Presos fabricam móveis para instituições filantrópicas

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Madeira que seria descartada é transformada em móveis e brinquedos aliando ressocialização, profissionalização e ação social

Uma nova oficina de marcenaria instalada na Penitenciária de Três Corações está dando oportunidade de trabalho e profissionalização para dez custodiados. O projeto Mobiliando Sorrisos, desenvolvido pela Diretoria de Trabalho e Produção, da Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp), garante que o trabalho de internos do sistema prisional beneficie a comunidade local por meio da doação de brinquedos e mobiliários fabricados com madeiras que seriam descartadas.

Os paletes de madeira utilizados na fabricação dos móveis são doados pela empresa Mellita do Brasil. Todo esse material, que antes virava lixo e era descartado, está se transformando em móveis como cadeiras, mesas, bancos e espreguiçadeiras e serão doados para Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae), do município de Três Corações.

Desde a inauguração da oficina, mais de cem mobiliários já foram produzidos pelas mãos dos presos que se empenham em criar peças que sejam além de bonitas, confortáveis. A expectativa da direção-geral da unidade prisional é que, ainda este mês, brinquedos também feitos de madeira comecem a ser produzidos. O destino são instituições carentes que atendem o público infantil e também bibliotecas e espaços públicos.

Os internos que trabalham na oficina foram selecionados pela Comissão Técnica de Classificação (CTC), responsável por avaliar requisitos como segurança, comportamento, situação processual e interesse dos custodiados. Alguns presos selecionados já haviam trabalhado com madeira antes da prisão. Tudo funciona numa rede de multiplicação de conhecimento: aqueles que dominam as técnicas ensinam os que ainda não têm tanta experiência. Pelo trabalho eles receberão remição de pena, em que a cada três dias trabalhados, um é remido da sentença.

Para Sandro Coelho Braziel, 44 anos, que era metalúrgico antes de ser preso, lidar com a madeira é um universo completamente diferente e novo. “Eu estou gostando muito. Já aprendi tantas coisas novas, estou desenvolvendo outras habilidades e ocupando a minha mente. Está sendo gratificante aprender algo novo e conhecer as ferramentas. Vejo isso como uma possibilidade de trabalho autônomo quando eu sair daqui, pode ser um bom meio de ganhar a vida”.

Mobiliando sorrisos

O projeto teve início no Complexo Penitenciário Nelson Hungria, em Contagem. Na unidade da Região Metropolitana de Belo Horizonte a produção acontece em parceria com a Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad), que doa madeira de demolição ou ilegal apreendidas. Para a superintendente de Humanização do Atendimento, Louise Bernardes Leite, boas ideias devem ser multiplicadas e replicadas em outras unidades prisionais do Estado.

“Essa madeira proveniente de desmatamento irregular e de empresas que não iriam usar mais o material deixa de ficar deteriorando no tempo. O material vem para a secretaria, que encaminha para a unidade prisional, onde são produzidos os móveis que doamos para instituições filantrópicas. Isso é excelente porque ao mesmo tempo em que estamos profissionalizando os presos, estamos dando um novo destino para um material que seria descartado. Ainda, ajudamos as instituições de caridade”, diz a superintendente.

Três Corações

A Penitenciária de Três Corações passou recentemente por uma revitalização. As obras duraram cinco meses e contaram com a mão de obra de oito presos. O telhado e a pintura interna e externa dos três prédios administrativos foram revitalizados; o encanamento do esgoto dos cinco pavilhões foi trocado e a pintura do corredor e dos pátios de banho de sol também foram realizadas.

Além disso, a unidade ganhou calçamento de 600 metros entre o anexo e entrada da penitenciária. A parte elétrica dos pavilhões 1 e 2 foi refeita e houve reformas das celas íntimas de cada pavilhão. As salas de aula ganharam nova iluminação e está em construção um novo parlatório para atendimento jurídico.

Os bloquetes usados na pavimentação da unidade foram feitos pelos mesmos presos que trabalharam na obra, usando material reciclável.  As marmitas de isopor que iam para o lixo foram a base para os blocos. Os outros materiais usados para compor a mistura também são provenientes de descartes. A areia, a brita e o cimento são doados por uma empresa da região que rejeitaria os itens.

A atual direção da penitenciária assumiu a unidade em agosto do ano passado e, desde então, investe em melhorias na penitenciária. Segundo o diretor-adjunto da unidade, Alisson Paulinelli, “o principal objetivo é transformar a unidade em um ambiente mais agradável tanto para os servidores, quanto para os custodiados e seus familiares. Todo o trabalho é feito com mão de obra do preso, que reconhece o efeito de um ambiente digno para o cumprimento da sua pena”, afirma.

Crédito (fotos): Divulgação/Sejusp

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