Pesquisa do Sebrae Minas mostra os principais desafios e vantagens de empresas familiares
Investir em um negócio de administração familiar em Divinópolis, no Centro-Oeste do estado, mudou a realidade da empresária Eliana Silva, de 67 anos, casada e mãe de dois filhos.Em 2002, quando morava em Goiânia, precisou voltar para a sua terra natal, após o marido ser diagnosticado com a doença de Parkinson. Com pouco dinheiro e arrimo de família, ela decidiu investir na produção de espetinhos de carne para superar aquele momento.
A empreendedora fornecia o produto em diversos pontos de Divinópolis, inclusive,para grandes eventos, mas após um ano, visando maior lucratividade, mudou o rumo de seu negócio e começou a vender variados tipos de carnes congeladas para mercearias e supermercados do município. A primeira delas foi a linguiça de frango, testada e aprovada pela família e amigos, e que, hoje, é o carro chefe da empresa. Foi nesta época, por volta de 2003, que nasceu sua marca “Goianeira Alimentos”.
Desde então, sempre com uma visão ampla de mercado, a empresária precisou inovar para se destacar. Uma das formas que encontrou foi mudar o formato da embalagem dos produtos. O gerente da empresa e filho de Eliana, Danilo Souza, 37, conta que ainda no início dos anos 2000, ela vendia seus produtos na bandeja de isopor embalada no plástico filme, algo inédito para as pequenas empresas da região naquela época. Alguns anos depois, por volta de 2006, foi pioneira também ao introduzir a embalagem a vácuo no mercado antes dos outros empreendimentos de mesmo porte.
O gerente lembra, ainda, que em 2013, depois de ter tido algumas atividades na empresa, entrou de forma definitiva a fim de expandir as vendas. No ano seguinte, investiram na compra de outra empresa alimentícia para aumentar a carteira de clientes e, desde então, mãe e filho seguem atuando em parceria. Atualmente, contam com sete funcionários, um mix de 21 produtos e comercializam uma média de seis a oito toneladas mensalmente. Os empresários também planejam alcançar outros municípios do Centro-Oeste e, para isso, têm se preparado para conseguir o selo de registro do Instituto Mineiro de Agropecuária.
Negócios familiares em números
Na semana em que se comemora o Dia Nacional da Família (8/12), uma pesquisa realizada pelo Sebrae Minas com 1.413 empreendedores do estado mostra que mais da metade dos entrevistados (51%) está à frente de negócios familiares. Entre os portes, o Microempreendedor Individual (MEI) é o que mais tem familiares envolvidos no dia a dia das atividades empresariais: 56%. O percentual de Microempresas (ME) com gestão familiar é de 45% e de Empresas de Pequeno Porte (EPP) é de 41%.
Do total de entrevistados que afirmou ter um negócio familiar, 90% estão na primeira geração do negócio, ou seja, começaram com o atual proprietário. As EPP têm um percentual mais expressivo de negócios que já passaram da primeira geração da família: 15% estão na segunda e 2% estão na terceira geração. As ME veem em segundo lugar, com 11% dos negócios já tendo passado da primeira para a segunda geração e 2% para a terceira. Já entre os MEI, 6% afirmam estar na segunda geração e apenas 1% na terceira.
A pesquisa também mostra que 51% dos pequenos negócios familiares têm até quatro anos de mercado. As EPP são o segmento com maior longevidade: 50% têm mais de 10 anos e, dentre estas, 13% estão ativas há mais de três décadas. Entre os MEI, 60% estão em atividade há no máximo quatro anos, enquanto 21% têm entre 5 e 9 anos de atuação.
Desafios permanentes
Segundo a pesquisa, o principal desafio na gestão de um negócio familiar, apontado por 37% dos entrevistados, é organizar e distinguir as finanças do negócio das pessoais. O segundo principal desafio é separar a relação familiar da profissional, destacado por 36% dos entrevistados. O terceiro mais citado, por 22% dos participantes, é estabelecer regras e distribuir tarefas e responsabilidades. A pressão emocional maior pelo fato de o negócio ser da família foi mais citada por donos de EPP (28%) do que pelos de ME (16%) e por MEI (14%).
Os entrevistados também foram questionados sobre os pontos positivos de um negócio familiar. A maioria (48%) citou a satisfação de trabalhar e estar mais próximo da família como a principal vantagem. Flexibilidade e autonomia foram outros benefícios citados por 47% e 38% dos entrevistados, respectivamente. Ter mais autonomia na definição de planos e estratégias para o negócio foi mais citada por donos de EPP (57%), seguidos pelos proprietários de ME (43%) e por MEI (32%).
Dia da Família
O Dia Nacional da Família foi instituído pelo Decreto nº 52.748, de 24 de outubro de 1963 e é comemorado em 8 de dezembro. Além do Dia Nacional da Família, existem outras duas comemorações relacionadas ao tema: o Dia Internacional da Família, estabelecido pela Organização das Nações Unidas (ONU) e celebrado em 15 de maio; e o Dia da Família na Escola, instituído pelo Ministério da Educação (MEC) e comemorado em 24 de abril.
Fonte: Ana Gabriella anagabriella@prefacio.com.br