SEE aponta caminhos para a equidade racial desde a educação básica e busca valorizar a história e cultura afro-brasileira e africana nas escolas
Neste 21/3, Dia Internacional pela Eliminação da
Discriminação Racial, Dia Nacional das Tradições Africanas e Dia Mundial
da Infância, a Secretaria de Educação de Minas
Gerais (SEE-MG) destaca a importância de combater o racismo
desde os primeiros anos da escola.
Para construir políticas públicas afirmativas sobre a temática étnico- racial e
desenvolver uma consciência racial desde a primeira infância, a SEE realiza
série de ações pedagógicas estratégicas e necessárias para desenvolver uma
educação infantil pela equidade racial.
Dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua)
do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), de
2022, apontam que a população negra corresponde a 55,8% dos
brasileiros. Só na rede pública estadual de ensino mineira, quase 62% dos
estudantes matriculados se autodeclararam como negro, pardo e/ou pertence a
alguma etnia indígenas.
Mesmo que os negros sejam maioria na população brasileira, o país ainda
vivencia camadas de racismo estrutural enraizadas e há pesquisas que apontam os
possíveis efeitos do segregacionismo no desenvolvimento infantil.
Ações
A SEE realiza, de forma constante e transversal, uma série de ações
pedagógicas estratégicas que se configuram como políticas públicas afirmativas
sobre a temática étnico racial.
Todas as ações estão previstas no Currículo Referência de Minas Gerais
(CRMG), em cumprimento à Lei 10.639, de 2003, que tornou
obrigatória as práticas com a temática racial.
A subsecretária de Desenvolvimento da Educação Básica da SEE/MG, Izabella
Cavalcante Martins, aponta a necessidade de fortalecer as políticas públicas
para a busca da equidade racial. “Entre as muitas áreas em que é possível
constatar o racismo, a educação tem sido um importante lugar de reprodução
deste problema, desde a educação básica até o ensino superior”, comenta.
A subsecretária completa, ainda, que ações de combate e mitigação podem
contribuir para um espaço de mudança desde a educação infantil.
“Precisamos instaurar propostas pedagógicas e políticas comprometidas com a
superação da desigualdade racial. Enquanto educadores, sabemos que os primeiros
anos de vida são fundamentais para a criança estabelecer os alicerces das suas
aquisições futuras em termos de aprendizado e desenvolvimento. Reconhece-se que
os investimentos para aprimorar as condições de vida nesse período permitem a
criação de sociedades harmônicas, acolhedoras e respeitosas com o ser humano”,
ressalta Izabella.
Relações étnico-raciais
Ação educacional que evidencia a importância de
educar as crianças desde a primeira infância sobre as diferenças raciais e
incentiva o respeito às diferenças é a Educação das Relações Étnico-raciais
(Erer).
Esse é o atendimento direto à demanda da população afrodescendente, por meio da
disponibilidade de políticas de ações afirmativas e pedagógicas inscritas na
educação básica. Pode, ainda, ser entendida como política de reparações,
reconhecimento e valorização da história do povo negro e do seu legado,
cultura e identidade associadas ao contexto de aprendizagem escolar.
O Erer ressignifica o processo de aprendizagem dos estudantes por meio do
reconhecimento identitário e da valorização sociocultural. No âmbito social, a
educação das relações étnico-raciais atua como estratégia de combate ao racismo
e às violências de caráter epistemológico.
A SEE/MG desenvolve ações pedagógicas em duas frentes de atuação no âmbito
racial. A ação de combate ao trabalho infantil e o Plano Estadual da
Primeira Infância. Ambos buscam a equidade no desenvolvimento
educacional.
Iniciação científica
Nas escolas da rede estadual de ensino de Minas Gerais é realizado, no ensino
médio, o Programa de Iniciação Científica na Educação Básica.
O projeto tem a finalidade de fomentar o protagonismo juvenil, o desenvolvimento
de competências e habilidades inerentes à pesquisa com Núcleos de Pesquisas e
Estudos Africanos, Afro-brasileiros e Diáspora (Nupeas).
Esses núcleos desenvolvem atividades de ensino, pesquisa e extensão
relacionados ao campo de estudos afro-brasileiro e africano, o que produz o
fortalecimento identitário de jovens negros e os colocam como protagonistas em
produções científicas, abrindo caminhos para estarem onde quiserem. O processo
de inscrições da edição 2023/24 está em andamento.
Leitura
Outra ação para o fortalecimento da temática da história e cultura
Afro-Brasileira e africana nas escolas é o repasse de recursos da SEE/MG para
compra de livros paradidáticos e literatura antirracista.
Nesta ação, assegurando a autonomia pedagógica da unidade de ensino, as escolas
têm acesso ao Catálogo Literário Autorias da Diversidade, para escolha e compra
do material didático a ser trabalhado com os alunos em sala de aula, em
consonância com uma pedagogia antirracista.
Também neste contexto, foi instituída pela SEE/MG que o estudante, na ato da
matrícula, realize a sua autodeclaração – a sua raça/cor. Este mecanismo
permite mapear a rede estadual e criar políticas públicas direcionadas para o
público.
A SEE realiza, ainda, em todas as etapas de ensino, o Programa de Convivência
Democrática em que as escolas são orientadas a realizar atividades com foco na
consciência racial e na educação antirracista com repúdio a
situações de preconceito e que desrespeite as diferenças.
O programa também monitora os casos de violação de direitos e promove a gestão
de projetos com atenção aos Direitos Humanos.
Crédito: Gil Leonardi / Imprensa MG