Pluralidade marca perfil dos eleitos, com bancada jovem, nascidos de fora do Estado, tradição política e estreantes.
Cinquenta e dois anos separam a deputada estadual mais jovem da história do Parlamento mineiro para o decano da futura 20ª Legislatura da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), que, passadas as eleições do último domingo (2/10/22), será instalada no dia 1º de fevereiro de 2023, com a posse dos eleitos.
Tanto Chiara Biondini, eleita pelo Partido Progressistas (PP), de apenas 20 anos, quanto Doutor Maurício, eleito pelo Partido Novo, de 72 anos, ocuparão uma cadeira no Legislativo estadual pela primeira vez.
Essa é uma das muitas curiosidades da composição da 20ª Legislatura, marcada mais uma vez pela pluralidade, como é tradição na Assembleia de Minas em virtude desta ser um reflexo da sociedade, característica portanto benéfica ao pleno exercício da democracia.
Bancada jovem
Chiara Biondini completará 21 anos, idade mínima prevista tanto na Constituição Federal quanto Mineira para o exercício do mandato de deputado estadual, somente em 22 de fevereiro de 2023, após a posse dos novos deputados eleitos.
Além dela, a “bancada jovem” da 20ª Legislatura com parlamentares reeleitos ou estreantes de até 30 anos tem ainda Maria Clara Marra (DC), 23 anos; Bruno Engler (PL), 25; Lohanna (PV), 27; Zé Laviola (Novo), 28; e Doorgal Andrada (Patri), que vai completar 30 anos no próximo dia 21.
A juventude de Chiara quase lhe custou a inegibilidade, mas o caso já foi alvo de julgamento no Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais (TRE-MG) em setembro último, com decisão unânime transitada em julgado (sem direito a recurso) favorável à parlamentar eleita.
A decisão cita o Regimento Interno da ALMG que prevê que a posse dos deputados estaduais poderá ocorrer em até 30 dias depois da primeira reunião preparatória, que tem previsão para acontecer a partir do dia 1º de fevereiro de 2023, podendo esse prazo ser prorrogado uma vez, a requerimento do deputado ou da deputada.
Origem dos eleitos
Além da faixa etária, outra característica que garante a pluralidade da nova legislatura é a origem dos eleitos. Pela análise dos registros de candidaturas divulgados pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), dos 77 deputados estaduais da 20ª Legislatura, apenas 18 são nascidos em Belo Horizonte. É bom lembrar que alguns destes eleitos têm sua base eleitoral no interior do Estado, sendo que o contrário, claro, também acontece.
Mas ao menos pelo critério “naturalidade”, os cidadãos de todas as regiões mineiras estão bem representados devido à diversidade das origens dos eleitos. E Montes Claros, no Norte de Minas, é a cidade do interior mineiro campeã nesse quesito, com cinco parlamentares nascidos no município.
Na sequência desse “ranking” estão empatadas Juiz de Fora (Mata), Barbacena, São João del-Rei e Sete Lagoas (Central), e ainda Uberlândia (Triângulo) e Patos de Minas (Alto Paranaíba), com dois deputados eleitos cada uma e nascidos lá. Um total de 35 municípios tem ao menos um deputado eleito nascido em seus domínios.
São ainda sete deputados eleitos nascidos fora do Estado, mas que fazem sua carreira política por aqui. Nesse quesito temos na 20ª Legislatura candidatos eleitos nascidos em Curitiba (PR), Rio de Janeiro e Cabo Frio (RJ), Presidente Prudente (SP), Vila Velha (ES), Medeiros Neto (BA) e até da longínqua Currais Novos (RN), distante 2.157 quilômetros de Belo Horizonte, onde está situada a sede do Parlamento mineiro.
Miríade de profissões
Pelo cruzamento de dados das biografias divulgadas pelos candidatos em suas redes sociais e materiais de campanha com os perfis dos candidatos no portal do TSE, a profissão/ocupação de advogado (com 15 menções), empresário (11), professor (10), comunicador social e produtor rural (8 cada), administrador (7) e médico (5) são as mais citadas pelos eleitos.
Algumas dessas profissões, inclusive, constaram no nome com a qual concorreram no pleito para ajudar o eleitor a identificá-lo. Vale lembrar também que alguns deputados têm até mais de uma atividade profissional citada em seus currículos.
E a ligação com as forças de segurança pública merecem destaque, com dois eleitos ligados à Polícia Militar, dois delegados da Polícia Civil e um oriundo do Exército Brasileiro.
Mas há casos inusitados como um filósofo, dois cientistas políticos, dois músicos, três religiosos e até um piloto de helicóptero, formação que consta do perfil do deputado eleito Bim da Ambulância (Avante), que deixa a Câmara de Vereadores de BH para ocupar uma vaga na ALMG.
Mandatos consecutivos
Com oito mandatos consecutivos, contando o que ainda se iniciará em 2023, os deputados reeleitos Alencar da Silveira Júnior (PDT) e Gil Pereira (PSD) têm agora as carreiras políticas mais longevas no Parlamento mineiro. João Magalhães (MDB) poderia estar ao lado deles, mas soma cinco mandatos na Câmara Federal e apenas três na ALMG.
Com sete mandatos na ALMG, na sequência desse ranking estão Arlen Santiago (Avante) e Sargento Rodrigues (PL). Antonio Carlos Arantes (PL), Gustavo Valadares (PMN) e Leonídio Bouças (PSDB) acumulam seis mandatos e Duarte Bechir (PSD) tem cinco.
Tradição política
E tradições políticas familiares também vão continuar a partir do momento em que foram conhecidos os resultados das eleições. Dos 77 eleitos, 15 são “herdeiros políticos” de familiares que os inspiraram a concorrer no último pleito ou até fizeram as chamadas “dobradinhas” nas campanhas políticas, quando concorrem a cargos diferentes e vão juntos à caça dos votos.
E sete deles são estreantes no Parlamento mineiro: a “caçula” Chiara Biondini, Maria Clara Marra, Zé Laviola, Alê Portela (PL), Eduardo Azevedo (PSC), Lud Falcão (Pode) e Nayara Rocha (PP).
Os demais nessa condição que voltam ao Legislativo estadual são Betinho Pinto Coelho (PV), Doorgal Andrada (Patri), Elismar Prado (Pros), Gustavo Santana (PL), Leandro Genaro (PSD), Tadeuzinho (MDB), Tito Torres (PSD) e Zé Guilherme (PP).
No caso deste último, inclusive, o deputado reeleito Zé Guilherme poderia ser definido como um “herdeiro ao contrário”. Seu filho Marcelo Aro, deputado federal e candidato derrotado ao Senado por Minas Gerais, tem uma carreira política bem mais longeva do que o pai, que, em 2023, começará apenas o seu segundo mandato na ALMG.