Cooxupé, em Minas Gerais, é modelo de cooperativismo no mundo

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Cooperativa de café de Minas Gerais é uma das maiores empresas do Brasil.
Somente a produção de café arábica representa 14,48% da produção nacional e 20,64% da estadual

Carlos Paulino, presidente da Cooxupé

O Brasil é o maior produtor e exportador de café do mundo. No ano passado, o país produziu 51,369 milhões de sacas de 60kg, volume correspondente a 33,4% da safra mundial projetada pela Organização Internacional do Café (OIC). Com uma atividade que une associativismo, colaboração mútua, eficiência produtiva e promoção do bem-estar social, as cooperativas são fundamentais para o sucesso do café na pauta de exportação do agronegócio brasileiro e no mercado interno. Elas foram responsáveis por 48% da produção cafeeira do país, em 2016.
A Cooperativa Regional de Cafeicultores de Guaxupé (Cooxupé), sediada no município de Guaxupé, localizado no sul de Minas Gerais é a maior cooperativa de café do Brasil. A cooperativa já é também uma das maiores empresas do Brasil. A força da Cooxupé pode ser medida pelos seus 14 mil cooperados, número superior ao de muitas corporações. Mas a amplitude da cooperativa é tamanha que ela faz parte do conselho da Bovespa há mais de 15 anos, possui operações na BM&FBovespa e opera na Bolsa Inter Continental Exchange’s (ICE), em Nova Iorque, além de outros mercados internacionais de commodities.
A Cooxupé ficou na 152ª colocação no principal ranking da Exame, o das 1.000 maiores empresas na categoria “Vendas”. Nas demais categorias, a cooperativa também é destaque – figura em 35º lugar na categoria 400 Maiores – Agronegócio, e na segunda posição entre as 10 maiores no setor cafeeiro. O ranking Melhores&Maiores foi realizado com base em dados de 3.000 empresas, além dos maiores grupos privados do país, sendo considerados os resultados obtidos em crescimento das vendas, lucro, patrimônio, rentabilidade, capital circulante líquido, liquidez geral, endividamento e riqueza criada, além de outros itens que configuram excelência empresarial.
Café com lucro
A produção de café arábica da cooperativa representa 14,48% da produção nacional e 20,64% do estado de Minas Gerais, considerando os dados de 2016. No item exportação, a Cooxupé enviou cerca de 4 milhões de sacas, para 49 países, no ano passado. Os associados já se preparam para a próxima safra. Em setembro, durante uma semana, a cooperativa realizou a Campanha Café com Lucro, uma iniciativa que estimulou os produtores a comprarem insumos necessários para o custeio da lavoura ao longo do ano, pagando juros na faixa de 7,46% ao ano, além de outras vantagens.
“A realização de uma campanha desse tipo, em que os cooperados podem ter menores custos na produção, já que podem adquirir insumos e defensivos agrícolas, a preços mais competitivos, só é possível porque as cooperativas possibilitam compras coletivas, em grande escala, com melhor poder de barganha junto aos vendedores”, disse o presidente da Cooxupé, Carlos Alberto Paulino da Costa.
A campanha Café com Lucro é uma pequena parte no conjunto de realizações da cooperativa, na defesa dos interesses e aspirações comuns de seus cooperados. A diversidade de negócios abre o leque para uma infinidade de projetos, contemplando desde a armazenagem até a exploração comercial de sub-produtos, como acontece com o óleo de café. A cooperativa tem uma fábrica para a extração de óleo e torta de café verde, componentes que estão sendo utilizados em várias faces da indústria, como a cosmética e a nutricional.
Além da exportação do café verde, a Cooxupé mantém uma torrefação própria com produção mensal de mais de mil toneladas por mês, no Complexo Industrial Japy, em Guaxupé (MG), sede da cooperativa. O empreendimento oferece completa estrutura para receber o café a granel de todos os cooperados, identificar o produto e avaliar o padrão da bebida do café, atividade realizada no Laboratório de Controle de Qualidade.
Para cobrir toda a cadeia produtiva do café a cooperativa conta até com uma área de comercialização e um escritório de exportação na cidade de Santos, São Paulo, e com cinco novas unidades em cidades estratégicas de Minas Gerais e São Paulo. No ano passado, a cooperativa investiu R$ 40,6 milhões na construção de quatro armazéns, uma nova loja em Alpinópolis, São Paulo, e na construção de um Centro de Distribuição em Guaxupé, empreendimentos que vão contribuir ainda mais na estrutura e logística do café.
