Alterações da temperatura do Pacífico Sul e do Atlântico Sul trazem importantes mudanças no caminho da chuva sobre o Brasil na segunda quinzena de fevereiro.
Uma das principais mudanças é o esfriamento do Atlântico Sul na costa do Sul do Brasil, que está ocorrendo mais cedo do que o esperado. Isto interfere no modo como as frentes frias vão passar sobre a Região Sul, o que influencia na forma e na quantidade de chuva.
A previsão é de as frentes frias passem mais deslocadas para o oceano e assim tenham menos influência sobre o interior da Região. Com frentes frias mais oceânicas do que continentais, menos áreas de chuva tendem a se formar sobre o interior da Região Sul.
Outro fator climático que afeta o deslocamento das frentes frias que saem é da Antártica para a América do Sul, e podem ou não chegar ao Brasil, é a chamada AAO – Oscilação Antártica. Este índice está na fase positiva, o que é desfavorável ao avanço de frentes frias sobre a América do Sul. Com menos frentes frias disponíveis para chegar ao Brasil, menos áreas de instabilidade tendem a se formar sobre a Região Sul
Pouca chuva no Sul do BR
O Sul do Brasil será bastante afetado por estas mudanças de temperatura dos oceanos e índices climáticos. Depois de um janeiro com chuva farta, em que praticamente toda a Região acumulou volumes de chuva acima da média Clima tológica, fevereiro deve terminar de forma oposta. A segunda quinzena de fevereiro deve ser marcada por chuva bastante irregular sobre os três estados. Com poucas frentes frias e também sem sistemas de baixa pressão atmosférica para espalhar a chuva, como ocorreu em janeiro, fevereiro vai terminar com grande deficiência de chuva sobre a Região Sul do Brasil.
Com a falta de chuva e um ar mais seco do que o normal para esta época do ano, o Sul do Brasil fica mais quente do que deveria no decorrer de fevereiro. Porém, a expectativa para março de 2021 é de que ocorram novas mudanças na circulação de ventos sobre a América do Sul, que vão favorecer o retorno da chuva sobre o Sul do Brasil. As condições para chuva aumentam em todos os estados.
Pouca chuva para SP
As previsões para o estado de São Paulo não são animadoras. Janeiro terminou com menos chuva do que o normal na maioria das áreas do estado. Mas a agricultura não foi muito afetada, pois as pancadas de chuva ocorreram com certa regularidade ao longo do mês. Porém, espacialmente a chuva foi bastante irregular.
Apesar dos temporais que já ocorreram na primeira quinzena de fevereiro, inclusive na capital e Grande São Paulo, a irregularidade da chuva vai continuar grande no restante do mês. O estado de São Paulo terá pancadas de chuva até o fim de fevereiro, não é um tempo completamente seco, mas não poderá contar com as áreas de instabilidade prolongadas de uma ZCAS, por exemplo.
As frentes frias que chegarem ao Brasil na segunda quinzena de fevereiro, e devem ser poucas, vão passar rapidamente pelo estado, o que desfavorece a permanência e formação de áreas de chuva sobre o estado.
Formação de ZCAS
Considera-se a formação de uma ZCAS – Zona de Convergência do Atlântico Sul entre os dias 18 e 21 de fevereiro. A circulação de ventos sobre o Brasil já está organizando o canal de umidade do Norte para o Centro-Oeste e Sudeste, porém, o eixo central de maior instabilidade deste sistema deve se posicionar ao norte da Região Sudeste. A expectativa é que a convergência de umidade (e portanto a maior atividade chuvosa) fique entre o norte de Mato Grosso, o Pará, Tocantins, centro-norte de Goiás, Distrito Federal, centro-norte de Minas Gerais, Espírito Santo e Bahia. O estado de São Paulo e áreas como o Sul de Minas e o centro-sul do Rio De Janeiro não devem sentir a chuva volumosa deste sistema.
A previsão é que fevereiro termine com chuva abaixo da média no estado de São Paulo, de forma geral, e também na maioria das áreas do Sul de Minas e do centro-sul do Rio de Janeiro. As outras áreas da Região Sudeste devem terminar fevereiro com volume de chuva acima da média climatológica para o mês.
No caso da Região Centro-Oeste, a formação deste episódio de ZCAS, ou a simples intensificação de uma canal de umidade ao norte da região vai estimular mais chuva na segunda quinzena de fevereiro para grande parte de Mato Grosso, de Goiás e do Distrito Federal, que sentiram a falta e irregularidade da chuva no mês de janeiro.
Embora não influenciado diretamente por este canal de umidade, o Mato Grosso do Sul continua tendo chuva com certa regularidade e fevereiro deve terminar com chuva dentro ou um pouco acima da média.
ZCIT se intensifica no Nordeste
Outra importante mudança no decorrer do mês de fevereiro é a intensificação da Zona de Convergência Intertropical na costa norte do Brasil, que faz a chuva aumentar sobre o norte do Nordeste (região entre o Rio Grande do Norte e o Maranhão) e sobre parte da Região Norte.
O deslocamento da ZCIT em direção à costa norte do Brasil já começou a ser percebido esta semana e a previsão é de que este sistema continue ativo no decorrer da segunda quinzena de fevereiro, trazendo chuva para o norte do Nordeste, Amapá, Pará e Tocantins.
A maioria das áreas do Norte e do Nordeste do Brasil devem terminar fevereiro com chuva acima da média. O norte do Amazonas, Roraima, Sergipe, Alagoas e o nordeste da Bahia, incluindo do Recôncavo, devem fechar o mês com menos chuva do que a média.
Para março, vale o alerta de que as condições atmosféricas e oceânicas não devem favorecer grande atividade da ZCIT sobre o norte do Nordeste e do Norte do Brasil. Assim, março, que é o pico do período chuvoso, terá menos chuva do que o normal.
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