Mobilizações serão iniciadas na próxima semana; objetivo é geração de renda e autonomia financeira das famílias
Pensando em fortalecer a renda e a independência financeira das famílias
de jovens em conflito com a lei, a Subsecretaria de Atendimento Socioeducativo
(Suase), ligada à Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp), e o Polo de
Evolução de Medidas Socioeducativas (Pemse) lançaram, nesta semana, o programa
Pemse nas Famílias. As atividades serão ministradas em 14 Casas de
Semiliberdade e incluem a realização de cursos profissionalizantes tanto para
os adolescentes quanto para seus familiares.
O objetivo também é fomentar parcerias com instituições e empresas para
encaminhamentos ao mercado de trabalho ou até oportunidade de compra de
materiais produzidos por eles, por meio de confecção própria. Haverá uma
formação básica voltada ao empreendedorismo, em parceria com Sebrae, e oficinas
profissionalizantes. As atividades serão propostas conforme desejo, interesse e
habilidades dos participantes de cada unidade socioeducativa. A mobilização
junto aos adolescentes e familiares para adesão começa já na próxima semana.
Pemse nas Famílias
O anúncio do programa foi feito na terça-feira (29/3), último dia do evento
Mulheres que Inspiram, promovido pelo Pemse, em parceria com a Suase. Nos
encontros anteriores (15 e 22/3), profissionais, comunidade, familiares e
as adolescentes que cumprem medida de semiliberdade debateram sobre os direitos
da mulher, o atendimento ao público feminino no sistema socioeducativo de Minas
Gerais, o papel das mulheres no mundo do trabalho e o empreendedorismo social.
Na oportunidade, quatro mulheres receberam reconhecimento pelo trabalho desenvolvido no socioeducativo junto ao público feminino, entre elas Érika Vinhal Rodrigues, superintendente de Atendimento ao Adolescente da Suase. “O novo projeto irá agregar esforços no empreendedorismo do adolescente com a suas referências, potencializando o eixo da família e da convivência comunitária na medida socioeducativa de semiliberdade”.
O coordenador do Pemse, Alexandre Rocha, conta que a ideia de lançar o programa no Mulheres que Inspiram se deu em razão de estudos apontarem que 85% dos adolescentes atendidos nas unidades de semiliberdade que o Pemse atua, junto ao estado, a chefe de família é uma mulher. “Focamos no empreendedorismo porque normalmente essa mãe ou esse familiar tem outras atribuições de responsabilidade em suas vidas, como trabalho, estudo e cuidado com outros dependentes, e o empreendedorismo facilita isso. Essas pessoas poderão utilizar o tempo da melhor forma”.
Referências familiares
Paula Fernandes*, é mãe de um adolescente de 16 anos que está na Casa de
Semiliberdade Letícia, instalada na região do Barreiro, em Belo Horizonte. Para
ela, boas oportunidades não são jogadas fora. Ela interrompeu os estudos quando
se casou. Após o divórcio, não perdeu tempo e concluiu o ensino fundamental e o
médio. Agora pretende prestar vestibular para algum curso na área da saúde.
Ela, que já trabalhou como doméstica e auxiliar de produção, busca se
qualificar cada vez mais para conseguir uma colocação melhor no mercado de
trabalho. “Tenho que fazer o possível para administrar o meu tempo. Não é
fácil, mas a vontade de fazer dar certo é maior. Nunca tive contato com uma
máquina de costura, por exemplo. Encontrei uma dificuldade, mas não desisti. O
projeto pode ser importante para me dar suporte para um emprego melhor e
incentivar os meus filhos a continuar estudando e se capacitando. Quero ser
esta referência positiva na vida deles”, destaca.
A avó de um outro jovem, de 16 anos, que cumpre medida na Casa de Semiliberdade
São João Batista, na região de Venda Nova, concorda. Carla Regina*, de 56 anos,
é a referência familiar do adolescente e de sua outra neta de 12 anos. O pai do
garoto está preso e a mãe residindo em outro estado. Ela acredita que poderá
aprender muita coisa com o projeto, além de incluir o neto em um trabalho e,
quem sabe, realizar um sonho: abrir a sua própria confecção de roupas.
*Os nomes dos familiares são fictícios para preservar a identidade dos
adolescentes, segundo determinação do Estatuto da Criança e do Adolescente
(ECA)
Fonte: Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp)
Fotos: Sejusp / Divulgação