Deputados exigem respeito do Executivo ao Parlamento Mineiro em resposta a declarações dadas em entrevista por Zema.
Alguns deputados se manifestaram nesta quarta-feira (7/7/21), na Reunião Extraordinária do Plenário da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), sobre declarações do governador Romeu Zema, que fez críticas generalizadas ao Parlamento Mineiro. Entre as declarações, destaca-se a do líder do Governo na ALMG, deputado Gustavo Valadares (PSDB), ainda no início da reunião, que pediu desculpas aos colegas em nome do Executivo.
“Não conversei com o governador após essa entrevista, mas é o líder do Governo que agora pede desculpas aos 77 deputados desta casa e espero que o governador faça o mesmo”, afirmou Gustavo Valadares. “Com críticas e elogios se constrói a democracia, assim ajudamos a fazer um Estado melhor. Mas vou aconselhar ao governador que adote o silêncio como o melhor caminho neste momento, para que possamos construir pontes e buscar alternativas para esta crise que está instalada em Minas Gerais”, apontou.
As declarações do governador foram dadas pela manhã, em entrevista a uma rádio, ao comentar o panorama de distribuição de energia elétrica no Estado e a suposta necessidade de privatização da Cemig. Ele alegou que os deputados que mais criticam seu governo seriam os que pouco trabalham. Já está em andamento na ALMG uma comissão parlamentar de inquérito (CPI) para investigar irregularidades na empresa, que tem o Executivo como um dos principais controladores.
Respeito – André Quintão (PT), líder do Bloco Democracia e Luta, de oposição ao Executivo, considerou que faltou respeito do governador ao Parlamento mineiro e classificou como “chulos” os termos usados por Romeu Zema ao se referir aos deputados. “Ontem, enquanto nós votávamos aqui no Plenário a Lei de Diretrizes Orçamentárias, a LDO, o governador visitava Campos Altos (Alto Paranaíba)”, lembrou.
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“O engraçado é que ele criticou o fato de um agricultor que ele conheceu nesta viagem estar sem energia adequada há dois anos e meio e por isso ter que usar um gerador, como se isso fosse culpa da Assembleia. Ora, como governador, que ele vá ao presidente da Cemig e cobre providências”, arrematou André Quintão.
Líder do Bloco Minas São Muitas, de posição independente com relação ao Executivo, Cássio Soares (PSD) também classificou como “infelizes” as declarações do governador. “Ele não deveria generalizar as críticas. Ele deve estar muito envolvido com suas práticas empresariais e pouco acompanhou a história dessa Casa na construção de capítulos importantes para os mineiros”, ironizou.
O parlamentar criticou ainda o anúncio, pelo governador, de investimentos no Estado ainda longe de se concretizarem e, paralelamente, a queda de investimentos na saúde em plena pandemia de coronavírus. “Os números dos gastos em saúde deste governo são lamentáveis”, concluiu.
Servidores – Ao final da Reunião Extraordinária, Sargento Rodrigues (PTB) fez coro aos colegas e classificou como “absurda” e “muito infeliz” a entrevista do governador. “Eu conheço 820 dos 853 municípios mineiros, e viajando de carro, não no conforto de um helicóptero como o senhor governador faz. O deputado não pode se dar ao luxo de ficar sentado na cadeira, como o senhor diz, pois esse o eleitor não traz de volta no crivo das urnas”, criticou.
O parlamentar garantiu que o Executivo já tem recursos disponíveis para quitar os vencimentos de todas as categorias no quinto dia útil. “Pare de mentir sobre as receitas do Estado, pare de politicagem”, cobrou Sargento Rodrigues.
“O senhor ainda não colocou o pagamento em dia com medo de os servidores cobrarem a reposição da perda inflacionária”, emendou o deputado, que prometeu reforçar a mobilização dos servidores das forças de segurança para pressionar o Executivo para o pagamento imediato de verbas devidas.
Por fim, Duarte Bechir (PSD) lembrou a necessidade de respeito mútuo e independência dos Poderes para o bom andamento da administração do Estado. “É preciso preservar o diálogo sempre”, lembrou, elogiando o pedido de desculpas feito pelo líder de Governo a todos os parlamentares.