Preocupação é de sobrecarga no atendimento a pacientes da Covid-19, mas Fhemig diz que situação ainda é confortável
Em Reunião Especial de Plenário realizada nesta quarta-feira (13/5/20), na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), deputados questionaram gestores do Estado sobre a estrutura da rede de atendimento hospitalar para o enfrentamento à Covid-19.
A reunião, conduzida pelo presidente da ALMG, deputado Agostinho Patrus (PV), teve também a participação da presidenta da Federação das Santas Casas e Hospitais Filantrópicos de Minas Gerais (Federassantas), Kátia Rocha, que denunciou a falta de repasses dos recursos do governo federal e de emendas parlamentares aprovadas ainda no ano passado.
Os representantes do governo estadual que responderam os questionamentos dos deputados afirmaram que é confortável, no momento, a taxa de ocupação de leitos para a Covid-19 e que os testes da doença foram ampliados e o tempo de resposta reduzido.
Segundo o presidente da Fundação Hospitalar de Minas Gerais (Fhemig), Fábio Baccheretti, a autarquia dispõe de 80 leitos de terapia intensiva exclusivos para a Covid-19, com ocupação de 60%. Destes, 44 estão em Belo Horizonte e 36 em hospitais regionais em Juiz de Fora (Zona da Mata), Patos de Minas (Alto Paranaíba) e Barbacena (Central). Outros 137 leitos de enfermaria também estão reservados para a pandemia.
Questionado pelo deputado Carlos Pimenta (PDT), que preside a Comissão de Saúde da ALMG, Baccheretti acrescentou que é possível ampliar esse número a qualquer momento, pois a rede teria pessoal e equipamentos. Em junho, o Hospital Eduardo de Menezes (HEM) terá 12 novos leitos e ainda um tomógrafo, equipamento importante no tratamento da Covid-19.
Numa segunda fase, de acordo com o presidente da Fhemig, 302 leitos de UTI podem ser abertos em toda a rede. E finalizadas obras emergenciais em andamento, o total poderia passar para 434.
Vários deputados relataram denúncias de falta de equipamentos de proteção individual (EPI) para os servidores da Fhemig. Fábio Baccheretti informou que, até o momento, não faltou EPI. Mais de 15 milhões de unidades já foram compradas e o controle de estoque é centralizado, segundo ele.
Funed amplia realização de testes
As testagens de casos suspeitos da Covid-19 foram o principal assunto tratado pelo presidente da Fundação Ezequiel Dias (Funed), Maurício Abreu Santos. Desde o dia 12 de março, quando a instituição começou a atuação na pandemia, o número diário de testes teria, segundo ele, subido de 200 para 600.
O tempo de espera pelos resultados, por sua vez, diminuiu de cinco para três dias, de acordo com Maurício Santos. Nos casos considerados prioritários, como pacientes graves e trabalhadores da saúde, essa espera tem sido de 24 horas. Assim, com os dados consolidados até a última segunda-feira (11), são 16.621 amostras recebidas para teste, com 90% delas já liberadas e entregues.
Para alcançar tais resultados, o presidente da Funed disse que foram feitas ações de remanejamento de pessoal, implantação de trabalho por turnos e empréstimo de equipamentos de outras instituições, como a Polícia Civil. Ele citou, ainda, a habilitação de laboratórios públicos e privados para atuarem na oferta desses testes.
Segundo Maurício Santos, quatro desses laboratórios estão trabalhando em rede com a Funed: um do Centro de Pesquisa René Rachou; um da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG); o Laboratório Federal de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento; e um da Fundação Hemominas. Ele afirmou que toda a rede, em conjunto, tem a capacidade de processar 2 mil testes diários.
O número é bem acima dos 600 atualmente realizados. Respondendo ao deputado Doutor Jean Freire (PT) sobre as subnotificações, a diretora de Laboratórios da Funed, Marluce Oliveira, disse que os testes realizados pela instituição são os moleculares, que indicam a doença ainda em sua fase inicial. Ela acrescentou que as amostras testadas pela Funed chegam até a instituição, que não faz busca ativa, e que o número de amostras recebidas tem sido menor do que o esperado.
Ainda nesse sentido, ela respondeu aos deputados Carlos Pimenta e Hely Tarqüínio (PV), que, por enquanto, não houve falta de insumos para testagem de amostras.
Santas Casas pedem socorro
A presidenta da Federassantas, Kátia Rocha, reclamou que as instituições ainda não receberam nenhum recurso ou EPI, destinados pelo governo federal ao Estado, para o combate à pandemia. Denunciou, ainda, que o Executivo não repassou verbas previstas por emendas parlamentares ainda do ano passado e que mantém uma dívida de aproximadamente R$ 1 bilhão, acumulada nos últimos três anos.
Segundo Kátia Rocha, os recursos federais somam aproximadamente R$ 150 milhões
Em Minas, de acordo com a presidenta da Federassantas, os 316 hospitais filantrópicos respondem por cerca de 70% do atendimento da rede hospitalar pública e por 67% dos leitos disponíveis para o Sistema Único da Saúde (SUS).
Procedimentos eletivos – Sobre as cirurgias eletivas que estão suspensas e foram questionadas pelo deputado Doutor Paulo (Patri), a presidenta da Federassantas acredita que é preciso avaliar a possibilidade de retomar os atendimentos, dependendo da realidade de cada município. Para ela, o adiamento do procedimento pode gerar sofrimento ou mesmo agravar as doenças.
Kátia Rocha recebeu a solidariedade em relação às dificuldades que relatou de todos os membros da Comissão de Saúde que participaram do debate, além do líder do Bloco Sou Minas Gerais, deputado Gustavo Valadares (PSDB). “A principal ferramenta para reduzir a mortalidade para essa pandemia é a estruturação dos hospitais”, reforçou o vice-presidente da Comissão de Saúde, deputado Doutor Wilson Batista (PSD).
A Reunião Especial foi realizada no Plenário, com parte dos convidados e dos parlamentares participando de forma remota, em atendimento à necessidade de isolamento social devido à pandemia de Covid-19.