Sustentabilidade na cadeia
produtiva de café
A cadeia produtiva da Cooxupé é sustentável, de acordo com os estudos da AgBalanceTM, metodologia desenvolvida pela BASF e pela Fundação Espaço ECO (FEE ®). As melhorias realizadas pela cooperativa em sua indústria apresentaram uma economia de energia equivalente ao consumo anual de 34.500 domicílios.
Em termos de emissões evitadas de CO2, a redução foi equivalente a 1.850 caminhões de 14 toneladas indo e voltando de Guaxupé (MG) até ao Porto de Santos, em São Paulo. A sustentabilidade é trabalhada junto aos produtores, por meio da apresentação das boas práticas agrícolas no campo, levantamento de necessidades das lavouras e temas que podem trazer mais qualidade na produção e de vida às famílias dos cafeicultores.
A cooperativa se destaca também pelos projetos inovadores. Por meio do programa para capacitação docente, os professores passam um dia no Núcleo de Educação Ambiental (NEA), em Guaxupé, participando de dinâmicas para levar novas experiências para dentro da sala de aula. Na outra ponta, o projeto o NEA recebe alunos de escolas públicas da região, estimulando-os à conscientização ambiental, sustentabilidade e à conservação da natureza. O projeto já atendeu 21 mil alunos e capacitou 150 docentes de 20 municípios dos estados de Minas Gerais e São Paulo.
Com 85 anos de atividades no cooperativismo regional – a empresa começou a operar em 1932, como Cooperativa de Crédito Agrícola, sendo transformada em Cooperativa de Cafeicultores, em 1957, a Cooxupé é modelo para o mundo. Dados do Sistema Ocemg, que reúne as cooperativas de Minas Gerais, o Brasil concentra mais de 6 mil cooperativas, sendo que 11,6% estão no estado de Minas Gerais. O cooperativismo mineiro movimenta R$ 38,3 bilhões anualmente, representando uma participação anual de 7,3% no PIB mineiro e pela geração de 36 mil empregos no estado. “Esses números demonstram a pujança do cooperativismo e que certamente é uma alternativa eficiente para os negócios do produtor, seja em qual área ele atua. No nosso caso, o negócio é café”, resumiu o presidente da Cooxupé.
Sistema cooperativo
O Brasil tem 97 cooperativas de café registradas no sistema das Organizações das Cooperativas Brasileiras (OCB). Elas estão localizadas nos estados da Bahia, Espírito Santo, Goiás, Minas Gerais, Paraná, Rio de Janeiro, Rondônia e São Paulo. O cultivo dos cafezais ocorre em quase 200 mil estabelecimentos da agricultura familiar, distribuídos em 1.468 municípios diferentes de todo o País, de acordo com o Censo Agropecuário, realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (BGE), em 2006. A maioria dos produtores de café faz parte de associações e cooperativas.
As cooperativas acompanham as demandas do café brasileiro, tanto no mercado interno quanto nas exportações. De acordo com o Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), no ano passado, o café foi o quinto item da pauta de exportação do agro brasileiro, com as exportações gerando receita de US$ 5,472 bilhões e representando cerca de 7% do total. Os quatro primeiros lugares foram ocupados pelo complexo soja, carnes, complexo sucroalcooleiro e produtos florestais. Para este ano, o Cecafé projeta que as remessas deverão manter desempenho semelhante a 2016, situando-se entre 34 milhões e 35 milhões de sacas.
Para o presidente do Conselho Nacional do Café (CNC), deputado Silas Brasileiro, o sistema cooperativo e seus profissionais servem de estrutura para potencializar diversos cases de sucesso de produtores que alcançam melhor remuneração e se tornam fornecedores fiéis aos grandes compradores brasileiros e mundiais de cafés sustentáveis e com qualidade excepcional. “Isso é possível porque esses cafeicultores recebem orientação técnico-agrícola, ambiental, econômica e mercadológica das cooperativas e se qualificam nessas áreas, tornando-se empresários rurais e ampliando a preservação ambiental e o número de empregos na atividade”, explicou Silas Brasileiro.
O Conselho Nacional do Café (CNC) é composto pelas cooperativas de produtores de café do Brasil, servindo de estrutura para centralizar as demandas dessas instituições e defendê-las nas demais instâncias necessárias, como o Congresso Nacional, os Ministérios do Governo Federal, as entidades parceiras e os organismos internacionais.
Fonte: Correio Braziliense

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