O IBGE inicia nesta segunda-feira (6) uma operação pontual de coleta de dados para finalizar o Censo Demográfico na Terra Indígena (TI) Yanomami. A formatação da ação foi articulada pela ministra do Planejamento e Orçamento (MPO), Simone Tebet, junto aos ministérios da Saúde, da Defesa, da Justiça e Segurança Pública, dos Povos Indígenas e da Casa Civil, além do Estado-Maior das Forças Armadas. Prevista para durar 30 dias, a operação censitária visitará 169 aldeias em Roraima e três no Amazonas.
Em um contexto de apoio oficial, federal, institucional e incondicional ao Censo, a ministra Simone reforçou ter a mais absoluta confiança no trabalho do IBGE. “Poucos institutos no mundo têm a capacidade e a eficiência do IBGE. Isso se deve aos valorosos servidores e servidoras que, mesmo não tendo a remuneração que gostariam de ter, vestem literalmente o colete, batem de porta em porta, para dar o raio X do Brasil que somos”, afirmou. Simone também ressaltou o simbolismo de terminar a coleta do Censo 2022 com um povo originário. “O IBGE vai contar quantos yanomamis nós somos. Sim, porque, historicamente, é de nós que estamos falando. Quão bonito é poder dizer que o censo brasileiro vai terminar onde tudo começou, com os povos indígenas, o povo Yanomami”, disse a ministra.
A equipe do IBGE especialista em coletas nas terras indígenas contará com o suporte de técnicos, militares e policiais, além de helicópteros da Polícia Rodoviária Federal (PRF). Serão 17 equipes compostas por recenseadores do IBGE, guias indicados pela Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) e intérpretes. Em alguns casos, poderá haver acompanhamento de agentes da Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai).
Segundo o presidente interino e diretor de Pesquisas do IBGE, Cimar Azeredo, o apoio do MPO e da frente ministerial está sendo essencial para a finalização do Censo em território Yanomami. Ele apontou a expectativa de que a quantidade de indígenas Yanomami seja muito superior ao número apurado no Censo 2010. “Nós temos expectativa que vamos superar e muito esse número”, explicou.
Ao todo, 110 servidores trabalham para a execução da ação do Censo Demográfico na TI Yanomami, obedecendo os protocolos sanitários estabelecidos pelo Ministério da Saúde e dentro dos termos da ADPF (Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental) 709, do Supremo Tribunal Federal, que estabelece a barreira sanitária na região.
O IBGE já tem 50% da coleta no território. A operação com suporte aéreo visa completar a metade final do recenseamento na região, mais especificamente, dos indígenas que vivem em áreas cujo acesso é particularmente complexo, acessíveis somente por voos de helicóptero. “A principal dificuldade é a complexa logística de acesso às aldeias que envolve diferentes meios de transporte – terrestre, fluvial, aéreo em aviões de pequeno porte e de helicóptero – além de deslocamentos em trilhas entre aldeias próximas pela Floresta Amazônica”, explica a coordenadora do Censo de Povos e Comunidades Tradicionais, Marta Antunes. “Essa logística demanda dos recenseadores flexibilidade e resiliência para adaptação aos deslocamentos por diferentes meios de transporte e para permanência nas comunidades por longos períodos”, complementa.
“A necessária articulação entre os diversos ministérios e o IBGE evidência a complexidade da operação de coleta na Terra Indígena Yanomami”, observa o superintendente estadual do IBGE no Amazonas, José Ilclesson. “E esse esforço conjunto, envolvendo as equipes do IBGE, no Amazonas e em Roraima, permitirá que se efetive um aspecto fundamental do Censo Demográfico, o de recensear todos os cidadãos, independentemente de sua localização no território e, assim, cumprir nossa missão de produzir e fornecer informações para o efetivo exercício da cidadania”, acrescentou.
Logística do Censo na TI Yanomami
Os grupos de trabalhos são transportados em aeronaves de pequeno porte fornecidas pela Funai até a localidade de Surucucu, em Alto Alegre (RR), onde está o 4º Pelotão Especial de Fronteira do Exército Brasileiro e um Polo Base de Saúde Indígena. Dali, partem voos em helicópteros até as comunidades.
O Exército apoiará no fornecimento de alojamento em Surucucu e no transporte de combustível de aviação para os helicópteros. Os polos de saúde na localidade servirão de pontos de apoio para os recenseadores do IBGE durante a realização dos trabalhos.
Para o gerente de Territórios Tradicionais e Áreas Protegidas do IBGE, Fernando Damasco, a finalização do Censo será a melhor maneira de identificar, de forma precisa, a população da TI Yanomami, de recente contato, e suas características demográficas. “Os dados ainda vão revelar a frequência de visitas das equipes de saúde na comunidade, a existência de agentes indígenas de saúde e saneamento, informações sobre infraestrutura de comunicação, acesso à luz, saneamento e documentação”, afirma.
“Após dois anos de minucioso planejamento e de intenso trabalho envolvendo todo tipo de preparativos, desde a seleção e treinamento até a compra de todos os itens básicos de sobrevivência e alimentação, finalmente nossas equipes podem avançar em campo para recensear os yanomamis”, comemora o superintendente estadual do IBGE em Roraima, Roberto Kuerten.
Com a coleta encerrada em fevereiro, operação censitária iniciou fase de apuração
O IBGE encerrou na terça-feira passada (28), a cobertura da coleta domiciliar do Censo Demográfico. Ao todo, 189.261.144 pessoas foram recenseadas (91%), levando-se em conta a prévia da população divulgada em 28 de dezembro de 2022. No dia 1º de março, o Instituto iniciou a Etapa de Apuração, que compreende os trabalhos de Análise dos Dados do Censo, a serem realizados pelo Comitê de Fechamento do Censo (CFC). Essas tarefas implicam em alguns retornos a campo, ou seja, alguns domicílios ainda vão receber visitas de recenseadores ou supervisores. A divulgação dos primeiros resultados do Censo Demográfico está prevista para o final de abril.
Fonte: MG-IBGE MG Informa ibgeinforma.mg@ibge.gov.br