Em reunião que marcou o início da Semana de Conscientização sobre a condição, foi apresentado calendário de atividades.
Ainda não há o que comemorar: foi essa a conclusão dos participantes de audiência pública sobre o Transtorno do Espectro Autista (TEA), realizada na manhã desta terça-feira (2/4/19) na Comissão de Defesa dos Direitos da Pessoa com Deficiência da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG). Foi o primeiro encontro da Semana Estadual de Conscientização sobre o Autismo, no qual foi apresentada a programação oficial de debates e outras atividades a serem desenvolvidas nos próximos dias.
O primeiro passo para garantir os direitos das pessoas com algum grau de autismo é, para a vice-presidente da Associação da Síndrome de Asperger no Transtorno do Espectro do Autismo de Minas Gerais, Cynthia de Lima Prata Abi Habib, vencer o desconhecimento.
“O autismo não tem marcador biológico nem característica física que o define. Quando apresentamos nossos filhos, o que mais ouvimos é ‘não parece’. Bom, não parece, mas é. Precisamos derrubar os estigmas que são colocados sobre as pessoas com autismo”, disse.
Nesse contexto, garantir que as pessoas entendam o que é o autismo é o primeiro passo do trabalho e, por isso, a semana de conscientização é tão importante na opinião de Cynthia Habib. A definição dela é de que se trata de uma condição do desenvolvimento neurológico que leva a prejuízos significativos na comunicação e interação social, associados a comportamentos repetitivos e interesses restritos.
Por outro lado, como Cynthia também destacou, as pessoas com essa condição neurologica têm grande facilidade para se adaptar à rotina, atenção a detalhes, boa memória visual e excelente memória a longo prazo. Têm, ainda de acordo com a representante da associação, raciocínio simples, mas lógico. Alguns têm boa capacidade para formação acadêmica.
Calendário – Depois de apresentar os significados do autismo, ela falou do calendário da Semana de Conscientização, que se iniciou no Dia Internacional da Conscientização sobre o Autismo (2 de abril), conforme data instituida pela Organização das Nações Unidas. A ALMG, ao lado de outras instituições ao redor do mundo, estará iluminada de azul como forma de chamar atenção para as discussões sobre o tema.
Garantia de direitos é dever do Estado
O coordenador de políticas para pessoas com deficiência da Secretaria de Direitos Humanos, Participação Social e Cidadania de Minas Gerais, Wesley Barbosa Severino, disse que o governo estadual tem um compromisso com a melhoria das condições de vida das pessoas com autismo. Ele afirmou que está aberto para o diálogo e trabalha para efetivar as políticas públicas já estabelecidas em leis destinadas a esse grupo.
Os deputados Professor Wendel Mesquita (SD), Duarte Bechir (PSD) e Zé Guilherme (PRP) foram autores do requerimento que deu origem à adiência pública desta manhã e destacaram a importância da semana para ampliar o conhecimento e debate sobre o tema. Eles concordaram que é um dever do Estado garantir os direitos das pessoas com deficiências e suas famílias.
Também o deputado Professor Cleiton (DC) assinou o requerimento. Além de exaltar a importância dos debates, ele disse que na última segunda-feira (1°), a prefeitura de Paracatu (Noroeste) determinou a retirada da sala de aula dos monitores que acompanhavam os alunos com autismo. Ele repudiou a decisão e disse que retrocessos como esse têm sido recorrentes e precisam ser impedidos.
O deputado Doutor Paulo (Patri) também assinou o requerimento, mas não esteve presente na audiência.