Incontinência urinária é a perda involuntária de urina. Segundo a Sociedade Internacional de Incontinência (ICS), o fenômeno acomete tanto os homens como as mulheres; porém, é muito mais comum no sexo feminino e torna-se mais frequente com o envelhecimento. A perda urinária determina, além do constrangimento, uma piora significativa na qualidade de vida em razão de promover o isolamento social, restrição ao trabalho, ao lazer e alteração do humor.
De acordo com a Sociedade Brasileira de Urologia, 35% das mulheres na pós-menopausa apresentam incontinência urinária de esforço. Entre as pessoas acima de 65 anos, esse número pode chegar a mais de 60%.
Segundo a Sociedade Americana de Urologia, aproximadamente um terço das mulheres adultas nos Estados Unidos relatam perdas urinárias, porém acredita-se que este número seja bem mais elevado, porque muitas pessoas não contam a ninguém sobre seus sintomas. Elas ficam envergonhadas ou pensam que nada pode ser feito, sofrendo em silêncio.
Vários são os fatores de risco para incontinência urinária:
• Raça: mulheres brancas têm maior probabilidade de manifestar incontinência urinária de esforço em comparação com mulheres afro-americanas e asiáticas;
• Obesidade: o aumento de peso determina uma maior pressão do intestino sobre a bexiga e os músculos do períneo;
• Algumas Doenças: Neurológicas (esclerose múltipla, doença de Parkinson, Acidente Vascular Cerebral, tumor cerebral ou uma lesão na coluna vertebral), Diabetes;
• Hábitos Alimentares que envolvam excesso de bebidas e/ou alimentos ricos em cafeína (chás, mates, refrigerantes, energéticos, pimentas, cítricos, chocolates, condimentos, etc);
• Uso de medicamentos para o controle de doenças cardíacas e pressão arterial, além de sedativos e relaxantes musculares;
• Doenças Transitórias: Infecção do trato urinário ou vagina, obstipação intestinal e estresse emocional;
• Condição pré-existente ou antecedente que possa ter gerado um dano anatômico ou neurológico: gestações, partos, traumas, acidente vascular cerebral, doenças renais ou cardiovasculares, apneia do sono, envelhecimento, menopausa, histerectomia (cirurgia para retirar o útero/ovários), etc.
Os principais tipos de incontinência urinária nas mulheres, a saber, são:
• Incontinência Urinária de Esforço: A Incontinência Urinária de Esforço (IUE) é definida, segundo a ICS, como a perda involuntária da urina pelo meato uretral, secundária ao aumento da pressão abdominal, na ausência de contração do detrusor (músculo da bexiga), como por exemplo: ao tossir, espirrar, pular, andar, mudar de posição e rir intensamente. É o tipo mais comum de Incontinência Urinária e pode alcançar mais de 50 % das mulheres ao longo da vida. A perda urinária é resultado da falência da musculatura perineal e esfincteriana (estruturas musculares que atuam em conter a urina entre os intervalos miccionais).
• Incontinência Urinária de Urgência: A Incontinência Urinária de Urgência é a perda de urina involuntária, precedida de súbito desejo miccional (bexiga hiperativa), sem relação com o esforço físico, geralmente associada a aumento da frequência miccional diurna e noturna. Estima-se que a incontinência urinária de urgência pura esteja presente em até um quarto das mulheres incontinentes. As pacientes normalmente relatam que percebem o desejo e não conseguem chegar ao banheiro, molhando a roupa.
• Incontinência Urinária Mista: A Incontinência Urinária Mista é a associação de sinais e sintomas da Incontinência de Esforço e de Urgência.
O diagnóstico da incontinência e seu tipo é realizado por uma análise detalhada do histórico clínico, somado a um exame físico dos genitais e solicitação de exames de urina, imagem – como ultrassonografia – e, em alguns casos, indica-se o exame endoscópico da bexiga (cistoscopia) e/ou o Exame Urodinâmico (exame que mostra se a bexiga consegue cumprir sua função: armazenar urina sob baixa pressão e proporcionar adequado esvaziamento). Recomenda-se também a elaboração de um diário miccional pelo paciente, que fará o relato da quantidade de líquidos ingeridos, volume urinado e seus respectivos horários por um determinado período.
O tratamento adequado será instituído após firmado o tipo de incontinência e pode envolver uma ou mais medidas terapêuticas, como:
• Mudanças comportamentais do estilo de vida e de hábitos alimentares;
• Controle da ingesta hídrica (horários e volumes);
• Programar horários para micções a cada 2-3 horas;
• Instituir fisioterapia para fortalecimento da musculatura do assoalho pélvico e esfincteriana;
• Tratar infecções urinárias e vaginais;
• Melhora das condições do epitélio vaginal, com reposição hormonal, caso não tenha contraindicação ginecológica;
• Controle de doenças associadas (Neurológicas, Diabetes, Hipertensão, entre outras);
• Uso de medicações específicas: existem várias medicações de via oral e a toxina botulínica (Botox) para injeção intravesical em ambiente hospitalar;
• Tratamento Cirúrgico: existem várias técnicas, desde minimamente invasivas até a correção, dos defeitos anatômicos encontrados (“bexiga caída”);
• Neuroestimuladores, aparelho (implantado cirurgicamente) que estimula nervos próximos à coluna, através de impulsos elétricos e que tem o objetivo de controlar a bexiga.
Não tenha vergonha de abordar o tema com seu médico. Ele saberá lhe orientar e tratar da melhor forma. Lembre-se: Incontinência Urinária tem tratamento.
Fonte: Erick Santos – esantos@rodrigues-freire.com.br – João Fortunato – jfortunato@rodrigues-freire.com.br