Inédito, o Minas Recicla Energia utiliza sobras da triagem da coleta seletiva
O Governo de Minas lançou, nesta quinta-feira (11/5), o Minas Recicla Energia, projeto estadual inédito que promove a obtenção de energia para produção de cimento por meio das sobras da triagem da coleta seletiva.
Coordenada
pela Secretaria de
Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad), a iniciativa é
executada pelo Estado, em parceria com as prefeituras de Pedro Leopoldo,
Matozinhos e Lagoa Santa, com a empresa CSN Cimentos – Unidade Pedro Leopoldo,
com a Universidade Federal de Lavras e a Associação Brasileira de Normas
Técnicas (ABNT).
Considerado o símbolo de uma nova era na gestão mineira de Resíduos Sólidos
Urbanos (RSU), o Minas Recicla Energia é um projeto piloto e pioneiro na
temática de Coprocessamento por meio do Combustível Derivado de Resíduos
Sólidos Urbanos (CDRU). Nesse processo, a sobra das coletas seletivas, feitas
pelas associações de catadores de material reciclável, são transformadas em
combustível para a produção de cimento, evitando a disposição em aterro.
A expectativa é a de que, no início do projeto, por mês, mais de
cem toneladas de RSU sejam recuperadas e transformadas em energia para
esse tipo de produção. Além disso, a Semad espera que, com o projeto, haja
redução de emissão de carbono em comparação a fontes de combustível tradicional
e de fonte não renovável.
“Todo esse processo está alinhado com a campanha Race To Zero, cuja adesão de
Minas é pioneira na América Latina e no Caribe, e aderente à política de
mudanças climáticas. E esse é o primeiro passo para que a gente possa estender
a todo estado de Minas, gerando energia, fomentando a economia circular e
aproveitando nossos resíduos sólidos de maneira otimizada, em parceria com os
catadores. Implementamos, com esse projeto, todo ciclo da gestão de resíduos
sólidos em Minas Gerais”, comenta a secretária de Estado de Meio Ambiente e
Desenvolvimento Sustentável, Marília Melo.
Para o monitoramento da execução do programa, o Estado está firmando termos de
cooperação técnica com as prefeituras, a universidade, a CSN Cimentos e ABNT. A
avaliação dos parâmetros científicos acerca do potencial calorífico das sobras
de material da triagem das associações contribuirá para a criação da
Certificação Padrão para CDRU para todo o país.
Associações de Catadores e CSN Cimentos
De acordo com a Política Estadual de Resíduos Sólidos, a atividade de
Coprocessamento de RSU em fornos de clínquer (matéria-prima do cimento) é
admitida como forma de destinação final no estado. “O projeto respeita a
hierarquia do fluxo ideal dos resíduos sólidos, na qual a prioridade é a
reciclagem, antes da recuperação energética. A sobra é o material que não
é usado pelas associações e, como tal, disponibilizado em aterros”, explica o
subsecretário de Gestão Ambiental e Saneamento da Semad, Rodrigo Franco.
O subsecretário destaca que o Governo de Minas tem compromisso com as associações de catadores, que desempenham um papel de fundamental importância nas políticas públicas estaduais. “Registramos recordes históricos de repasse financeiro de pagamentos por serviços ambientais por meio do Programa Bolsa Reciclagem”, diz.
De acordo com a presidente da Associação dos Catadores de Pedro Leopoldo, Isaura Aureliano, esse é um marco para a entidade. “Representa melhorias para outras entidades de Minas e também do Brasil”, afirma.
Para Edvaldo Rabelo, diretor da CSN Cimentos, a parceria no projeto Minas Recicla Energia reforça o comprometimento da empresa com a sustentabilidade e com ações que tragam impacto positivo para as comunidades. “Temos metas ESG ambiciosas para os próximos anos e um forte compromisso com o meio ambiente e o desenvolvimento socioeconômico das comunidades, sobretudo das áreas em que atuamos. A parceria com o Governo de Minas no projeto Minas Recicla Energia está totalmente alinhada com as nossas ambições de sustentabilidade no Grupo CSN”, reitera o executivo.
O projeto pode
representar ganhos sociais, econômicos, geração de renda e mitigação dos
impactos climáticos. As associações de catadores terão a possibilidade de
receber investimentos em infraestrutura; a indústria terá uma matéria-prima
alternativa, alinhada às diretrizes das políticas ambientais; e as prefeituras
poderão reduzir o custo de disposição em aterro e de logística.
Os resultados do projeto abrem portas para ampliação da Recuperação Energética
de Lixo em todo o estado, que se posiciona como o maior produtor de cimento do
Brasil e, consequentemente, com maior potencial de utilização de combustíveis
alternativos.
Foto: Ingrid Bao / Semad