Em meu livro Jesus, a Dor e a origem de Sua Autoridade – O Poder do Cristo em nós (2014), apresento-lhes extensa dissertação sobre a Dor e, a partir do extraordinário exemplo do Cristo, a capacidade de vencê-la; portanto, não para a derrota nossa no desânimo, mas visando à vitória, visto que os tenho capacitado para pegar até do tormento e, com ele, alavancar a coragem.
Por oportuno, destaco hoje aqui o seguinte trecho:
Por meio dela, a Dor, o Cristo alcançou também Sua Divina Autoridade. E não se esquivou de Seu infortúnio nem foi derrotado por ele no Supremo Sacrifício da tortura e da crucificação: “Pai, todas as coisas Vos são possíveis. Afasta de mim este cálice. Contudo, se for da Vossa Vontade, que se faça de acordo com ela, e não com a minha” (Evangelho, segundo Marcos, 14:36).
Sobre o desprendimento do Cristo e a entrega Dele à Vontade do Pai Celeste, assim declarou, em entrevista à Super Rede Boa Vontade de Comunicação (rádio, TV e internet), o professor dr. Ricardo Mário Gonçalves*, livre-docente em História Social pela Universidade de São Paulo (USP) e missionário budista da Verdadeira Escola Terra Pura, ordem japonesa fundada no século 13, pelo mestre Shinran (1173-1263): “Para o Budismo, a principal experiência do ser humano a ser vivenciada seria uma experiência de esvaziamento do ego, de despojamento. Temos aqui um texto básico do Apóstolo Paulo com esse conceito. É a Epístola aos Filipenses, 2:6 a 8. Falando de Jesus, o Apóstolo Paulo diz o seguinte: ‘Ele tinha condição divina e não considerou que o ser igual a Deus era algo a que se devia apegar ciosamente, mas esvaziou-se a si mesmo e assumiu a condição de servo, tomando a semelhança humana. E, achado em forma humana, humilhou-se ainda mais e foi obediente até à morte, e morte de cruz!’ O termo central dessa passagem é o esvaziamento. No texto grego, encontramos a forma ekenosen, que vem do verbo kenou, que significa esvaziar, esvaziamento, despojamento. Então, em torno dessa noção, estamos num terreno que é comum ao Cristianismo e ao Budismo. Eu diria que nesse texto o Apóstolo Paulo apresenta Jesus como um modelo de despojamento a ser seguido por nós”. (O destaque é meu.)
É do Educador Celeste o ensinamento basilar que exemplificou Sua condição una com Deus: “(…) antes, o maior entre vós seja como o menor; e quem governa, como quem serve” (Evangelho, segundo Lucas, 22:26).
Esta é a Política de Deus, exercida pela Autoridade do Mestre Jesus: o verdadeiro político é aquele que serve e que não se serve. Quantos exemplos existirão hoje no mundo?
Como vimos, Jesus privou-se da própria vontade em benefício do semelhante, mas não deixou de pregar a Doutrina que trouxe do Pai Celestial: “Mas, em qualquer cidade em que entrardes e não vos receberem, saindo por suas ruas, dizei: “Até o pó que da vossa cidade se nos pegou aos pés sacudimos sobre vós. Sabei, contudo, isto: já vos é chegado o Reino de Deus” Jesus (Lucas, 10:10 e 11).
Entenderam?
Em minha obra A Missão dos Setenta e o “lobo invisível” (2018), ressalto que – mesmo não tendo sido aceita pela “cidade” a Palavra de Jesus – de forma alguma podemos deixar de proclamar o que viemos fazer por Vontade do Criador.
Jesus persistiu além do “fim”, pois ressuscitou e garantiu:
— Na vossa perseverança, salvareis as vossas Almas (Boa Nova, consoante Lucas, 21:19).
Em face desse pujante exemplo de dedicação ao próximo, o missionário de Deus precisa compreender a Dor como instrumento de vitória ante o Céu, para possuir o Poder de reformar a Terra. Afinal, o bom trabalhador, ao integrar-se em Deus, recebe, por merecimento pessoal, a iluminação da Autoridade do Cristo, a fim de transformar seres terrestres e Seres Espirituais.
— (…) Porque vós sois o Templo do Deus Vivo, como Deus disse: Neles habitarei e entre eles andarei; e Eu serei o seu Deus, e eles serão o meu povo (Segunda Epístola de Paulo aos Coríntios, 6:16).
* Ricardo Mário Gonçalves (1941-2021).
José de Paiva Netto ― Jornalista, radialista e escritor.
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