O Natal, até etimologicamente, é nascimento, é comemoração da vida, é homenagem ao fato de existirmos. É momento de renovação, de aprofundamento daqueles valores esquecidos por uma sociedade que privilegia a morte e a destruição. Quando imaginamos uma sociedade harmônica, justa,solidária, respeitosa, deparamos, no entanto, com a fome, a exclusão, as guerras,os conflitos entre povos e entre as pessoas. Uma sociedade melhor é, porém,sempre possível.
A esperança é acreditar na possibilidade humana. As mais fecundas possibilidades estão no coração de cada um de nós. E o Natal é ocasião de nos despertarmos para o crescimento e para a transformação. A angústia que muitos sentem no período natalino vem de um hábito arraigado de insatisfação. O vazio humano é um convite à esperança. É nele que vamos plantar e ajudar na construção humana. Lamentar o negativo apenas adia nossa contribuição. E uma forma de estarmos insatisfeitos é olhar o passado com rancor e com culpa. Inviabilizamos um Natal com os que nos rodeiam pensando nos que não estão presentes.
Sempre tenho dito que a maior homenagem que podemos prestar aos mortos é levarmos uma vida alegre e feliz. Ao nascer, Jesus rompeu com um passado e instaurou uma nova ordem- a ordem da esperança e das nossas infinitas possibilidades.
Na tentativa de negar nossa condição imperfeita, viajamos para o passado e para o futuro através de nossos pensamentos. Natal é corpo. É momento presente. É ser feliz, apesar de…
Os problemas sempre existiram e existirão. A nós compete usá-los para nossa melhoria e para a melhoria da humanidade. O Ano-Novo que se descortina é uma folha em branco onde cada um, de acordo com suas possibilidades, vai escrever mais um capítulo de sua vida. Não estamos no mundo para ser perfeitos, mas para ser, cada dia, um pouco melhores. Poderá haver uma sociedade sem guerra, sem luta, sem ódio, sem ciúme e sem inveja. Temos de começar de nós. Cada um de nós é a causa da violência na sociedade. Transformar a angústia em perdão e esperança é o caminho dos que querem ser felizes. A vida é muito curta, e o amor é o nosso maior dom e aliado. Não podemos perder tempo lamentando os natais passados ou com medo do amanhã. A vida, na sua simplicidade de gruta, de manjedoura e de incerteza, nos pede que a vivamos.
O Natal, antes que uma data, é um jeito de viver. É do ano todo. É incentivo para não nos acomodarmos. É desafio e risco. Tudo na vida pode, ser mais ou menos. A única coisa que não podemos é amar mais ou menos. O Natal não é fora, não é ontem, não é amanhã; o Natal é agora no coração. Adhemar Cecílio de Medeiros- 17.12.2018