Curso ministrado por especialistas norte-americanos capacita 16 técnicos da área de inteligência de Minas e outros 33 profissionais de 22 estados e do Distrito Federal
Dezesseis profissionais que atuam na área de inteligência
do sistema de Segurança Pública de Minas Gerais participam, nesta semana, de um
treinamento com especialistas do Federal Bureau of Investigation (FBI) –
agência de segurança do governo dos Estados Unidos. Ao todo, 49 profissionais
da área de inteligência de 22 Estados e do Distrito Federal participam do
curso “Transnational and Organized Crime Investigations”, que teve início
nesta segunda (13/5) e segue até sexta-feira. O objetivo é capacitar os analistas
para investigações internacionais de práticas de corrupção e avaliações de
envolvimento de organizações criminosas transnacionais na prática deste e de
outros crimes.
Sediado pela Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp), por
meio da Escola Integrada de Segurança Pública, o curso é organizado pelo
Ministério da Justiça e Segurança Pública, por meio da Secretaria de Operações
Integradas, em parceria com a Embaixada dos Estados Unidos no Brasil. Os
instrutores são três profissionais do FBI, vindos de Chicago, Califórnia e
Flórida e com atuação em diversos países.
No curso, profissionais de todo o país estão sendo capacitados para atuação de
inteligência no combate a organizações criminosas e crimes transnacionais, que
afetam o continente como um todo.
“Um dos exemplos é o tráfico de drogas. Dentro da América há países produtores,
países que funcionam como entreposto comercial – caso do Brasil –, e países
consumidores. Esse tipo de capacitação pode elevar o nível de trabalho de
combate ao crime”, explicou o delegado José Anchieta Nery Neto, representante
da Diretoria de Inteligência, da Secretaria de Operações Integradas do
Ministério da Justiça. “Os profissionais de Segurança Pública do Brasil estão
entre os melhores no mundo, mas temos sempre muito a melhorar, diz”.
O representante do Ministério da Justiça citou ainda os exemplos de crimes
cibernéticos, tráfico de armas, corrupção e lavagem de dinheiro, que
ultrapassam as fronteiras dos países e, muitas vezes, requerem investigações
integradas. “Neste curso, os instrutores vão falar da experiência deles no FBI
no combate ao crime organizado, apresentando conceitos e citando exemplos de
casos específicos”, detalhou o delegado.
Presente na abertura do treinamento, o secretário de Segurança Pública e de Administração
Prisional, general Mario Araujo, ressaltou a honra e a satisfação de
Minas Gerais em ser anfitrião de uma capacitação tão relevante para as forças
de segurança. “O trabalho de inteligência é extremamente importante para o
processo decisório de quem ocupa cargos públicos”, ponderou.
Citando o atentado de 11 de setembro de 2001, o secretário
afirmou que os Estados Unidos superaram o desafio de integração das
inteligências e podem compartilhar sua expertise e suas experiências com o
Brasil. “Quanto mais capacitamos nosso pessoal, melhor para o funcionamento das
estruturas de inteligência e melhor para o combate ao crime organizado”,
destacou o general Araujo.
Segundo o representante do Escritório do FBI nos Estados Unidos, Richard Bear,
que é também um dos instrutores do curso, o objetivo é a troca de experiências,
tanto com a apresentação de lições aprendidas pelo FBI nos últimos anos quanto
com a possibilidade de aprendizado a partir de vivências brasileiras no
enfrentamento à criminalidade. “O FBI sozinho não consegue tudo, precisamos
contar com a ajuda da polícia local, da federal, do governo e da sociedade.
Para nós é uma honra estar aqui e poder compartilhar nossas experiências,
pensamentos e ideias para fazer comunidades mais seguras”, afirmou.
Também participaram da abertura dos trabalhos o diretor de Inteligência
da Polícia
Militar, coronel Juliano Cançado Dias, o superintendente de
Informações e Inteligência Policial da Polícia
Civil, delegado-geral Ivan José Lopes, e o corregedor do Corpo de Bombeiros
Militar, coronel Marcus José Tibúrcio Lima.
O treinamento
A maior parte dos profissionais que participam do curso trabalha nas áreas de
inteligência da Polícia Militar, Polícia Civil, Corpo de Bombeiros, Sistema
Prisional e Sistema Socioeducativo. Mas há também representantes de outras
instituições, como Agência Brasileira de Inteligência, Ministério Público
Federal, Receita Federal, Departamento Penitenciário Nacional (Depen), Agência
Nacional de Aviação Civil, entre outras.
A Inteligência do Sistema de Segurança de Minas Gerais participa com
profissionais da Sesp, do Sistema Prisional, da Polícia Militar, da Polícia
Civil e do Corpo de Bombeiros. Além dos representantes de Minas, há analistas
de inteligência de São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Ceará, Paraná,
Maranhão, Pernambuco, Tocantins, Sergipe, Santa Catarina, Rio Grande do Sul,
Rio Grande do Norte, Rondônia, Roraima, Piauí, Paraíba, Mato Grosso, Mato
Grosso do Sul, Amapá, Alagoas, Amazonas, Acre e Distrito Federal.
Na próxima semana, o treinamento “Transnational and Organized Crime
Investigations” será replicado em Recife, para outros 50 profissionais de
áreas de inteligência de todo o país.
Crédito das fotos: Luiza Muzzi/Divulgação Sesp