Pesquisas realizadas no Brasil têm auxiliado cada vez mais
na melhoria da qualidade de vida e no bem-estar de Pessoas com Deficiência
(PcD). Em Minas Gerais, por exemplo, um grupo de pesquisadores resolveu
enfrentar os obstáculos vividos por atletas cadeirantes paralímpicos a fim de
buscar novas ideias e soluções para criar cadeiras de rodas inovadoras.
O projeto visa o esporte de alto rendimento, em função da
necessidade de melhorar o rendimento dos paratletas e em decorrência das
limitadas opções nesse mercado. De acordo com o engenheiro e pesquisador Lucas
Cardoso, as cadeiras de rodas às quais os atletas e a população têm acesso
atualmente são de modelos genéricos, prontos em larga escala, que não levam em
consideração características e necessidades individuais.
“No longo prazo, essas cadeiras convencionais, se
utilizadas sem orientação e acompanhamento médico, podem agravar o estado de
saúde do usuário. Por não levarem em consideração as características
antropométricas – estudo das medidas e dimensões do corpo humano -, seu uso
pode acentuar a gravidade física e gerar novas complicações, como fraquezas
musculares”, observa Cardoso.
Para o Defensor Público Federal André Naves, que é
especialista em inclusão social, este é um belo exemplo de como a tecnologia, a
inovação e a universidade pública podem contribuir para a verdadeira inclusão
das pessoas com deficiência.
“O trabalho desses pesquisadores comprova que a
educação pública (Universidade Federal de Uberlândia) – articulada com atores
públicos e privados; e respeitando o protagonismo e as características de cada
portador de deficiência -, pode oferecer soluções criativas e valiosas que,
nesse caso específico, vão elevar o bem-estar físico e psicológico de atletas
paralímpicos, mas que, no futuro, poderão beneficiar milhares de usuários de
cadeiras de rodas. A novidade pode ensejar novos usos e práticas em prol da
sociedade como um todo”, comentou Naves.
O projeto de Uberlândia surge para auxiliar as modalidades
de esportes paralímpicos praticadas no Brasil. A lista é vasta e está em
constante expansão: basquete, esgrima, handebol, parabadminton, rúgbi, tênis e
tiro com arco são algumas delas. Atletas de alta performance também estão
envolvidos no projeto, realizando testes práticos e de validação das cadeiras,
com efetiva participação em toda a metodologia de prescrição e criação. Nesta primeira
fase, já foram desenvolvidas cadeiras de rodas especiais para o basquete, o
rúgbi ataque, o tênis de quadra e a esgrima.
Para o seu desenvolvimento, o projeto conta com
financiamentos do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações e do Ministério
Público do Trabalho de Uberlândia; bem como o apoio da Prefeitura de
Uberlândia, do Comitê Paralímpico Brasileiro, do Praia Clube e do
SESI/Gravatás.
“Este projeto demonstra como temáticas e soluções voltadas aparentemente a apenas uma parcela da população são importantes à toda coletividade, funcionando como motor para o desenvolvimento sustentável, justo e inclusivo de toda a sociedade”, finalizou o Defensor Público André Naves.
Fonte: Cristina Freitas cristina@libris.com.br
Foto: Espaço Homem