Grande exportadora do Brasil conquista 1º selo regenerativo em grupo de fazendas, com objetivo de ampliar a oportunidade de negócios para todo tipo de produtor
“Sustentabilidade” mais do que nunca se tornou palavra de ordem no mercado de café. Pautado nas boas práticas, o termo ganhou ainda mais notoriedade nos últimos anos com a mudança no perfil do consumidor final.
Os números da NKG Stockler, uma das principais exportadoras de café do Brasil comprovam essa mudança no mercado nos últimos anos. A exportadora coloca no mercado internacional cerca de 2 milhões de sacas de café por ano. Há 11 anos, apenas 6% deste total era composto por cafés sustentáveis, atualmente pouco mais de 40% dos embarques são representados por esse tipo de café.
Para Osmar Moraes – gerente de Sustentabilidade da NKG, a tendência é que esse volume seja ainda mais expressivo nos próximos anos, sobretudo pelas mudanças impostas pela União Europeia, que tendem a serem adotadas também pelo Reino Unido e Estados Unidos nos próximos meses. “Essa mudança veio para ficar, principalmente quando falamos da Europa e dos Estados Unidos. Grandes torradores de café estão de olho no consumidor final, que está olhando para a sustentabilidade. Esse é o caminho do mercado neste momento e quem sai na frente, tem mais espaço”, afirma.
Em 2022, a exportadora enviou cafés para vários países, sendo eles: Itália, USA, Alemanha, Bélgica, França, Espanha, Coreia do Sul, Suiça, Inglaterra, Japão, Letônia, Turquia, Rússia, Irlanda, Finlândia, Malásia, Singapura, Austrália, Polônia, México, Canada, Portugal, Grecia, Taiwan, Republica Dominicana, Dinamarca, África do Sul e Vietnã.
O termo “regenerativo” também tem sido muito falado no mercado de café, e neste sentido a NKG conquistou recentemente o primeiro selo Regenagri® emitido para um grupo de fazendas no Cerrado Mineiro. Segundo Osmar, o grande diferencial é a conquista do selo para um grupo de fazendas e não de forma individual, como já vem acontecendo em diversas regiões do país.
Sete fazendas foram escolhidas pela empresa e as sete são reconhecidas pelo selo internacional. Segundo ele, foram realizadas visitas de forma individual, já que se tratam de fazendas em diferentes estágios da cafeicultura regenerativo. “Nós somos o intermediário entre a produção e consumo, fazer esse nicho de mercado para colocar esse café mundo afora era importante. A certificação também contribui para a valorização da marca e do produto, além da fidelização dos consumidores que buscam cafés produzidos de forma responsável e sustentável”, afirma.
Para a produtora Sônia Farinha, a certificação chega como uma forma de democratização e abertura de novos mercados para todos os tipos de produtores. “O grupo tem produtores pequenos, médios e grandes e isso acaba mostrando que não é o tamanho, quantidade de café que se produz, que garante ou não que uma fazenda seja regenerativa. Ninguém mais quer manter esse microclima que nós estamos do que o próprio produtor”, afirma.
Os produtores também estão atentos às demandas internacionais. “É o momento da gente olhar para as nossas práticas, olhar para o que conseguimos mudar e a certificação é a comprovação dos hábitos que já temos na fazenda”, complementa. Para Isabel Cristina de Carvalho, produtora da fazenda Estrela Carvalho e uma das certificadas, a parceria veio de encontro com as práticas já adotadas pela família. “Encontrar parceiros que apoiam e investem na busca pelo equilíbrio do bioma é importante para a sustentabilidade do meio ambiente e também do negócio. Fauna, flora e hídrico caminhando juntos com lucratividade responsável é o anseio de toda a cadeia do café”, afirma.
Setor exportador segue com diálogo com mercado internacional
Segundo dados oficiais do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), mais de 50% dos cafés brasileiros têm como destino a Europa e os Estados Unidos há anos se mantêm na liderança da importação do café brasileiro.
Com as demandas externas, desde o ano passado o setor exportador de café do Brasil vem conversando amplamente com os importadores. Marcos Matos, CEO do Cecafé, esteve recentemente nos Estados Unidos e afirmou que o governo americano de fato aguarda as definições da União Europeia para também tomar novas decisões.
“Nós podemos prever que os novos regramentos em relação ao fluxo do comercio acontecerão simultaneamente. Nós temos na UE faltando a última chancela do Conselho Europeu para depois entramos no processo de implementação dessas novas regras, que são de 18 a 24 meses. Podemos imaginar que nos Estados Unidos o processo será semelhante”, afirma.
Além disso, destacou ao Notícias Agrícolas que há sim diálogo com os compradores, que as dificuldades existem, mas que o Brasil também precisa estar atento às oportunidades. “O Brasil tem a chance de ser a primeira origem 100% rastreavel e ser o queridinho de todo grande varejo global, que hoje não nos trata com o devido respeito, devido reconhecimento de toda nossa sustentabilidade”, disse.
Coffee Dinner
Para debater essas e outras demandas e desafios do mercado de café, com o tema “Crescimento da produção: seus desafios e oportunidades em tempos de ESG”, acontece em maio a nona edição do Coffee Dinner & Summit, promovido pelo Cecafé, e tem por objetivo promover o debate e a reflexão a respeito dos desafios econômicos, climáticos, regulatórios, logísticos e, principalmente, sobre as iniciativas sustentáveis desenvolvidas pelo Brasil e demais nações cafeeiras, que respeitam os critérios da governança socioambiental. O Notícias Agrícolas é mídia oficial do evento, que será transmitido ao vivo no site no próximo dia 26 de maio.
Por: Virgínia Alves
Fonte: Notícias Agrícolas