PF faz ação contra lavagem de dinheiro com ouro ilegal em Roraima e Pernambuco

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“Os valores seriam oriundos da compra e venda de ouro ilegal e contaria com o uso de empresas de fachada, que buscariam dar aspecto de legalidade às transações financeiras”, diz PF em nota

Agentes cumpriram oito mandados de busca e apreensão, além do bloqueio de bens, em Roraima e em Pernambuco — Foto: Divulgação/Polícia Federal

A Polícia Federal deflagrou na manhã desta sexta-feira (10) a operação BAL, com o intuito de coletar provas contra uma organização criminosa que coordenaria um esquema de lavagem de dinheiro fruto do comércio de ouro extraído e vendido ilegalmente. 

São cumpridos oito mandados de busca e apreensão, além do bloqueio de bens, em Roraima e em Pernambuco, expedidos pela 4ª Vara Federal Criminal da Justiça Federal em Roraima.

As investigações começaram com o recebimento de informações sobre uma abordagem da Polícia Rodoviária (PRF) a um dos suspeitos em uma rodovia de Roraima. Durante a ação de rotina, os patrulheiros verificaram inconsistências na história contada pelos passageiros de um veículo, os quais tentaram ocultar uma viagem recém realizada a Rondônia.

Análises da PF indicaram envolvimento do passageiro com outros suspeitos já investigados em outros procedimentos e conseguiram revelar um esquema que teria movimentado R$ 64 milhões em pouco mais de dois anos.

“Os valores seriam oriundos da compra e venda de ouro ilegal e contaria com o uso de empresas de fachada, que buscariam dar aspecto de legalidade às transações financeiras”, disse a PF em nota.
Os suspeitos receberiam valores de diversos financiadores pelo Brasil e sacariam ou transfeririam os valores para pessoas e empresas no estado de Roraima, as quais seriam responsáveis pela compra de ouro ilegal.

O nome da operação faz alusão a um composto utilizado no tratamento de envenenamento por ouro, o BAL (British anti-Lewisite), situação da qual, figurativamente, padeceria o estado de Roraima no momento.

PF faz operação para destruir maquinário usado por garimpeiros

Também nesta sexta, a PF faz as primeiras ações de erradicação do garimpo ilegal nas terras Yanomami. Agentes desembarcaram no território indígena para destruir maquinário usado para extração de ouro, atividade proibida na região e apontada como uma das causadoras da crise humanitária que já custou centenas de vidas, principalmente de crianças, que morreram por malária e desnutrição.

“Os trabalhos visam a interrupção da logística do crime, com foco na inutilização da infraestrutura usada para a prática do garimpo ilegal bem como a materialização das provas sobre a atividade criminosa”, informou a PF, por meio de nota divulgada na manhã desta sexta sobre a “Operação Libertação”.

Lideradas pela Polícia Federal, as ações de combate ao crime são realizadas por força-tarefa composta também pelo Ibama, Funai, Força Nacional e Ministério da Defesa. Eles destoam da postura adotada no governo de Jair Bolsonaro, que vetou a destruição de máquinas usadas por garimpeiros ilegais.

Como reforça o chefe da Diretoria de Meio Ambiente e Amazônia da PF, Humberto Freire, “o foco das ações é na logística do crime e no registro da materialidade delitiva, não nas pessoas envolvidas, de modo a evitar que haja dificuldades na saída dos não índios da Terra Yanomami”.

Freire ressalta também a importância de se evitar uma outra crise humanitária, em relação aos garimpeiros que não consigam sair da área e também acabem sem meios de subsistência mínima. “Não podemos esquecer que o foco principal da operação é a desintrusão total dos não índios da TI Yanomami”, diz.

“A Operação Libertação permanecerá em andamento até o restabelecimento da legalidade na terra indígena Yanomami. As ações de planejamento estão sendo realizadas no Centro de Comando e Controle da Operação Libertação, ambiente de trabalho localizado na Superintendência Regional da PF em Roraima para permitir a atuação, de maneira integrada, dos órgãos envolvidos na ação”, informou a PF.

Por Renato Alves

Extraído do Jornal O TEMPO

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