Colunistas | Professor Adhemar | Tartufo: hipócrita ou parasita

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Tartufo é uma comédia de Jean-Baptiste Poquelin ou Molière (1622-1678). Pois bem, Tartufo entra na casa de seu hospedeiro, tenta dormir com a mãe, come à mesa com o pai e procura se casar com a filha para se apossar da fortuna. Quem é Tartufo? Não é um hipócrita, não, é um parasita. Totalmente… Ele quer tudo, mas não dá nada. O desequilíbrio da troca está presente. Como você sabe, existem parasitas que atacam o organismo dos seres humanos e parasitas que atacam o organismo dos animais. Pois bem, certos parasitas se colam nos tecidos do hospedeiro que querem explorar inventando, em seu próprio organismo, uma célula que se assemelha à célula do hospedeiro. A hipocrisia parece ser então uma conduta já praticada no mundo animal e vegetal.

O parasita toma tudo e não dá nada. O desequilíbrio entre o parasita e o hospedeiro é o desequilíbrio máximo da troca. Ora, de repente, pode haver equilíbrio: a simbiose significa uma troca equilibrada, em que cada parte dá tanto quanto recebe, Pois, ao longo das gerações, o parasita usou e abusou da hospitalidade daquele que o abrigou e, no fim das contas, não está melhor do que o hospedeiro que contribuiu para eliminar… Os dois sentem que vão morrer. Na simbiose, chegamos então a uma espécie de equilíbrio e de acordo, em que existe um consenso sobre a reciprocidade de favores. A partir dessa análise, podemos tirar muitas aplicações para os seres humanos. O macho é o parasita da fêmea, já que a faz carregar todo o peso e todo o custo da reprodução. Mas e o filho? É ainda mais parasita da mãe, na medida em que, durante nove meses, come e dorme no conforto do útero. E, depois do nascimento, continua sendo o parasita em virtude da amamentação e mais tarde em virtude da criação… Toda a educação humana consiste em reequilibrar a troca: o pequeno parasita deve aos poucos se tornar um simbionte. Deve, em certo momento, parar apenas de receber… e começa a dar…

O ensino é muito superior à economia porque em cada troca, obtemos o crescimento. Se você tem cinco reais, eu tenho um sanduíche. Você está com fome, então compra o meu sanduíche. Fazemos uma troca. Agora eu tenho o dinheiro, e você o sanduíche. É um equilíbrio perfeito, o que chamamos de “troca de soma zero”. Outro posicionamento: você conhece o teorema de Pitágoras; eu, não. Você me ensina. Acontece então algo completamente diferente… nós compartilharíamos… Não. No caso do sanduíche, vou entregar para você. No caso do conhecimento, você vai ficar com ele. Você inclusive vai melhorá-lo ao me explicar. Por isso, o conhecimento é uma troca extraordinária: ele cresce em cada troca- muito mais do que o dinheiro. É por isso que o ensino é muito superior à economia. O ensino é a pedra filosofal que transforma tudo em ouro, porque, em cada troca, em vez de atingirmos o equilíbrio, obtemos o crescimento.

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