambiente e equipamentos sempre limpos para manipular o café, evitando contaminações e garantindo condições ótimas de segurança alimentar e de qualidade ao produto, que posteriormente será levado à mesa do consumidor”, finaliza Miranda.
Programa Especialíssimo
Em primeiro lugar, a revelação dos 50 melhores lotes de cafés especiais da Cooxupé acontecerá em novembro, na cidade de Guaxupé, onde a cooperativa mantém sua sede há mais de 90 anos.
Além disso, a premiação total do Programa Especialíssimo é de R$ 330 mil, sendo que o lote de café campeão será premiado com R$ 50 mil.
“Sempre lembramos que o nosso programa não se trata de um concurso. Mas, sim, uma seleção dos melhores cafés especiais, que apresentam acima de 83 pontos na avaliação. A cada edição do Especialíssimo, a qualidade do café tem elevado. E, assim, apresentado diferença mínima nas pontuações entre os três primeiros colocados. Isso nos demonstra o quanto as famílias cooperadas estão dedicadas e focadas em conseguir produzir um café especial. Que, certamente, proporciona melhor rentabilidade e competitividade neste nicho de mercado”, declara o vice-presidente da Cooxupé, Osvaldo Bachião Filho.
Em suma, o Programa Especialíssimo é aberto somente aos cooperados da Cooxupé. E recebe lotes de cafés para avaliação até o dia 30 de setembro.
Extraído do hub do café